O centro de Santa Barbara já não parecia mais tão cruel. Quando não se tem que andar de um lado para o outro desesperada para arrumar um emprego, a cidade até parece legal.
Era um dia de sol. Segunda-feira. Eu estava com a lista das coisas que precisava comprar na mão enquanto via pessoas passando de um lado para o outro de biquínis, sungas e saídas de praia. Devido o verão, devem ter muitas pessoas de férias aqui.
Entrei na primeira loja. Peguei coisas de cozinha, como pratos, talheres, copos e duas míseras panelas, porque panela é uma coisa muito cara. Saí da loja e já risquei tais coisas da lista. Entrei em outra loja e comprei produtos de limpeza, como vassoura, para não ter que ficar pegando a do Carson sempre, sabão em pó, detergente e outras coisas, incluindo um baita desinfetante cheiroso.
Depois de umas horas rodando na rua, joguei a lista na bolsa e rumei de volta ao bar. Eu estava carregando tanta coisa que achei impossível ter esquecido de algo.
Ben estava se abanando na porta do bar quando cheguei.
ㅡ Assaltou o centro da cidade? ㅡ Ben perguntou abrindo um portão que tinha ao lado do bar, na qual eu também não tinha notado. O portão dava direto para o corredor que ia até minha nova casa.
ㅡ To com a impressão de que esqueci algo. ㅡ Resmunguei passando pelo portão com as coisas.
ㅡ Sobe, faz o que precisa e depois vem me contar como convenceu o Carson a te deixar ficar lá em cima. ㅡ Concordei com a cabeça e segui pelo corredor. Ben parecia chocado a cada vez que Carson fazia algo por mim, como me contratar, por exemplo.
Subi as escadas, passei pela varanda e abri a porta. Deixei todas as coisas no chão mesmo e toquei minha cabeça, tentando pensar no que eu tinha esquecido. Foi quando percebi que meu cabelo estava solto. Solto, pois soltei para prende-lo de novo, mas deixei minha Xuxinha em algum lugar e...
ㅡ Ai, que droga! ㅡ Resmunguei comigo mesma. Eu não podia tirar nada do corpo quando saía, porque eu sempre esquecia. Já tive que ir no achados e perdidos da faculdade trilhões de vezes porque sempre esquecia algo em sala de aula.
Observei a casa e parei meus olhos na cama. Era isso. Esqueci o raio da roupa de cama. O colchão presente na cama estava coberto com um lençol branco de elástico, assim como o travesseiro, que tinha uma fronha branca. Era para eu ter comprado uma roupa de cama bonitinha.
Resmunguei comigo mesma durante minutos inteiros enquanto guardava todas as coisas que comprei.
Varri a casa novamente, passei o desinfetante maravilhoso e fiz o almoço com o que tinha conseguido comprar. Depois de estar tudo em ordem e meu corpo estar alimentando, desci para o bar carregando a caixa de papelão que tinha trazido do centro.
ㅡ Aí o desgraçado ainda me olhou na cara e disse que o prato dele estava frio. O filho da mãe ficou me apressando, dizendo que precisava comer logo e bla bla bla, Till fez o prato dele correndo, pro idiota ficar conversando uma vida na mesa e deixar a comida esfriar. Ah, quase enfiei a cara dele naquele prato. ㅡ Ben estava resmungando quando apareci na cozinha. Till estava fazendo algo na forno e Carson olhava algo no freezer.
ㅡ É por isso que não sirvo para atender clientes. ㅡ Carson fechou a porta do freezer e seus olhos pararam em mim, logo depois na caixa que eu segurava.
ㅡ E aí, Flor do dia, presente pra mim? ㅡ Ben sorriu.
ㅡ Talvez você goste também. ㅡ Abri um pouco da caixa, mostrando um pedaço do que tinha dentro.
ㅡ Pra que isso? ㅡ Carson questionou.
ㅡ Ele ta brincando, né? ㅡ Olhei para Ben.
ㅡ Não liga pra ele, ele não manda em nada aqui. ㅡ Ben disse vindo até mim e pegando a caixa, levando para o banheiro.
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Um raio de Sol em minha vida
RomanceEla é distraída, impulsiva, esquecida e ama dias de sol. Ele é dono de um bar, não tem amigos, não gosta de pessoas, mora perto da praia, mas nunca põe os pés lá. Florence, que prefere ser chamada de Flor, chega à Santa Bárbara só com uma mala e a...