Eram quase duas da tarde. Já faziam uma semana que eu estava morando em Santa Bárbara e trabalhando no bar. Uma semana e alguns dias. Hoje era terça e eu estava morrendo de tédio, deitada no chão de casa, com as pernas para cima da cama.
Pensei em arrumar outro trabalho meio espediente, para trabalhar durante o dia, mas me conheço o suficiente para saber que isso me esgotaria e eu viraria uma zumbi. Sem contar que o salário que Carson me paga, mais as gorjetas, são muito bons. O suficiente para eu me manter viva e me dar ao luxo de as vezes comprar algo que não necessariamente preciso.
Como na sexta passada, que fui ao centro para comprar frutas e voltei com um vaso de planta, que coloquei na varanda, ao lado da minha porta.
ㅡ Ai, o que eu faço? ㅡ Perguntei para mim mesma. Eu não tinha nem ideia, nem hobbies eu tinha. Passei tanto tempo da minha vida escondendo as coisas da qual eu realmente gostava que agora nem sei do que gosto.
Me levantei do chão e resolvi procurar o livro roubado da biblioteca da faculdade. Ao menos lê-lo, faria passar um pouco do tempo.
Contudo, cacei a casa inteira e não encontrei.
ㅡ Ué, gente... ㅡ Cocei a cabeça. Estava olhando de um lado para o outro quando ouvi um barulho na minha janela. Olhei na direção e vi um gato de pelos pretos e patas brancas. Ele miou quando olhei para ele e eu me aproximei. ㅡ Oi... ㅡ O gato, que percebi ser fêmea, aceitou o carinho que lhe dei. ㅡ Você é muito linda... ㅡ Sorri para ela.
ㅡ Ravena! Ravena! ㅡ Ouvi alguém gritar. Peguei a gata no colo e saí na varanda. Percebi que os gritos vinham da casa ao lado, então fui para o final da varanda e olhei para baixo. Uma garota estava no jardim da casa ao lado, parecendo procurar pela gata.
ㅡ Oi! ㅡ Chamei por ela. Quando a garota olhou para cima, suas mãos se posicionaram em sua cintura e ela fez uma careta para a gata.
ㅡ O que você está fazendo aí em cima? ㅡ Ela brigou diretamente com a gata, que não parecia se importar. ㅡ Me desculpa, ela não costuma invadir a casa dos outros sempre. ㅡ A garota sorriu nervosa. Ela devia ter a minha idade, ou até mais velha. Seus cabelos eram loiros e ondulados, como de uma sereia. Ela também tinha uma marca de biquíni aparente e usava pulseiras e cordões de conchas.
ㅡ Eu vou levar ela lá na frente. ㅡ A garota assentiu e eu saí da varanda. Desci as escadas, passei pelo corredor ao lado do bar e saí na calçada. Fui até a casa ao lado em tempo da garota abrir o portão e aparecer.
ㅡ Obrigada. ㅡ Pegou a gata de volta. ㅡ Me desculpa por isso, ela está zangada comigo porque comprei uma ração diferente da que ela gosta.
ㅡ Tudo bem, eu não me importo. Gosto de gatos. ㅡ Sorri. ㅡ Eu sou a Florence, mas prefiro que me chamem de Flor.
ㅡ Sasha. ㅡ Ela sorriu. ㅡ Você é nova por aqui? Ou só está passando o verão?
ㅡ Me mudei pra cá tem uma semana. Trabalho nesse bar a noite. ㅡ Indiquei o bar.
ㅡ Trabalha com o Carson? O cara mais rabugento da cidade? ㅡ Sasha arqueou uma sobrancelha.
ㅡ Esse mesmo. ㅡ Assenti.
ㅡ Uau... Você deve ser muito guerreira. Nunca vi uma pessoa que ele fosse gentil ou educado, só com a Ravena. ㅡ Ela indicou a gata em seu colo. ㅡ Sempre que a vê, ele faz carinho nela. ㅡ Sasha olhou para dentro de sua casa e logo depois para mim. ㅡ Preciso ir agora, se não vou me atrasar pra aula. Foi um prazer te conhecer, Flor.
Me despedi dela e voltei a me sentir entediada. Talvez eu devesse adotar um gato.
[...]
ㅡ AAHHHH!! ㅡ Ben gritou feito um maluco quando entrou na dispensa.
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Um raio de Sol em minha vida
RomansaEla é distraída, impulsiva, esquecida e ama dias de sol. Ele é dono de um bar, não tem amigos, não gosta de pessoas, mora perto da praia, mas nunca põe os pés lá. Florence, que prefere ser chamada de Flor, chega à Santa Bárbara só com uma mala e a...