Capítulo 25

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Sakura havia adquirido o hábito de passar as mãos no pescoço toda vez que se lembrava de Sasuke, e isso ia além de lembrar das marcas que ele deixara ali na sexta passada: era sobre como ele a segurava todas as vezes em que se beijavam.

Sempre tinha uma das mãos agarradas a alguma parte do corpo dela, como se garantisse que ela estaria perto o tempo todo, e ela sinceramente adorava ficar perto dele daquele jeito.

Encaixavam-se tão bem que era loucura pensar que algo parecido não ocorrera entre os dois até então. Os lábios dele eram imperdoavelmente macios e, para completar, ele sempre sabia o que fazer com eles, sempre sabia como movimentar a língua contra a dela também, parecia ter aprendido fazer as coisas como ela gostava desde aquela noite na frente do prédio, e Sakura não podia estar mais grata por isso, não podia estar mais envolvida.

É, essa era a palavra. "Envolvida". Foi realmente bobeira pensar que conseguiria deletar Sasuke da mente simplesmente beijando outra pessoa, quando ele se fazia inesquecível até mesmo naquele aspecto.

Naquele momento, ela acariciava levemente o pescoço enquanto aguardava o elevador chegar ao andar em que o Hora Geek era gravado. Bem levemente mesmo, a fim de não tirar a maquiagem – que ainda cobria os resquícios restantes de sexta à noite – sem querer.

— Está bem, Sakura? — a mãe lhe perguntou. — Tem dor no pescoço?

— Não, estou ótima — respondeu ela, contendo as mãos.

— Tem certeza? Não está nervosa mesmo?

— Não, não... Está tudo bem, tenho certeza de que a entrevista vai ser ótima.

Hana assentiu. Aparentava estranhar o comportamento da filha, mas deve ter decidido não a indagar para que não ficasse nervosa de repente. Seria a primeira entrevista que Sakura concederia sozinha, afinal.

— Gostou da fantasia? — perguntou no momento seguinte, porém.

Sakura virou para encarar o próprio reflexo no espelho do elevador: trajava uma fantasia feminina de marinheiro, na cor azul e com direito a todas as pregas típicas. A escolha foi proposital, claro, pois, já que o público só lhe veria da cintura para cima na transmissão ao vivo, precisava usar algo que destacasse a parte de cima também. Mesmo que tivesse que tirar o chapéu, o colarinho não deixava ninguém duvidar de que ela era uma marinheira.

— Eu adorei — respondeu.

Enfim, o elevador chegou ao andar pretendido. Sakura achava que iriam ter que procurar a sala indicada no e-mail do estúdio, mas isso foi um ledo engano, porque na porta do elevador o tal entrevistador já a aguardava.

— Sakura-san, que bom que chegou cedo! — exclamou ele. — Eu sou Tekeshi, o dono do Hora Geek — apontou para uma mulher parada ao lado dele. — E essa é minha noiva, Mori, ela fica na produção.

Tekeshi e a noiva ostentavam um visual colorido, do tipo que faz com que qualquer um que use aparente ter saído de uma daquelas revistas em quadrinhos tão populares no ocidente. Ele, com uma fantasia de pirata e mechas verdes no cabelo. Ela, sem fantasia, mas com camisa de filme espacial famoso, meia-calça amarela que parodiava tinta escorrendo e madeixas em vermelho.

Surpresas com a presença dos dois na porta do elevador, tanto Sakura quanto a mãe demoraram para sorrir e cumprimentá-los propriamente, mas enfim o fizeram:

— É um prazer — disse Sakura, simpática. — Podem me chamar de Sakura mesmo, vamos passar horas conversando, não precisa de formalismo.

— Claro, claro, que bobeira a minha — Tekeshi se corrigiu. — Venham, vou lhes mostrar o lugar.

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