07_ Sua mão está sangrando!

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Eram quase sete horas da noite quando saí do banho e apaguei a luz do banheiro. Pentear o meu cabelo molhado e pós hidratado, depois de passar umas horas na praia e pegar uma marquinha era tudo de bom.

Coloquei uma saia e uma blusinha fresca, que mostrava minha marca de biquíni e saí do quarto. O bar estava aberto, podia ouvir o barulho das panelas na cozinha e de conversas no salão. Dava para ouvir Ben reclamando de algo e até a voz de Till se ouvia as vezes. A única voz que não se escutava era a de Carson. Mas eu conseguia imaginar perfeitamente a cara de poucos amigos que ele devia estar.

Com o celular em mãos e o mesmo livro roubado, puxei a única cadeira que tinha dentro da casa, e a coloquei na varanda. A brisa que vinha do mar estava muito, muito boa.

Fiquei um tempo esperando meu cabelo secar, sentindo a brisa e o cheiro salgado e olhando para a lage do bar. O bar não tinha telhas, era só a lage em cima dele. E ver aquela lage pura, sabendo que algo incrível poderia ser feito ali me dava agonia.

ㅡ Se o Carson não fosse tão mente fechada. ㅡ Murmurei comigo mesma.

ㅡ Se eu o que? ㅡ Carson, como uma assombração, apareceu na varanda após subir a escada.

ㅡ Deus de misericórdia! ㅡ Toquei o meu peito. ㅡ Quer me matar do coração? Que susto!

ㅡ Estava falando o que de mim? ㅡ Ele foi até sua porta e destrancou.

ㅡ Mal, com certeza. ㅡ Cruzei os braços. Carson não disse mais nada, só abriu a porta de sua casa e entrou, acendendo a luz.

ㅡ Você fala muito sozinha? ㅡ Perguntou lá de dentro.

ㅡ O tempo todo. Adoro minha companhia e conversar comigo mesma. Você não? ㅡ Permaneci sentada na cadeira.

ㅡ Não.

ㅡ Hm... ㅡ Dei com os ombros. ㅡ Você mal conversa com os outros, imagina sozinho. ㅡ Ele não disse nada, porém um barulho de coisas caindo dentro de sua casa me fez levantar da cadeira. ㅡ Carson? Ta tudo bem? ㅡ Parei da porta de sua casa. Sua casa era bem maior que a que eu estava. De cara vi uma sala de estar, com um sofá, uma televisão, cortinas nas janelas, uma mesa de centro e algumas fotos nas paredes. Não era como o calabouço ou a caverna que eu esperava que ele morava.

ㅡ To bem. ㅡ Sua voz veio do fundo da casa, num tom de que não estava muito bem.

ㅡ Tem certeza? Precisa de ajuda? ㅡ Segurei no batente da porta.

ㅡ Não precis... ㅡ Ouvi mais um barulho, que interrompeu sua fala.

ㅡ Ok, to entrando. ㅡ Passei pela sala, por um corredor que dava na cozinha e parei quando vi a porta do banheiro aberta. Ouvi o barulho de algum objeto caindo e coloquei a cabeça para dentro do cômodo. Carson estava tentando segurar um armário pequeno que ficava pendurado na parede, tinha uns produtos de limpeza ali, mas quanto mais ele se mexia, mais produtos caíam. Porém, se ele não se mexesse, o armário poderia cair e quebrar o espelho embutido. ㅡ Não precisa mesmo de ajuda? ㅡ Sorri parada na porta. Carson me encarou com aquela expressão de puro amor e amizade dele. ㅡ Bem, se não precisa de ajuda, eu vou embora... ㅡ Ameacei passar pela porta.

ㅡ Ta, eu preciso de ajuda. ㅡ Sorri novamente quando o ouvi admitir e voltei para ajuda-lo.

ㅡ Não morreu, viu? ㅡ Me aproximei dele e comecei a tirar os produtos de dentro do armarinho, para ele poder coloca-lo de volta no lugar.

ㅡ Essa merda... ㅡ Resmungou segurando o armário. ㅡ Se tivesse caído, teria quebrado o espelho todo.

ㅡ Pelo menos ta tendo promoção de espelho na loja. ㅡ Ele me encarou e eu sorri. ㅡ Que foi? To vendo as coisa pelo lado bom. Ou prefere que eu resmungue igual você? ㅡ Parei de sorrir e franzi as sobrancelhas, fingindo uma expressão de brava. ㅡ Ah, essa droga de armário, e esses desinfetantes fedorentos, ah... ㅡ Forcei uma voz grossa. ㅡ Esse bar com clientes horríveis, ah, esse balcão que vive limpo, mas tenho mania de passar pano nele mesmo assim.

Um raio de Sol em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora