Capítulo 42

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:D

Então...

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JENNA'S POV

Não sei ao certo em que momento eu achei que aquilo seria uma boa ideia. Eu sabia que Cecilia estava sob pressão, sabia que ela nunca havia chorado depois da morte do pai e sabia mais ainda que ela guardava muita coisa em seu coraçãozinho, mas eu não esperava vê-la socando aquele boneco enquanto lágrimas grossas escorriam por seu rosto. Eu vi aquela garotinha desabar diante dos meus olhos e a única reação que eu tive foi invadir o ringue, pedir que Daise parasse e puxar Cecilia para os meus braços. Ela tentou me empurrar e se afastar, mas eu não deixei, apertei meus braços com mais força ao redor do seu corpinho deixando-a presa a mim.

- Calma, meu amor. Eu estou aqui – apertei meu braço ao redor do seu corpo e com a mão livre segurei sua cabeça contra meu peito, balançando seu corpinho – eu estou aqui. Pode chorar.

Eu queria colocar aquela pequena em uma redoma de vidro, queria protege-la do mundo, eu queria que a sua dor passasse para mim, eu era adulta, eu sabia lidar com os meus sentimentos e frustrações, mas ela não, ela era só uma criança.

- Eu vou levar ela para o vestiário – falei olhando para Daise que assentiu.

- Vou buscar água para ela – a treinadora falou e desceu do ringue pelo lado oposto da escada.

Sentei Cecilia no banco vermelho do vestiário da academia, sentei ao seu lado, de frente para ela, com uma perna de cada lado do banco e a puxei para os meus braços, como se embalasse um bebê. Na verdade, ela parecia um bebê, meu bebêzão de dez anos com o rostinho vermelho depois de chorar sem saber lidar com os próprios sentimentos.

- Aqui Jenna – Daise falou me entregando um copo com água – eu vou colocar a placa de limpeza na porta, para as meninas usarem o vestiário do outro lado e dar privacidade para vocês, está bem?

- Obrigada, Daise – agradeci ao pegar o copo.

A treinadora saiu e nos deixou a sós, afastei Cecilia do meu colo e coloquei o copo em suas mãos.

- Toma um pouquinho de água, meu amor – Ela obedeceu, levou o copo até os lábios, ainda soluçando, mas deu alguns goles – com calma.

Esperei que ela tomasse todo o líquido e coloquei o copo vazio no chão.

- Tia – ela soluçou e eu arqueei as minhas sobrancelhas surpresa.

Tia, ela me chamou de tia, não era Jenna como ela costumava chamar cheia de formalidade e com certa distância emocional, era tia.

- Não conta para a mamãe – seus olhinhos azuis, meio esverdeados que pareciam de gato, iguais aos da Emma brilhavam por causa das lágrimas – eu não quero que ela fique triste.

- Calma – falei com a voz mais serena que consegui – me conta o que você sentiu, o que deixou você assim.

- É que dói, aqui – Ceci apontou para o próprio coração – dói muito, e quando eu estava batendo no Tom, doeu ainda mais. Faz parar?

- Meu amor, eu não tenho como fazer isso parar – segurei seu rosto com as duas mãos e limpei as lágrimas com os polegares – essa dorzinha se chama luto, a gente sente isso quando perdemos alguém, às vezes algo, que é muito importante pra gente.

Cecilia me olhava atentamente, a sobrancelha franzida e a carinha de choro e tristeza.

- O luto precisa ser vivido, e você não fez isso, por isso essa dorzinha está aí dentro.

TEN YEARS AFTER YOU  (Jemma)Onde histórias criam vida. Descubra agora