28_ O funeral

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O horizonte me pede pra ir tão loooonge! ㅡ Estávamos quase chegando a casa de sua família. Nas últimas horas nós andamos por Toscana ( colocamos óculos e chapéus para caso encontrássemos meus pais, o que não ia adiantar muita coisa, até porque eu não viro outra pessoa de chapéu e óculos ), nós tomamos café, gelato, almoçamos, compramos uma vela aromática para sua mãe e decidimos voltar, afinal, o enterro seria em breve, no fim da tarde. Eu não queria que Carson se entristecesse, então comecei a irrita-lo.

ㅡ Flor, pelo amor de Deus... ㅡ Ele resmungou.

ㅡ Ainda dá tempo de procurar os meus pais e me mandar embora. ㅡ Sugeri dando de ombros.

ㅡ To pensando seriamente nisso. ㅡ Ri dele e percebi que já estávamos entrando na residência. Diferente de quando saímos, haviam vários carros caros e bonitos parados em frente a casa.

ㅡ Onde vai ser?

ㅡ Ao lado da capela, perto da plantação de lavanda. ㅡ Carson desligou o carro.

ㅡ Aqui tem uma capela?

ㅡ Tem. ㅡ Ele saiu e fechou a porta, segundos depois estava do meu lado abrindo a porta pra mim.

ㅡ E um cemitério?

ㅡ Não é bem um cemitério, é uma área cercada ao lado da capela, ali só estão enterrados o pai e mãe do meu avô. Ele queria ser enterrado junto. ㅡ Carson fechou a porta do carro, mas não saiu dali, apenas se escorou na carro e olhou para a casa. As portas estavam abertas, dava para ouvir um falatório e as vezes alguém passava pela porta.

ㅡ Você está bem?

ㅡ To me preparando mentalmente pra entrar lá dentro. Não gosto de estar em meio a muitas pessoas. Ainda mais quando se trata de algo assim, em que alguém sempre vai vir falar comigo e me dar os pêsames. ㅡ Colocou as mãos nos bolsos da frente da calça. ㅡ Detesto multidões.

ㅡ Por isso ficou com aquela cara de tacho no desfile? ㅡ Ele me encarou e eu mordi o lábio. ㅡ Desculpa. ㅡ Carson sorriu ladino, me puxou e me deu beijo na cabeça.

ㅡ Tudo bem, eu só sou acostumado a estar sozinho. Gosto de estar sozinho. Muitas pessoas juntas perto de mim me faz querer ir embora logo. ㅡ Ele respirou fundo, ainda com o braço por cima dos meus ombros. ㅡ E já estou com saudade de casa.

ㅡ Você é um exemplo perfeito de pessoa anti-social e caseira. ㅡ Sorri para ele como se fosse atração de um circo. ㅡ Tira uma foto comigo? ㅡ Carson riu e eu me senti bem por estar o fazendo rir. Ele me puxou novamente, mais para sua frente. Ali ele me abraçou, com o corpo recostado sobre o carro.

ㅡ Você é a coisa mais sociável que conheço. Nunca para em casa. ㅡ Ele passou a mão no meu cabelo. ㅡ Não temos nada a ver.

ㅡ Esse é o interessante da coisa. Imagina que chato seria se gostássemos das mesmas coisas? Nenhum de nós teria nada de novo para acrescentar na vida do outro. ㅡ Ele me observou naquele momento. Ainda havia vestígios de um sorriso em seus lábios e isso mexia tanto comigo. Se ele soubesse o poder que tinha sobre mim só num sorriso.

ㅡ Acho que temos que entrar. ㅡ Ele disse com certo desânimo na voz.

ㅡ Vai acabar mais rápido do que você acha.

ㅡ Espero que sim.

Ele pegou na minha mão e nós entramos na casa. Assim como Francesco havia exigido, não havia um convidado vestido de preto, todos estavam vestidos de roupas coloridas e alguns de branco. O falatório estava alto e assim que entramos, grande maioria nos encarou como se estivessemos fantasiados ou coisa parecida.

Um raio de Sol em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora