CAPÍTULO 16| Palavras de amor

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Vou até o quadro com a foto da minha família em mãos, hoje o trabalho era sobre a família

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Vou até o quadro com a foto da minha família em mãos, hoje o trabalho era sobre a família. Eu me sentia um pouco desconfortável em falar sobre a minha abertamente para sala.

-- Olá, meu nome é Lucian Arshe e hoje vou falar sobre a minha família. --  Em seguida, eu exibo uma foto da minha família -- Esta é a minha família. Somos em três, minha mãe é dona de casa e meu pai engenheiro -- Minto -- Eles são legais, meu pai toda noite joga futebol comigo, a gente assiste jogo no sofá da sala enquanto minha mãe prepara um lanche para gente. Eu acho que é isso -- Fico aliviado por terminar a apresentação

Na hora do recreio me sento com Bento, como sempre dividimos nossos lanches. Mas hoje o Bento estava estranho.

-- Por que está com essa cara? -- Indago

-- Eu conheci uma menina -- Ele diz com o sorriso bobo

-- Como ela se chama? -- Pergunto comendo meu lanche

-- Não sei, eu observo ela da minha janela -- Ele diz sorrindo e olhando pro nada

-- Eu acho que é melhor eu ser atropelado por um carro -- Minhas lágrimas invadiram meus olhos

-- Não diga isso, eu não aguentaria viver sem meu melhor amigo -- Bento dizia enquanto balançava os pés

-- Não quero voltar para casa, tudo dói quando estou lá -- Abaixo a cabeça

-- Não diga isso, você falou tão bem da sua família que até eu queria ter os pais como os seus -- Ele sorrir com inocência

-- Não queira, seu coração doeria muito -- Forço um sorriso -- O meu já está doendo muito

Volto para casa apressadamente, meu coração acelerado no peito, o medo de tudo acontecer outra vez, o medo de ouvir vozes e ter que colocar uma música para ocultar o inferno ao meu redor. Passo pela porta quando vejo o vislumbre do meu pai com as calças aberta e minha mãe chorando, vejo ele fazer um certo movimento e grunhi. Me aproximo cautelosamente mas esbarro em algumas latinha de cerveja espalhada pelo chão. A casa fedia a álcool e a cigarro, não era um cigarro qualquer, aquele cheiro era mais forte. Meu pai percebe minha presença e vira o rosto um pouco para o lado e me encara, ainda fazendo os mesmo movimentos.

-- Papai -- O chamo -- Por que está fazendo isso? É algum tipo de brincadeira?

Minha mãe me ouviu e ficou desesperada ao ver o que estava vendo. Ela chorou alto e pediu que ele parasse. Mas o porco do meu pai não parou e o pior foi que eu fiquei ali observando tudo e presenciei essa cena nojenta.

-- Me solta -- Mamãe chuta uma das pernas do meu pai e ele a larga ajeitando a calça -- Sobe para seu quarto -- Ela ordena

-- Você é um empata foda do caralho -- Papai bate em meu rosto

Sua mão era pesada, meu rosto ardeu. Tudo doía e eu não sabia o por que ele tinha feito aquilo.

-- Não bate nele -- Minha mãe gritava -- Bata em mim, faça o que quiser comigo mas deixa o Lucian em paz -- Ela chorava de soluçar

-- Esse pivete me dá nojo -- Papai dizia fungando o nariz e acendendo o cigarro

-- Vai para seu quarto -- Mamãe ordenou mais uma vez -- Vai agora

-- Mas mamãe, queria te mostrar o que aprendi hoje na escola -- Tento abrir a mochila mas ela me para

-- Vai agora

-- Mas... -- Tento mas foi em vão

-- Agora, quando eu falar para você fazer uma coisa você faz -- Ela puxou a minha orelha e me levou até a escada

Corri escada acima chorando e então a gritaria começou.

Eu ouvi mais gritos
Do que palavras de amor

Quanto mais você vive, mais você entende que a realidade é feita de dor, sofrimento e vazio.

Eu já estava começando a entender.



Se prepara que só piora e não tô zuando 🙃

ManicômioOnde histórias criam vida. Descubra agora