Abro a janela do meu apartamento e encaro a praia. Quando saímos para procurar um novo lugar para eu morar, nunca pensei que encontraríamos um tão perto do bar. Não é do lado, mas são só cinco minutos andando daqui até o meu bar.
Já fazem quatro dias desde que o bar pegou fogo. Já fazem quatro dias que Flor está no hospital e que seus pais estão na cidade. Desde então, eles tem feito o possível para passar tempo comigo e me conhecer.
A mãe dela me ajudou a achar o apartamento e alugou o apê ao lado para a Flor. Seremos vizinhos novamente. O apartamento dela é do mesmo tamanho do meu e também tem vista para o mar.
Eles compraram coisas essenciais para a casa dela, como geladeira, fogão e essas coisas, mas deixou o resto com ela, para ela poder decorar como quisesse. Também deixamos suas coisas em caixas e eu não vejo a hora dela acordar e saber de tudo o que está acontecendo.
O meu bar já começou a reforma. O que significa que ele foi abaixo e agora é só um terreno vazio. É estranho. Meio ruim. Mas, acredito que tudo ficará bem quando ele for reerguido e melhorado.
O pai da Flor também tentou me conhencer. É claro que foi estranho, dava para ver o desconforto no rosto dele por estar diante do namorado da sua filha. Um namorado dono de bar, com tatuagens e cara de marginal. Juro que fiz de tudo para parecer amigável e inofensivo. Acho que vamos nos entender melhor com o tempo.
Agora era de manhã, umas nove da manhã. Eu não tinha muito o que fazer nos últimos dias. Sem o bar para me ocupar de trabalho e sem a Flor para me tirar do sério, eu continuo sendo o " Batman " que só vive em casa na escuridão.
Sinto tanta falta dela. Quero que ela melhore logo. Que fique bem. Que acorde e volte a ser a luz que era. Eu a visito todos os dias. Digo, eu visito o hospital, porque ainda não posso vê-la. A mãe dela me disse que, segundo o médico, poderemos vê-la amanhã. E eu nunca fiquei tão ansioso por um dia antes.
Suspirei encarando a praia. Era um fim de semana e estava sol. O que significava que já haviam muitos banhistas na praia.
Estava observando o movimento quando meu coração acelerou num ritmo nada comum. Uma raiva me consumiu e meus punhos se fecharam num ato automático. O problema é que eu não sabia se estava enxergando direito.
Saí do meu apartamento o mais rápido que pude. Desci as escadas, sem paciência para esperar o elevador e saí na portaria.
Os raios de sol atingiram meu rosto quando saí na calçada. Meu coração ainda estava pulsando descontroladamente, meu sangue parecia que ia ferver e o suor já aparecia em minha pele.
Meus olhos correram por toda área em frente ao meu apartamento. Haviam muitos banhistas, música tocando e som de ondas. A luz do sol me impedia de abrir totalmente os olhos e isso dificultava minha procura.
Eu não o achei. Depois de vários minutos andando por ali e olhando cada rosto, não o achei. Talvez tenha sido coisa da minha cabeça. Talvez eu tenha visto alguém parecido e minha raiva me cegou.
Torço por isso. Para a sorte de Henry Lincoln, torço para que seja impressão minha.
Se um dia ele voltar a pisar aqui...
Passei a mão em meu rosto e voltei para o meu apartamento. Fui direto para o banho para tentar me acalmar e esfriar o sangue.
Eu precisava rever meus conceitos e me controlar. Agora eu tinha um motivo para não fazer besteira.
Estava sentindo a água fria molhar meu cabelo quando ouvi o meu celular tocar. Abri o box do banheiro e me inclinei para pega-lo em cima da bancada da pia.
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Um raio de Sol em minha vida
RomansaEla é distraída, impulsiva, esquecida e ama dias de sol. Ele é dono de um bar, não tem amigos, não gosta de pessoas, mora perto da praia, mas nunca põe os pés lá. Florence, que prefere ser chamada de Flor, chega à Santa Bárbara só com uma mala e a...