38_ Hospital

16.3K 1.8K 444
                                    

Eu poderia ter morrido naquela tarde.

O desespero tomou conta do meu corpo quando ouvi Ben dizer que a Flor estava no hospital, que o bar tinha pegado fogo, que ela estava lá dentro. Eu não conseguia nem respirar. Parecia que o ar não estava chegando aos meus pulmões.

Eu estava atordoado. Corri para fora do aeroporto esbarrando em todos que vi no caminho. Entrei no meu carro e dei partida nele sem nem olhar o retrovisor. Só percebi que quase causei um acidente quando o Toyota que passava pela rua buzinou.

Parei o carro de imediato e dei uma pancada no volante. As pessoas na calçada olharam a cena, o Toyota seguiu pela rua e eu segurei o volante com força.

Meus olhos estavam embaçados. Eu estava prestes a chorar. Algo que achei que não aconteceria comigo de novo. Da última vez que senti isso, a coisa não terminou bem.

Passei a mão no rosto, sequei os olhos e prestei atenção na rua antes de sair com o carro.

Na minha cabeça, todo tipo de pensamento trágico se passava. Ao mesmo tempo que eu tentava entender o que tinha acontecido e como, minha mente imaginava como a Flor estava. Ela estava bem? Será que sofreu muitas queimaduras? E se sim? E se isso muda-la para sempre? Nunca vou me perdoar se a Flor deixar de ser esse raio de sol que é. Nunca vou me perdoar se algo pior aconteceu. Se ela não sobrev...

Não consegui nem terminar de raciocinar. Senti que meus olhos iriam marejar novamente e afastei os pensamentos.

Foi quando entrei na rua principal e me deparei com um enorme engarrafamento. Eu nem conseguia ver onde terminava.

Bati no volante novamente e peguei o celular.

Liguei para Ben. Chamou. Chamou. Chamou. Nada.

Liguei novamente.

Sem sucesso.

Eu já estava ficando maluco ali no meio daqueles carros. Alguns estavam buzinando, motos passavam por entre e eu só me sentia cada vez mais aflito. Eu precisava saber como ela estava. Precisava saber o que tinha acontecido. Precisava saber se a minha Flor estava bem.

Tentei ligar pro Till, mas ele não atendeu. Até pro celular da Flor eu liguei, mas nada.

Procurei na lista de contatos e achei o número da Sasha. Liguei pra ela e arfei quando ela atendeu.

ㅡ Sasha? Sasha? Diz pra mim que você está em casa.

ㅡ Oi, Carson... ㅡ Estava muito barulho na linha dela. ㅡ Eu to em frente ao seu bar.

ㅡ Sabe da Flor? Sabe se ela está bem? Eu estou tentando chegar ao hospital, mas estou preso no engarrafamento.

ㅡ Me desculpa, eu não vi quando aconteceu. Cheguei em casa quase agora e a ambulância já tinha levado ela. Os bombeiros estão apagando o fogo.

Apertei os olhos sentindo a aflição. Eu seguia sem uma notícia.

ㅡ Mas, o Till está aqui. Espera... ㅡ Novamente uma esperança. ㅡ Carson? ㅡ A voz de Till soou e eu me ajeitei no banco.

ㅡ Till? O que aconteceu?

ㅡ Não sabemos ainda, houve uma pequena explosão na cozinha, tudo começou a queimar e a Flor ficou presa na dispensa. Os bombeiros a tiraram já desacordada e levaram sem que pudéssemos ver se ela estava bem. O Ben foi com ela na ambulância.

Apoiei o meu cotovelo na janela do carro e passei a mão no rosto.

ㅡ Ela ficou presa na dispensa? ㅡ Não consegui esconder a culpa em minha voz.

Um raio de Sol em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora