CAPÍTULO 9| Jardim

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Acordo com uma dor de cabeça insuportável e um enjoo terrível

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Acordo com uma dor de cabeça insuportável e um enjoo terrível. Abro os olhos e percebo que não estou no meu quarto. Olho em volta e vejo que o quarto é espaçoso e desarrumado. Há roupas jogadas pelo chão. Me sento na cama e olho pela janela. Vejo que estou em um edifício alto e que a vista é da cidade. Me levanto e começo a procurar as minhas roupas. Encontro a minha bolsa e procuro o meu celular para ver as horas. Vejo que são 10h da manhã e percebo que preciso sair dali o quanto antes.

No desespero saio do quarto e dou de cara com Ethan de short e sem camisa, eu não me lembrava de nada que tinha acontecido. Minha cabeça pulsava sem parar.

-- O que aconteceu, Ethan? -- Pergunto com uma das mãos na cabeça -- Por que eu estou aqui?

-- Você não lembra? -- Ele se aproxima colocando as mãos na minha cintura

-- Ethan, me solta por favor -- Digo tentando me livrar dos seus braços -- O que aconteceu comigo?

-- A gente bebeu e você quis dormir comigo -- Ele dizia enquanto tentava me convencer

-- O que a gente fez? -- Me desespero mas ele continua com um sorriso irritante na cara -- Ethan, o que foi que você fez? -- Digo já irritada

-- O óbvio, a gente fodeu a madrugada inteira e você gemeu como uma puta -- Ele próximo ao meu ouvido

O pavor e o asco que me invadem o meu corpo, não tenho nenhuma lembrança do que aconteceu. Eu só queria fugir daquele pesadelo e me isolar do resto do mundo.

-- Eu estava bêbada -- Me afasto dele levantando a mão para manter distância -- Eu não quis isso, eu não sei o que eu estava fazendo -- Minha voz sai trêmula

-- Você quis sim Isa, você suplicou -- Ele diz com aquele maldito sorriso repugnante

-- Eu tenho que sair daqui -- Digo atordoada

Encontro a saída e corro, ainda atordoada. Ando até chegar no meu trabalho e entro na minha sala completamente descontrolada. Olho em volta e percebo que não faço ideia de como vim parar aqui. Me sento na minha cadeira e tento me recordar do que aconteceu na noite anterior, mas tudo é um borrão. Me sinto envergonhada e confusa, sem saber o que fazer depois.

-- Meu Deus -- Ponho a cabeça entre as mãos

Vou até o banheiro da minha sala, lavo o rosto, a maquiagem borrada, o cabelo bagunçado e o cheiro de sexo que não sai. Esfrego o meu rosto com água e sabão, prendo o cabelo em um coque qualquer, vou até a minha bolsa e borrifo o perfume na minha pele. Coloco um sorriso no rosto e saio da sala indo direto para o quarto de Lucian.

Entro na sala fingindo que estava tudo bem comigo. Lucian me encara com uma expressão de dúvida e logo se acomoda com as pernas cruzadas.

– Você se atrasou hoje – Ele comenta me observando

– Dormi demais – Sorrio sem jeito – Podemos começar?

Lucian me examinava como se quisesse achar algum defeito em mim.

– Tem alguma coisa errada? – Ele questiona curioso

– Não, só estou cansada – Respondo olhando para o papel e a caneta

– Então por que você não está me olhando nos olhos como nas outras consultas? – Ele indaga com sua voz rouca e intrigada

– Não é nada – Digo simplesmente – Sabe de uma coisa? Vamos dar uma volta – Me levanto

– Eu tenho permissão para isso? – Ele pergunta olhando para a minha face mas eu desvio o olhar

– Não tem, mas eu não me importo com as consequências, só se comporte – Aviso a ele e logo abro a porta

Lucian me acompanha pelo corredor imenso, nós dois não falávamos nada um com o outro. O silêncio era constante.

– Dra – Ele me chama quando olho para trás, Lucian estava com as mãos no bolso do seu casaco

– O que houve? – Pergunto parando de caminhar

-- Está com um chupão enorme no pescoço -- Ele responde e me assusto

Fico envergonhada sem saber como agir no momento, passo minha mão levemente no pescoço e flashs da noite anterior invade minha cabeça.

A mão de Ethan caminhando em meu corpo, o momento que ele tirou minha roupa. O molhado do seu beijo em meu corpo, a dor alucinante em minhas pernas. Volto a realidade quando Lucian solta meu cabelo do coque.

-- O que está fazendo? -- Digo meio assustada

Ele coloca algumas mechas para frente ajeitando, enquanto só olho seus movimentos.

-- Assim ninguém vai ver -- Ele diz sem muita importância e continua andando

Caminhamos lado a lado. Alguns pacientes estão sentados em cadeiras, outros caminham de um lado para o outro. O ambiente é sombrio, com paredes descascadas e gélidas.

Sentado em uma cadeira, balançando para frente e para trás, um paciente murmura baixo "Eu ouço vozes o tempo todo. Elas nunca param."  Outro caminhando de um lado para o outro, murmurando para si mesmo " Eles estão me observando. Eu sei que estão." Esse lugar pode te enlouquecer junto com as outras pessoas.

-- Lucian,  hoje eu gostaria de falar sobre seus impulsos violentos. Você tem consciência do dano que pode causar aos outros? -- Pergunto Com uma expressão cautelosa

-- A noção de dano é relativa. O que é uma ferida para alguns, pode ser uma obra de
arte para outros. -- Diz com um sorriso frio nos lábios

--  Você considera seus atos violentos como obras de arte? -- Digo engolindo em seco

--  Não vejo razão para negar minha verdadeira natureza. A violência é apenas uma expressão de poder e controle, algo que muitos não têm coragem de admitir. -- Lucian me encara com um olhar penetrante

-- Lucian, você entende que suas ações têm consequências graves? Pessoas inocentes podem ser feridas ou até mesmo perder sua vidas. -- Falo com um tom firme

-- Consequências são apenas um jogo de probabilidades, doutora. Alguns ganham, outros perdem. Eu simplesmente jogo de acordo com minhas próprias regras. -- Sua indiferença ao falar me assustava completamente

Lucian gosta da maldade, dá para ver que é um hobby, não é só como se fosse uma doença, da para ver no olhar dele que aquilo era desejo de praticar maldade.

-- Acredito que ainda há esperança para você. Podemos trabalhar juntos para encontrar uma maneira de controlar esses impulsos e canalizar sua energia de forma mais construtiva. -- Digo com uma expressão preocupada

--  Doutora, você está enganada. Não há esperança para mim. Sou apenas um produto de um mundo cruel e sem sentido. E, no final das contas, todos somos apenas marionetes nas mãos do destino. -- Lucian da um sorriso sádico -- A gente age de acordo com o que fazem com nossa inocência.

Não consigo entender muito o que ele fala, seguimos andando lado a lado até ele ver o jardim do hospital. O lugar é cheio de flores, e o aroma de rosas deixa tudo mais agradável.

-- Aquilo é um jardim? -- Ele me pergunta com um ar sério e franzindo a testa

-- Sim, é o jardim do hospital. Alguns pacientes plantam lá, para relaxar um pouco a mente -- Falo admirando as flores do lugar -- Gostou?

-- Não! -- Ele diz e continua andando -- Não suporto flores

Fico meio confusa mas não comento nada, se ele detesta flores, por que motivo ele adora o cheiro do meu perfume?

ManicômioOnde histórias criam vida. Descubra agora