Talvez...

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Tinha acabado de me trocar depois do banho pronta para dormir quando Ian abriu a porta derrepente.

— Vem aqui.

Franzi o cenho confusa sem saber do que ele estava falando, já passava de uma da manhã porque ele estava me chamando?

— Onde?

— Só cala a porra da boca e vem logo.

O mesmo jeito carinhoso de sempre...

Fui até ele e o mesmo me puxou para fora do quarto, descemos as escadas e ele abriu a porta principal.

— Pra onde estamos indo Ian?

Ele segurou minha mão e me arrastou até o lado de fora da casa, eu não fazia ideia do que ele pretendia até que chegamos na garagem.. eu nunca tinha estado aqui antes e me surpreendi pela quantidade de carros e motos.

— Puta merda Ian...

— Eu sei, essa é a melhor parte da casa.. vamos dar uma volta, escolhe um.

— Escolher?

— É, escolhe um.

Eu observei toda a garagem com carros de luxo alguns eram até de coleção, as motos gigantes eram as que mais me chamavam atenção, entrei por entre os carros e fui até elas, eram umas mais lindas que as outras eu estava impressionada.

— Essa daqui..

— Pensei que gostaria mais dos carros.

— Gosto de emoções.

Ele foi até a parede de chaves e observou todas até encontrar a da moto que eu havia escolhido, ela era grande e preta e eu nunca tinha visto esse modelo antes.

Ian tirou a moto da garagem e pegou dois capacetes me entregando o menor, estava um tempo chuvoso e eu vestia apenas uma camisa grande que chegava até os joelhos mas não estava com frio. Amarrei o cabelo e Ian me ajudou a colocar o capacete.

Quando subimos na moto a sensação parecia melhor ainda, agarrei sua cintura e ele ligou a máquina fazendo o motor roncar alto e aquilo acelerou meu coração.

— Segura cachorrinha.

Ele arrancou de uma só vez acelerando para fora dos portões da mansão, ele estava seguindo sem rumo e rápido demais, minhas mãos tremiam e meu coração batia acelerado pela emoção, o ronco da moto era alto e com certeza estávamos acima do limite de velocidade.

Em menos de cinco minutos chegamos ao centro de Londres, conhecia a praça pelos livros que estudei e nunca pensei que um dia eu estaria aqui, soltei a cintura dele e ergui os braços gritando pela adrenalina de estarmos correndo.

Aquilo parecia vida e eu adorava me sentir viva.

Ian pegou uma estrada e no mesmo instante começou a chover forte. O cheiro da chuva e a brisa fresca contra meu corpo, era incrível a sensação, eu estava livre.

Acelerando ainda mais a cada curva fazendo o frio na barriga ficar intenso, eu gritava a cada contorno e ele ria porque sabia que estava no controle daquilo.

Ao final da estrada chegamos a uma pequena cidade longe das redondezas, minha blusa já estava completamente molhada mas eu nem me importava com isso, quando ele freiou derrepente eu me assustei, mas tínhamos chegado a um bar.

— Você não vai beber e pilotar não é?

Tirei o capacete e desci da moto o vendo fazer o mesmo.

— Tá com medo?

— Talvez eu não queira morrer essa noite.

— Cala a boca e vem.

Eu o segui até o bar mas parei um pouco atrás para torcer minha camisa que estava enxarcada, ele entrou na frente e só então notei que eu estava descalça. Quando entrei no bar logo atrás dele senti uma mão agarrar meu braço e me virei para ver quem estava me tocando daquele jeito.

— Não quero mendigos aqui dentro, da o fora daqui!

— Ei!

Tentei me soltar mas o homem apertava meu braço com força, Ian olhou pra trás vendo o que acontecia e veio até nós no mesmo instante.

— Se não tirar as mãos do braço dela em dois segundos vai perder as mãos.

— Não pensei que ainda escravizassem, amigo leva sua negrinha pra fora tá sujando meu bar.

Já imaginava que os europeus eram racistas iguais aos americanos mas a esse nível era demais..

Ian o agarrou pelo pescoço batendo a cabeça dele contra o balcão de madeira e continuou batendo, cada vez mais forte, a boca do homem já começava a sangrar quando ele o segurou e disse

— Eu vou ter prazer em acabar com um rascistinha de merda como você.

Ele pegou uma das garrafas de bebida em cima do balcão e quebrou ainda segurando o cara ele enfiou os destroços da garrafa na garganta dele e homem gritava até começar a se engasgar com o próprio sangue. Ian o largou e ele não conseguiu aguentar mais dois minutos de pé até cair morto, felizmente o bar estava vazio a essa hora da noite.

— Acho que a gente devia ir embora..

— Por causa dele? Não vamos ficar, eu ia pagar mas agora é de graça.

Ele virou a placa de fechado na porta e desceu a cortina que deixavam o lado de dentro escuro para ninguém ver.

Eu devia ter me acostumado com a violência repentina da parte dele mas sempre me impressionava a habilidade que ele tinha em matar pessoas a qualquer momento.

Ele me puxou para uma das mesas e me fez sentar ignorando o homem morto no chão ele apenas passou por cima pegando dois copos e uma garrafa de tequila voltando pra mesa bem ao meu lado.

— Não devia ter matado ele, podemos ter problemas amanhã.

— Não vamos...porque essa cara? Te afetou?

Na verdade sim, fazia alguns anos desde o último caso de racismo mas eu nunca me acostumaria com isso.

— Acha que eu poderia ser bonita se eu fosse branca?

— Acho que você é mais linda ainda por ser negra.

Ian não costumava ser fofo mas quando acontecia era um evento a parte, não pude esconder meu sorriso idiota por saber que ele realmente achava aquilo.

— Acho que você tem um tipo...

— Eu tenho mesmo.- ele disse olhando pra mim e depois servindo uma dose pra cada um de nós.— Me conta sobre hoje, o que você e meu pai conversaram que te deixou daquele jeito?

Eu sei que ele estava tentando me distrair pelo que acabou de acontecer e pelo menos por esta noite ele estava sendo um cara legal comigo.

Ian e eu conversamos muito, sobre todo tipo de assunto, nos conhecendo como se aquilo realmente fosse um encontro. Depois de um tempo ele colocou uma música na caixa de som e me tirou pra dançar sendo meigo e fofo o resto da noite.

Dançando uma música lenta ali com ele eu sentia as borboletas no estômago, eu gostava de como ele me abraçava e do jeito que o coração dele estava acelerado, não sabia o porque disso mas eu aproveitei cada segundo.

Quando a música terminou ele me afastou um pouco e olhou nos meus olhos, acariciando meu rosto parecendo reparar em cada um dos meus detalhes e eu suspirei apenas por olhar pra ele. Sua boca se aproximou da minha em um beijo tão doce que eu só podia sentir que o desejava.

Sua língua se envolvia na minha em um ritmo lento e casual como se estivéssemos apaixonados...era a primeira vez que pensava nessa hipótese, eu estava apaixonada por ele? Quer dizer eu o desejei por anos mas realmente gostar dele era diferente...

Me afastei recuperando o fôlego enquanto o sentia depositar um leve beijo na ponta do meu nariz e depois na minha testa...era uma sensação maravilhosa de proteção e eu poderia passar o resto da vida em seus braços como estava agora.

Talvez eu estivesse apaixonada por ele..

ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora