Capítulo 48

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Sakura não derramou uma única lágrima no caminho para casa, nem quando chegou e a mãe perguntou como foi o baile, nem quando se deitou para tentar dormir naquela noite, nem no dia seguinte, nem no outro...

"Precisamos conversar", dizia a mensagem que recebeu dez minutos depois de chegar em casa após o baile.

Uma mensagem de Sasuke.

Ela não respondeu, apenas selecionou o contato dele e bloqueou.

Pensou em bloqueá-lo no instagram também, mas duvidava que ele fosse tentar entrar em contato por um meio que outras pessoas – como as que administravam a conta dele – poderiam ter acesso, então resolveu pagar para ver –. Já haviam sido flagrados em condições suspeitas naquela noite, assim, apesar de ainda estar magoada, ela sabia que não devia arriscar chamar mais atenção.

Teve certeza de ter tomado a decisão certa, ao menos nisso, depois da discussão dos dois ser alvo de notícias.

Com ou sem notícias, no dia seguinte, o contato permaneceu bloqueado. Na segunda-feira, também. Sinceramente, não se incomodaria em deixá-lo bloqueado na formatura e depois dela.

Ela estava de coração partido, tal como se sentiu outrora, na ocasião em que pensou que ele teria a usado. Agora, porém, era diferente. O que ela sentia cravado no peito não era necessariamente doloroso, era... vazio. Ainda estava anestesiada em relação à dor, mas sinceramente temia o momento em que não fosse estar mais, porque algo lhe dizia que a sensação não permaneceria dormente para sempre.

Desde o baile, enquanto passava o dia inteiro no quarto, entre lençóis, assistindo trivialidades na televisão, Sakura se sentia profundamente decepcionada e aflita: decepcionada, por conta do que já sabia; aflita, porque sabia que ainda havia mais para saber. Afinal, ele pediu a ela que o escutasse.

Definitivamente havia mais para saber e, talvez, ela não gostasse desse mais.

De certa forma, tinha o pressentimento de que desbloquear Sasuke e conversar com ele poderia ser algo capaz de despertar a dor que ela tanto temia, e despertá-la era a última coisa que ela queria. Sentia que devia se preservar, porque já estava deplorável o suficiente para alguém que tinha uma formatura na quarta e uma mudança na sexta.

Na manhã de terça-feira, Sakura havia tomado uma decisão e entrou no escritório da mãe com um objetivo em mente.

Hana estava atrás da mesa, de pijamas, mexendo no computador enquanto tomava uma xícara do que parecia ser café. Ela não era completamente ignorante a respeito do que aconteceu na noite do baile porque leu as notícias sobre "a briga", apesar de Sakura não ter se mostrado disposta a dar mais detalhes.

Duas batidas na porta entreaberta foram o suficiente para chamar a atenção da mãe.

— Sakura — Hana constatou a presença. — Pode entrar. O que foi, filha?

— Mãe, está tudo certo com o voo de sexta? Para Osaka?

— Claro, chequei há pouco — respondeu ela. — O itinerário não sofreu nenhuma alteração. Sua reserva no hotel com Tenten está encaminhada também.

— Que bom.

— Por que a pergunta?

— Eu estava pensando... Acho que não vou retornar para Tóquio no verão. Acho que vou ficar em Osaka até as aulas começarem.

Hana aparentou certa surpresa. Em seguida, adquiriu um semblante pensativo, passando a avaliar Sakura. Não é que não aprovasse essa decisão, talvez só não aprovasse as circunstâncias.

— Se é o que você quer, tudo bem. Podemos marcar as coisas do seu quarto que você deseja levar para enviá-las quando já tiverem escolhido um apartamento e posso visitar você antes de suas aulas começarem — disse Hana. —, mas, tenho que perguntar: por que isso agora?

End GameOnde histórias criam vida. Descubra agora