Sequestrada

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Ela não apareceu hoje, estou preocupada depois de ver ela chorando ontem, Cristal não atende o telefone e eu não faço ideia de onde ela mora. Passei por entre as pessoas novamente sozinha me sentindo retraída outra vez, pensei que durante esses dois dias com a Cristal eu teria pegado pelo menos um pouco da confiança dela mas eu estava errada.

Fui até o meu armário pegar o livro de biologia e estava distraída quando alguém "acidentalmente" derramou suco em mim. Olhei para o lado vendo que Ian estava abraçado a uma garota que segurava o copo derramado.

— Opa...escorregou da minha mão querida.

Minha blusa de frio estava enxarcada, Ian me encara enquanto ainda estava abraçado a garota era óbvio que ele mandou que ela fizesse isso. Eu pensei em falar alguma coisa até abri a boca para reclamar mas ele a soltou e se aproximou de mim, meu coração disparava cada vez que ele chegava tão perto, minhas mãos começavam a tremer e ele nem precisava estar falando alguma coisa, bastava ele respirar perto de mim.

— Tira a blusa.

— O que?

— A blusa de frio, você é surda? Tira.

Ele adorava isso eu podia ver, ele gostava de me ver constrangida na frente de todos, felizmente eu sempre usava uma blusa larga por baixo da blusa de frio. Comecei a tirar a blusa e ele ainda estava olhando fixo pra mim a deslizei pelos meus braços entregando a ele sentindo os olhares das pessoas ao redor.

— Porque estava de blusa se não estava com frio?

— eu...eu estou..

— Mentira..- ele tocou meu braço me fazendo assustar.— Nem tá arrepiada...Pessoal hoje o dia tá frio?!

Ele perguntou aos gritos as pessoas em volta que gritaram juntas um "não" audível.

— Então porque a vadia da Zoe estava com a blusa de frio?! Alguém pode me explicar?!

— Ian porfavor...

Diferente dos seus amigos ele nunca debochava do meu peso mas ele também não facilitava as coisas, era sempre chamando a atenção errada pra mim de propósito. Parecia querer me tirar do controle o tempo todo.

— Porfavor você disse? Tudo bem...eu paro, com um preço.

— O que você quer de mim?

Ele segurou minha mão e aos gritos das pessoas comemorando ele me arrastou até uma das salas vazias. Meu coração estava acelerado pelo que ele podia fazer comigo sem ninguém por perto e eu ainda me perguntava porque ninguém fazia nada?

Ian trancou a porta e eu me apressei em me afastar dele mas não adiantou porque o mesmo veio até mim e segurou meus braços me preensando contra a parede me forçando a encará-lo de perto.

— Ian o que você quer de mim? Já estamos na penúltima semana não pode porfavor esquecer que eu existo?

— Eu não posso Zoe...você me tira do sério, e eu odeio quem faz isso.

— Eu nunca te fiz nada!

— Ah fez...mas não é porisso que eu te trouxe aqui, escuta bem o que eu vou te dizer, quando o sinal tocar você vai sair da escola com calma.

— O que? Os portões se fecham depois do sinal.

— Eu dei um jeito pra eles abrirem pra você.

Eu não estava entendendo nada, ele tinha um sorriso psicopata no rosto e aquilo estava me deixando assustada, ele fazer bullying comigo na escola tudo bem mas o que ele pretendia me tirando daqui?

e.eu..eu não vou sair da escola.

— Prefere que seja a força? Tudo bem eu não me importo até prefiro.

Ele me soltou e deu meia volta saindo da sala sem dizer mais nada, engoli seco o medo que senti o que ele queria dizer com a força? O que ele faria comigo?

Sai da sala apressada tentando alcançá-lo mas Ian já não estava mais aqui. Procurei nos outros corredores mas não o encontrei, fui até a sala onde eu sabia que seria sua próxima aula e ele era o único que não estava lá também. Ele não estava na escola.

Minhas mãos tremiam porque eu sabia que ele tinha algo planejado pra mim depois que eu saísse por aquele portão e não importava se seria depois do sinal ou no horário de saída, ele esperaria por mim e aquilo foi um aviso.

Peguei meu celular e ainda tremendo eu liguei pro meu pai, precisava escutar a voz dele pra me acalmar e talvez até contar o que estava acontecendo.

— Oi querida, tudo bem? Achei que já estivesse na aula.

— Oi papai...eu estava mas...

— O que foi? Aconteceu alguma coisa?

Eu estava com um mal pressentimento, não queria preocupar meus pais por nada mas por algum motivo eu sabia que não veria mais eles.

— Não...eu só queria dizer que eu te amo pai..

— Minha princesa eu também te amo, mas porque isso agora o que houve?

— Nada eu só queria que soubesse, a mamãe tá aí?

— Vou passar pra ela.- alguns segundos depois ela atendeu e eu suspirei alto por escutá-la.— Oi meu bem, o que houve?

— Mãe eu te amo..

— Zoe, está acontecendo alguma coisa com você me diz o que é.

— Nada eu só...- tentei segurar as lágrimas nem mesmo sabia porque estava chorando mas elas se deslizaram pelo meu rosto sem que eu pudesse evitar.— Eu só queria dizer que eu te amo, porfavor fala de volta..

—.....eu te amo querida...

— Eu tenho que desligar..te vejo em casa..

O primeiro sinal tocou e eu encarei o portão tentada a sair mas não fiz isso. Fui para o banheiro e fiquei lá nervosa e com medo sem conseguir ir assistir a aula. A cada sinal meu coração palpitava porque eu sabia que estava perto da hora de ir pra casa, talvez Ian queria só me assustar, talvez não fosse nada e amanhã ele apareceria na escola como se nada tivesse acontecido.

Mas então o último sinal do dia tocou, as pessoas se movimentavam do lado de fora indo embora e eu finalmente tomei coragem para sair.

Agarrei minha mochila com força segui para o portão, assim que cheguei ao lado de fora eu corri o máximo que pude para chegar depressa em casa, passei o primeiro quarteirão disparada mas assim que cheguei ao segundo precisei parar.

Estava fraca não comia nada desde ontem e o sol estava quente, comecei a sentir tonturas mas me forcei a continuar. Ouvia meu estômago roncar a medida que eu caminhava eu já não podia mais correr, notei um carro se aproximar de mim, era todo preto e não dava pra ver o lado de dentro.

Eu não sabia nada sobre o Ian, ele tinha carro? Será que era ele?

Mesmo sem saber ao certo eu voltei a correr pra minha surpresa o carro acelerou ainda mais parando bem ao meu lado, eu já estava desesperada mas sabia que se continuasse me forçando a correr eu iria desmaiar, minha visão já não estava nítida mas vi quando um homem de terno saiu do carro.

O outro saiu também do banco do motorista e os dois vieram na minha direção, a rua está a vazia mas mesmo assim eu gritei:

— SOCORRO! ALGUEM ME AJUDA!

Antes que pudessem ouvir meus gritos alguém veio por trás de mim e um pano foi colocado contra meu rosto, eu me debati com as últimas forças que eu tinha até começar a lentamente apagar.

ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora