27_ São meus pais!

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Estava passando pelo corredor com a raiva a flor da pele quando esbarrei com Carson. Não foi bem um esbarro, ele me viu quando estava entrando e naturalmente parou e segurou os meus ombros, para me olhar nos olhos. Contudo, como eu estava distraída, não parei a tempo e dei de cara com seu peito.

ㅡ Desculpa... ㅡ Passei a mão na cabeça, puxando meus cabelos pra trás.

ㅡ Ei, o que foi? ㅡ Novamente ele segurou os meus ombros e se abaixou um pouco para ficar a minha altura, assim olhando nos meus olhos.

ㅡ Nada, eu... ㅡ Tentei respirar fundo.

ㅡ Vem cá. ㅡ Carson pegou na minha mão e subiu comigo pela escada. Ele me levou até o quarto e eu me sentei na cama. ㅡ Me fala, o que aconteceu. ㅡ Se sentou ao meu lado e me olhou preocupado.

ㅡ Desculpa, Carson. Eu não sou do tipo que surto de raiva, raramente alguma coisa me estressa tanto, mas... não suporto que mexam com pessoas importantes pra mim. ㅡ Ele me encarou confuso. ㅡ Aquela garota, a Greta. Ela surgiu do nada com más intenções em pleno dia do funeral do seu avô! Se fosse numa outra ocasião eu até relevaria, você é bonito, se conhecem a bastante tempo e ela literalmente já tinha a benção da sua mãe, é compreensível. Claro que dar em cima de alguém depois que se descobre que esse alguém está namorando não é compreensível, mas o fato dela ter feito isso num momento desses me deixa com raiva. Ela nem se quer pensou no fato de que talvez ela te traga lembranças da sua irmã ? ㅡ Percebi que tinha falado demais e apertei os olhos. ㅡ Desculpa.

ㅡ Flor? ㅡ Senti a palma de sua mão tocar o meu rosto e abri os olhos. ㅡ Não tem que pedir desculpas por se importar comigo. ㅡ Seu olhar carinhoso me fez sorrir de maneira fraca. Ainda estava estressada para sorrir de verdade. ㅡ E eu nunca pensei que veria você irritada.

ㅡ Não tem como eu não ficar. ㅡ Carson segurou meu rosto com suas mãos e se aproximou, me dando um beijo delicado.

ㅡ Obrigado. Gosto de saber que se preocupa comigo. ㅡ Disse ainda segurando o meu rosto. ㅡ Mas, não precisa ficar estressada desse jeito, Greta não me afeta em nada. Tudo bem? ㅡ Assenti. ㅡ Agora vamos.

ㅡ Aonde? ㅡ O observei se levantar e pegar a carteira.

ㅡ Dar uma volta pela cidade, tomar café fora e te desestressar. ㅡ Ele veio até mim e puxou minha mão para me levantar.

ㅡ Sua mãe não vai ficar chateada? Ela fez o café da manhã. ㅡ Peguei a minha bolsa e coloquei no meu ombro.

ㅡ Foi ideia dela. ㅡ Ele pegou na minha mão novamente. ㅡ Disse que gosta da Greta, mas que ninguém mexe com a nora nela.

Sorri de verdade dessa vez. Carson me levou para fora da casa, pegou o carro de Dante e partimos para o centro de Toscana. Estacionamos logo na entrada do centro, para caminharmos livremente.

O lugar era lindo. Padarias, lojas comerciais só de queijos, vinhos, azeites e pães. Os prédios que cercavam as ruas eram todos de pedras e tudo parecia medieval.

ㅡ Ta com fome? ㅡ Ele apontou para uma padaria/lanchonete. Algumas mesas e cadeiras ficavam ao lado de fora. Tinham flores de adorno e todas as pessoas sentadas lá pareciam extremamente chiques e ricas.

ㅡ Sempre. ㅡ Ele riu. Ainda estava segurando a minha mão e isso me fez sorrir.

Nós dois nos sentamos na mesa. Eu estava com um sorriso bobo no rosto por estar simplesmente na Itália tomando café da manhã num lugar chique com o Carson, porém, meu sorriso se desfez e minha expressão alegre deu lugar a uma de espanto.

ㅡ Ai, meu Deus! ㅡ Peguei o cardápio sobre a mesa e tapei o meu rosto.

ㅡ O que foi? ㅡ Carson olhou em volta enquanto eu tentava ridiculamente me esconder atrás de um pedaço de papel dobrável.

ㅡ Meu Deus, meu Deus, meu Deus... ㅡ Apertei os olhos sem acreditar que aquilo estava acontecendo. ㅡ Por que??

ㅡ Flor, o que foi? ㅡ Carson tocou o meu ombro e me olhou preocupado.

ㅡ Ta vendo um casal com cara de ricos olhando a vitrine da loja ali na frente? ㅡ Disse olhando para ele, ainda com o cardápio na frente do rosto. ㅡ A mulher cheia de bolsas de compras e o homem, provavelmente, falando ao telefone?

ㅡ To vendo, o que tem?

ㅡ São meus pais! ㅡ Sussurrei igual a minha cara.

ㅡ Seus pais? ㅡ Ele olhou na direção. ㅡ Por que ta se escondendo?

ㅡ Porque eles não sabem que eu estou aqui. ㅡ Comecei a escorregar pela cadeira. ㅡ Se me virem, vão querer me levar com eles.

ㅡ Espera, deixa eu ver se eu entendi... ㅡ Carson se ajeitou na cadeira. ㅡ Você está desaparecida para seus pais, eles são muito ricos e o FBI não está atrás de você?

ㅡ Eu não estou desaparecida para eles. ㅡ Comecei a explicar. ㅡ Minha irmã me liga todo dia e atualiza eles dizendo que estou bem, fiz ela prometer que não contaria onde estou e acho que eles estão me dando um tempo para consertar minha vida ou sei lá. Só sei que eles estão respeitando isso, mas se me virem não vão mais. Vão me encher de perguntas, de broncas e no fim vão me convencer a voltar com eles.

ㅡ Você não pode voltar com eles. ㅡ O medo se instalou no rosto de Carson.

ㅡ Eu não quero voltar, mas não sei dizer não pra eles. Eles são persuasivos ou eu sou muito bundona quando se trata deles. Simplesmente não consigo desobedecer uma ordem direta. ㅡ Espiei pelo canto do cardápio e vi que eles ainda estavam ali.

ㅡ Você é adulta, Flor. Não precisa fazer tudo o que eles mandam.

ㅡ Diz isso pro meu cérebro. ㅡ Voltei a me esconder. ㅡ Eu fiz um ano de um curso que eu nem gostava porque eles mandaram, Carson.

ㅡ Não vou deixar levarem você, vem. ㅡ Carson pegou minha mão novamente e nós nos levantamos. Olhei na direção da loja e percebi que minha mãe havia entrado lá dentro. Meu pai ainda estava na porta, mas estava de costas. Falando no celular, como sempre. Certamente trabalho.

Nós dois passamos devagar atrás dele, parecíamos dois fugitivos passando na ponta dos pés atrás da pessoa.

Infelizmente um cara pilotando uma vespa passou por nós buzinando, o que fez Carson me puxar para o canto e esbarrar no meu pai.

Meu pai virou-se confuso e irritado por terem esbarrado nele, estava a segundos de me ver,  mas Carson foi rápido e me escondeu atrás dele.

Perdono. ㅡ Carson disse rapidamente e me empurrou para que eu seguisse.

ㅡ Flor? ㅡ A voz do meu pai soou pouco antes de virarmos a esquina.

ㅡ Ele me viu? ㅡ Resmunguei enquanto corríamos.

ㅡ Relaxa. ㅡ Carson riu. Estávamos igual dois idiotas correndo pelas ruas da Itália, atraindo olhares de algumas pessoas e rindo de nós mesmos. ㅡ Entra aí. ㅡ Ele indicou uma cabine daquelas de tirar foto e nós entramos.

Nos sentamos dentro da cabine e fechamos a cortina preta. Olhei pela brecha espiando a rua e vi meu pai aparecer na esquina, olhando de um lado para o outro.

ㅡ O que foi? ㅡ Minha mãe apareceu ao lado dele.

ㅡ Pensei ter visto a Flor.

ㅡ Flor? Não seja bobo, a Flor está nos Estados Unidos. Vamos, não precisa arrumar essas desculpas, eu já estou acabando. ㅡ Minha mãe voltou na mesma direção. Meu pai olhou de um lado para o outro de novo, mas se confirmou e seguiu minha mãe.

ㅡ Ufa... ㅡ Relaxei no banco. Olhei na direção de Carson e o peguei olhando para mim com um sorriso. ㅡ O que foi?

ㅡ Você me faz viver muita coisa que eu jamais viveria. ㅡ Ele riu de si mesmo, se recostando na parede da cabine.

ㅡ Por que acha que entrei na sua vida? ㅡ Sorri pra ele.

ㅡ Pra ser meu raio de sol. ㅡ Ele apertou minhas bochechas. ㅡ Um Raio de Sol em minha vida. ㅡ Disse pouco antes de se aproximar e me beijar.

•••
Continua...

Capítulo no domingo só pelo Natal...
Merry christmas💖🎄

Um raio de Sol em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora