Eu já tinha tomado banho, já tinha colocado a minha camisola, já tinha jantado e estava pronta para deitar na cama. Deixei a televisão do meu quarto ligada em Os Simpsons e puxei o edredom para me deitar.
Foi quando ouvi batidas na porta e olhei para o relógio. Três da manhã... Quem mais poderia ser a não ser o meu vizinho-namorado-batman?
Fui até a sala e abri a porta. Eu estava certa. Era ele. Carson também já não vestia a mesma roupa de antes.
ㅡ A senhorita pediu serviço de quarto? ㅡ Ele perguntou.
ㅡ Na verdade, sim. Estava me sentindo meio solitária. ㅡ Abracei meus braços e ele sorriu. Dei espaço para que Carson entrasse e fechei a porta.
ㅡ Te acordei?
ㅡ Não, eu ainda não tinha deitado. ㅡ Voltei para o quarto e ele me seguiu. ㅡ E você? Por que ainda não está dormindo?
ㅡ Não estou com sono. Ainda estou... Muito ligado para dormir. ㅡ Me sentei na cama. Carson se segurou ao meu lado e eu acaricie seu cabelo.
ㅡ E veio aqui me impedir de dormir também? ㅡ Ele olhou para mim e sorriu.
ㅡ Não conseguia parar de pensar em você. ㅡ Afastei minha mão de seus cabelos quando meu coração começou a saltitar. ㅡ Toda vez que eu fecho os olhos, eu vejo você. Eu estava no meio da inauguração do meu bar hoje, fazendo uma das coisas que mais gosto, que é preparar drinks, mas sempre que eu via você sentada naquele balcão, eu queria largar todas aquelas bebidas e ir ficar com você.
ㅡ Carson...
ㅡ Nunca pensei que sentiria algo assim por alguém. ㅡ Ele segurou minha mão. ㅡ Nunca pensei que poderia amar tanto alguém um dia. As vezes sinto que você acendeu uma parte em mim que estava apagada a muito tempo.
ㅡ Carson, eu vou... ㅡ Escondi o rosto dele quando senti uma lágrima escorrer por minha bochecha. A sequei e olhei para cima, balançando as mãos, tentando evitar que mais lágrimas descessem. ㅡ Eu vou chorar, para.
ㅡ Só quero que saiba disso. ㅡ Ele sorriu ladino novamente. ㅡ Amo você de corpo e alma.
Observei os seus olhos. Eu não sabia explicar o que estava sentindo naquele momento, queria dizer que o amava mais do que ele imagina, mas senti que gaguejaria assim que abrisse a boca. Então, preferi demonstrar.
Puxei a blusa de Carson e assim lhe beijei. Carson não demorou a reagir, assim que nossos lábios se tocaram, ele retribuiu o beijo.
O beijo se tornou intenso. Nossos corpos se uniram e quando percebi, já estávamos deitados na minha cama.
Carson interrompeu o beijo e olhou nos meus olhos. Ele parecia procurar pela minha permissão. Só depois que eu assenti, ele voltou a me beijar e me tocar. O nervosismo que pensei que sentiria, não senti. Nunca estive tão certa de algo.
[...]
ㅡ O que fazemos aqui? ㅡ Carson estacionou o carro em frente ao tribunal da cidade e olhou pela janela. ㅡ O que você fez, Flor?
ㅡ Não to sendo presa, eu não fiz nada. ㅡ Saí do carro e esperei que ele se juntasse a mim na calçada.
ㅡ Então, o que fazemos aqui? Esse é o compromisso que me disse? ㅡ Ele encarou o prédio com uma careta por causa da luz do sol.
ㅡ Sim. ㅡ Peguei em sua mão e atravessei a calçada para entrarmos no prédio e sairmos logo do sol. ㅡ Não faça muitas perguntas, só... Veja.
Nós entramos na sala do tribunal. Não haviam tantas pessoas, apenas o juri, o meu pai, um cara que devia ser o advogado de defesa e um senhor mais de idade. Depois que nos sentamos, chegaram também mais três pessoas, uma garota ruiva, uma negra e um cara branco alto a beça. Eles se sentaram para assistir como se estivessem no cinema. Acho que comeriam pipoca se não fosse desacato.
ㅡ Você me trouxe para ver o seu pai trabalhar? ㅡ Carson parecia ainda mais confuso com tudo aquilo.
ㅡ Shh...
Uns policiais entraram e logo atrás veio o juíz. Todos se colocaram de pé e só nos sentamos quando o juíz bateu o martelo. Henry também já estava lá, sentado ao lado do advogado, mas de costas para nós.
ㅡ Nós estamos reunidos aqui hoje para julgar o réu Henry Lincoln, que está enfrentando acusações de homicídio culposo. ㅡ O juíz começou a falar e só aí Carson pareceu entender o que estava acontecendo.
O julgamento começou. Argumentos pra lá, provas pra cá, discussões e eu só conseguia olhar para Carson. Ele ficou o tempo inteiro em silêncio, com as mãos cruzadas na frente da boca e o olhar centrado na cena que se passava na nossa frente. Eu estava nervosa. E se Henry não fosse preso? E se Carson ficasse zangado por eu ter feito isso pelas costas dele? E se um raio atingir o tribunal e todos morrerem?
Ta, eu já estou pirando.
Tentei respirar fundo e me acalmar.
O julgamento não durou muito, mas para mim foi uma eternidade. Até que o juíz finalmente disse:
ㅡ Henry Lincoln, com base no poder concedido pelo estado da Califórnia, considero-o culpado. Condeno-o a 10 anos de prisão. ㅡ Ele bateu o martelo e se levantou.
Carson abaixou a cabeça, meu pai e o outro advogado apertaram as mãos e Henry se pôs de pé em protesto, falando coisas que não ouvi.
As outras três pessoas que estavam presente comemoraram até o policial chamar a atenção deles.
ㅡ Já vai tarde, seu desgraçado. ㅡ Uma das garotas falou enquanto Henry era algemado. Os três saíram da sala e Carson se levantou.
Ele e Henry se encararam por uns segundos até Henry ser levado pelo policial.
O outro senhor que estava assistindo a tudo se aproximou de nós com o olhar mais triste e envergonhado que já vi.
ㅡ Eu... ㅡ A voz dele era rouca. ㅡ Sinto muito pelo que meu filho fez. Sinto muito mesmo.
ㅡ Tudo bem. ㅡ Carson assentiu uma vez.
O senhor saiu da sala e meu pai acenou dizendo que precisava resolver algo, mas que já voltava. Logo só pra estávamos nós dois na sala. Carson ainda estava sem reação e eu não sabia o que dizer ou pensar. Até que ele ergueu o olhar para mim.
ㅡ Por que você fez isso?
ㅡ Porque eu não podia deixar um cara como ele andando por ali. Sua irmã merecia justiça. ㅡ Olhei em seus olhos. ㅡ Eu queria te contar, mas se não desse em nada, eu não queria que ficasse ainda mais chateado. Eu só... Queria que se sentisse melhor.
ㅡ Eu não... ㅡ Ele pegou na minha mão. ㅡ Não tenho como não me sentir melhor sabendo o quanto você se preocupa comigo. Meu amor, obrigado. ㅡ Ele me abraçou. ㅡ Pela Claire, obrigado.
•••
Continua...
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Um raio de Sol em minha vida
RomanceEla é distraída, impulsiva, esquecida e ama dias de sol. Ele é dono de um bar, não tem amigos, não gosta de pessoas, mora perto da praia, mas nunca põe os pés lá. Florence, que prefere ser chamada de Flor, chega à Santa Bárbara só com uma mala e a...