ㅡ O horizonte me pede pra ir tão loooonge! ㅡ Estávamos quase chegando a casa de sua família. Nas últimas horas nós andamos por Toscana ( colocamos óculos e chapéus para caso encontrássemos meus pais, o que não ia adiantar muita coisa, até porque eu não viro outra pessoa de chapéu e óculos ), nós tomamos café, gelato, almoçamos, compramos uma vela aromática para sua mãe e decidimos voltar, afinal, o enterro seria em breve, no fim da tarde. Eu não queria que Carson se entristecesse, então comecei a irrita-lo.
ㅡ Flor, pelo amor de Deus... ㅡ Ele resmungou.
ㅡ Ainda dá tempo de procurar os meus pais e me mandar embora. ㅡ Sugeri dando de ombros.
ㅡ To pensando seriamente nisso. ㅡ Ri dele e percebi que já estávamos entrando na residência. Diferente de quando saímos, haviam vários carros caros e bonitos parados em frente a casa.
ㅡ Onde vai ser?
ㅡ Ao lado da capela, perto da plantação de lavanda. ㅡ Carson desligou o carro.
ㅡ Aqui tem uma capela?
ㅡ Tem. ㅡ Ele saiu e fechou a porta, segundos depois estava do meu lado abrindo a porta pra mim.
ㅡ E um cemitério?
ㅡ Não é bem um cemitério, é uma área cercada ao lado da capela, ali só estão enterrados o pai e mãe do meu avô. Ele queria ser enterrado junto. ㅡ Carson fechou a porta do carro, mas não saiu dali, apenas se escorou na carro e olhou para a casa. As portas estavam abertas, dava para ouvir um falatório e as vezes alguém passava pela porta.
ㅡ Você está bem?
ㅡ To me preparando mentalmente pra entrar lá dentro. Não gosto de estar em meio a muitas pessoas. Ainda mais quando se trata de algo assim, em que alguém sempre vai vir falar comigo e me dar os pêsames. ㅡ Colocou as mãos nos bolsos da frente da calça. ㅡ Detesto multidões.
ㅡ Por isso ficou com aquela cara de tacho no desfile? ㅡ Ele me encarou e eu mordi o lábio. ㅡ Desculpa. ㅡ Carson sorriu ladino, me puxou e me deu beijo na cabeça.
ㅡ Tudo bem, eu só sou acostumado a estar sozinho. Gosto de estar sozinho. Muitas pessoas juntas perto de mim me faz querer ir embora logo. ㅡ Ele respirou fundo, ainda com o braço por cima dos meus ombros. ㅡ E já estou com saudade de casa.
ㅡ Você é um exemplo perfeito de pessoa anti-social e caseira. ㅡ Sorri para ele como se fosse atração de um circo. ㅡ Tira uma foto comigo? ㅡ Carson riu e eu me senti bem por estar o fazendo rir. Ele me puxou novamente, mais para sua frente. Ali ele me abraçou, com o corpo recostado sobre o carro.
ㅡ Você é a coisa mais sociável que conheço. Nunca para em casa. ㅡ Ele passou a mão no meu cabelo. ㅡ Não temos nada a ver.
ㅡ Esse é o interessante da coisa. Imagina que chato seria se gostássemos das mesmas coisas? Nenhum de nós teria nada de novo para acrescentar na vida do outro. ㅡ Ele me observou naquele momento. Ainda havia vestígios de um sorriso em seus lábios e isso mexia tanto comigo. Se ele soubesse o poder que tinha sobre mim só num sorriso.
ㅡ Acho que temos que entrar. ㅡ Ele disse com certo desânimo na voz.
ㅡ Vai acabar mais rápido do que você acha.
ㅡ Espero que sim.
Ele pegou na minha mão e nós entramos na casa. Assim como Francesco havia exigido, não havia um convidado vestido de preto, todos estavam vestidos de roupas coloridas e alguns de branco. O falatório estava alto e assim que entramos, grande maioria nos encarou como se estivessemos fantasiados ou coisa parecida.
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Um raio de Sol em minha vida
RomanceEla é distraída, impulsiva, esquecida e ama dias de sol. Ele é dono de um bar, não tem amigos, não gosta de pessoas, mora perto da praia, mas nunca põe os pés lá. Florence, que prefere ser chamada de Flor, chega à Santa Bárbara só com uma mala e a...