43_ Noite de pub

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Sierra tinha razão. Eu diria aquilo uma hora ou outra. Eu só não imaginava que seria a primeira coisa que eu diria pra ele. Por que eu falei daquele jeito? Agora Carson está olhando pra mim com uma cara confusa. Quem não ficaria confuso?

A expressão confusa no rosto de Carson deu lugar a um sorriso quando ele se aproximou de mim. Suas mãos pegaram na minha cintura e ele me olhou nos olhos.

ㅡ Eu vi a necessidade de te dizer assim que chegasse no hospital. Porque pensei que não poderia te dizer antes que... ㅡ Ele parou de falar e mordeu o lábio. ㅡ Quando o Ben me ligou pra dizer que o bar tinha pegado fogo, ele não foi muito específico. Tudo o que entendi foi que tudo queimou e que você estava lá dentro. E que estavam indo com você para o hospital. ㅡ O conduzi até o sofá e nos sentamos nele. ㅡ Eu fiquei preso no trânsito e só consegui chegar lá depois de uma hora. Uma hora em que eu pensei em tudo de ruim que poderia ter acontecido. Pensei que você não fosse sobreviver. ㅡ Toquei o seu ombro. Os olhos de Carson estavam tão aflitos. ㅡ Fiquei me lembrando da última vez que estive naquele hospital e não saí com boas notícias.

ㅡ Sua irmã faleceu... Naquele hospital? ㅡ Tapei minha boca.

ㅡ Sim. ㅡ Ele assentiu. ㅡ Por isso falei que te amava assim que tive a chance. Porque pensei que não poderia dizer. ㅡ Ele olhou para mim e abriu um meio sorriso. ㅡ Você não precisava ter me dito agora, eu não ia ficar chateado ou coisa do tipo.

ㅡ Pra falar a verdade... ㅡ Me ajeitei no sofá e encarei a tela plana ainda com o plástico a cobrindo sobre a cômoda da sala. Eu nem ao menos havia notado que tinha uma televisão ali. ㅡ Eu falei assim porque eu estava com vergonha. ㅡ Deixei minha franja tapar o máximo do meu rosto, cruzei os braços e me afundei no sofá.

ㅡ Que? ㅡ Carson começou a rir.

ㅡ Por que eu estar com vergonha é um motivo de graça ou de choque pra vocês? ㅡ O encarei enquanto ele ainda ria.

ㅡ Essa é uma pergunta séria? ㅡ Ele parou de rir por dois segundos, só para perguntar. Depois voltou a rir de novo.

ㅡ Carson! ㅡ Empurrei seu ombro.

ㅡ Desculpa, linda. É que ninguém que te conheça consegue imaginar você com vergonha. Simplesmente, impossível.

ㅡ Pois é, mas eu estava. Acho que tem uma primeira vez pra tudo. ㅡ Cruzei os braços novamente e me recostei no sofá. ㅡ Eu queria te falar, porque eu também amo você. Mas, eu estava tímida e não sabia como dizer. E também não queria deixar você achando que eu não sinto o mesmo. Por isso falei daquele jeito.

ㅡ Deixa eu ver uma coisa... Eu consegui fazer Florence Keller ficar tímida?

ㅡ Sim, mas não faça mais isso. ㅡ Apontei o dedo para ele.

Carson sorriu, abaixou minha mão e me beijou. Beijo delicado que logo virou um beijo mais necessitado. Eu estive dormindo nos últimos dias, mas ele pareceu sentir minha falta e agora queria matar toda essa saudade.

[...]

Saí do banho apenas com a toalha enrolada no corpo. Meu apartamento ainda estava uma bagunça de caixas, mas eu quis tomar um banho antes de começar a arrumar tudo, para tirar o cheiro de hospital de mim.

Carson entrou no meu quarto segurando uma caixa nas mãos. Ele a colocou na cama e seus olhos focaram em mim enquanto eu tentava desembaraçar o meu cabelo molhado.

Seus olhos me analisaram dos meus pés até o meu cabelo. Ele abriu um sorriso travesso e saiu do quarto, provavelmente para pegar mais caixas. Minha cama estava repleta de caixas de papelão e eu só conseguia pensar na trabalheira que isso ia dar.

Um raio de Sol em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora