35_ Oi, mãe

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Brian e eu nos conhecemos na escola. Ele era bem popular e admito que eu também era bem conhecida. Sempre fui muito extrovertida e comunicativa, isso ajudava.

Lembro que nos conhecemos no meu primeiro dia de aula, depois que sofri bullying na antiga escola e minha mãe fez a família se mudar para São Francisco para que eu frequentasse uma escola melhor. Fui apresentada na frente da classe e recebi boas vindas.

Estava almoçando sozinha no intervalo quando ele veio com seus amigos e se sentou na mesma mesa que eu. Desde aquele dia, viramos melhores amigos. A gente fazia tudo junto, trabalhos escolares, aulas extras, ia a jogos, almoços de domingo com a família e saíamos as vezes para o boliche ou cinema.

Quando fomos para o Ensino médio, ele me pediu em namoro. Eu já gostava dele em segredo tinha uns meses, mas nunca tive coragem de falar. Aquela coisa de medo de estragar a amizade perfeita, sabe?

Quando ele disse que também gostava de mim e quis ser meu namorado, foi um dos dias mais felizes da minha adolescência. A partir dali viramos o casal que eu sempre sonhei. Eu via filmes e lia livros românticos, admito que não tantos livros, porque leio um e fico com ressaca literária por uns seis meses, mas lia as vezes.

Então eu meio que tinha um padrão de relacionamento na cabeça e Brian conseguiu alcançar todos. Ele se preocupava comigo, me dava flores, tinha um ciúmes saudável e era atento a detalhes. Por muito tempo vivi o relacionamento que sempre quis.

Até que nos formamos.

Ele foi pra Columbia e eu pra Universidade de São Francisco. Universidades diferentes, círculo de pessoas diferentes. Eu fiz amigos na faculdade, é claro. Mas, ele fez uma nova melhor amiga.

Terminamos amigavelmente depois que expliquei que não queria ser a segunda na vida dele. Por mais que ele não fosse me trair, ainda assim ela quem estaria ali quando ele precisasse. Eu não queria passar por isso.

Sempre achei que o dia que eu o visse de novo, meu coração iria palpitar. Afinal, não houve uma grande coisa que causou o nosso rompimento. Eu não o odiava. Ele foi, por muito tempo, o melhor namorado que alguém poderia ter e meus pensamentos ainda eram bons sobre ele. Afinal, ele não só era um bom namorado, como era boa pessoa também.

Nunca o vi ser grosso ou desrespeitoso com ninguém. Quem o conhece só tem coisas boas a falar. Eu até quis procurar um motivo para odia-lo depois que terminamos, mas o único defeito dele foi não pensar que uma nova melhor amiga poderia me afetar negativamente.

Todos tem que ter ao menos um defeito, né.

Eu imaginava que um dia nos reencontrariamos e o meu medo era que meus sentimentos por ele voltassem a tona. Eu demorei um pouco a supera-lo e tudo que eu não precisava era reacender isso dentro de mim.

Só que agora... Parada olhando para ele, bem na minha frente, eu não sinto nada. Digo, ele me trás muitas lembranças, isso é lógico, eu não perdi a memória. Mas, meu lado sentimental não parece nem um pouco afetado.

Eu não sinto mais nada por ele e tive muita certeza naquele momento.

Na verdade, senti foi saudade do Carson.

ㅡ Como você está? Não esperava te encontrar por aqui. ㅡ Ele sorriu. O sorriso era familiar demais pra mim. Estar com Brian era o mesmo que sentir o cheiro de um perfume que você usava há muitos anos. Ele trazia muitas lembranças. Não só lembranças de nós dois, mas da minha adolescência inteira.

De repente me senti feliz por encontrado com ele.

Eu gostava de sentir nostalgia. Me faz sentir grata pela vida que tive.

Um raio de Sol em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora