A mulher perfeita

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Já passava de meia noite, estava sentado na janela da cozinha fumando e pensando sobre o que aconteceu. Meu pai tinha razão, eu faço isso a anos como pude ser tão imbecil?

Eu estava envergonhado ele nunca tinha me batido na frente de ninguém e desta vez fez na frente da Zoe. Eu sei que aquela ameaça do castigo foi pra ela, ele sempre me atingia no meu ponto mais fraco e desta vez era ela.

Ouvi passos e antes que pudesse levantar pra ver quem era Zoe entrou na cozinha vestindo apenas uma das camisas grandes que eu deixei pra ela, ficava como um vestido e eu sabia que as camisetas menores serviam mas por algum motivo ela nunca usava nada do seu tamanho.

Ela olhou pra mim talvez não esperando que eu estivesse aqui e pegou um copo no armário abriu a geladeira e pegou o jarro de água se servindo.

Eu não vi se ela comeu o resto do dia mas deve ter comido ela não aguentaria a fome por pura birra.

Zoe ia sair da cozinha mas parou no meio do caminho e veio até mim na janela se sentando na minha frente. Eu não fazia ideia do que ela estava fazendo mas gostava de tê-la por perto.

— O que houve? Com aquele homem..

Eu não esperava que ela fosse querer saber principalmente depois do que aconteceu.

— Eu tinha que torturar e matar ele, era o pedido do cliente.

Ela engoliu seco e depois bebeu um gole da água deixandoo copo no chão em seguida, esse assunto ainda era difícil pra ela mas se ela queria saber eu não pouparia os detalhes.

— Eu já tinha torturado e ele parecia fraco então soltei ele pra ficar mais fácil de carregar o corpo depois e foi quando ele pegou a arma do chão e saiu correndo do abatedouro.

— Faz isso desde os treze?

— Assisti meu pai desde os dez, eu tinha que saber fazer.

Ela me olhava com pena mas a verdade é que eu gostava disso, a parte ruim era o temperamento do meu pai cada vez que eu errava. Eu odiava como ele claramente tinha um desprezo por mim e parte disso eu sei que foi por causa da minha mãe.

— E você está bem? Com seu pai..

— Estou.- Era mentira.— Amanhã ele já vai ter esquecido.

Ela continuou ali observando o lado de fora assim como eu, ela ainda não sabia que tínhamos saído do país e eu não pretendia contar pelo menos por enquanto.

Estava a observando agora mais tranquila e não consigo entender porque debochavam do peso dela sendo que ela é magra.
Seu rosto é fino e apesar de só usar roupas largas da pra ver que não tem uma só gordura no corpo.

— Eu não consigo imaginar meus pais falando daquela forma comigo...- ela disse quase em um pensamento alto me fazendo voltar ao assunto me distraindo do seu corpo.

— Você teve sorte, eles pareciam legais.

— Eles são incríveis... sinto saudade.

Seus olhos se encheram de lágrimas e por um momento eu senti pena, mas minha mente sempre me lembrava que esse era o destino dela, Zoe precisava disso e a vida dela é uma mentira.

— Tinha um garoto que gostava de você na escola quando a gente era criança.

— Tinha?

— Sim, zombavam dele por gostar de você mas ele sempre dizia que estava apaixonado pelo seu coração.

Eu não estava mentindo, só não mencionei que eu era essa garoto e que ainda estou apaixonado pelo coração dela. Zoe me encarou com um sorriso meigo e envergonhado, ela é a pessoa mais doce que eu já conheci e por mais que goste da sua sutileza em vir aqui e me perguntar se eu estou bem eu daria qualquer coisa pra ver até onde ela chegaria se estivesse no seu limite.

Durante esses anos trabalhando com meu pai eu desenvolvi um prazer por coisas não muito convencionais, eu tenho sérios problemas mas ser normal nunca foi atrativo. Eu gosto da Zoe, e gostei dela a vida toda porque sempre soube que dentro desse doce coração havia algo tão amargo quanto no meu.

— O que sentiu hoje?

— Como assim?

— Quando ele apontou a arma pra você, qual foi a sensação?

Ela pareceu nervosa com a pergunta e eu sei exatamente porque, eu vi nos olhos dela quando olhou pra mim pedindo permissão para agir ela gostou daquilo..

— Adrenalina eu acho...tenho me sentido assim desde que me trouxe.

— Como se esperasse por algo o tempo todo não é?

ela me encarou assustada e se levantou, não me contive em ir atrás dela quando a mesma saiu em direção a escada, segurei seu braço e a puxei contra mim a segurando firme no escuro da sala. Apenas a luz de fora entrava pela janela e eu pude ver sua expressão claramente.

—  emoção, o medo...você gostou..

— Você é louco.

— E você também..me diz Zoe, o coração acelerado te faz sentir o que?

A pressionei ainda mais forte contra o meu corpo segurando firme seus braços, ela engoliu seco minha pergunta e seu rosto estava tão perto do meu que podia sentir ela segurar sua respiração.

— Me responde. O que sentiu? Aquele frio no pé da barriga, aquilo é adrenalina e eu sei que você gostou.

Ela parou de lutar contra mim e seu olhar desceu até minha boca, não me contive em fazer o mesmo analisando os detalhes tão bonitos agora de perto. Ela é tão linda que me deixa eufórico, imaginava ela em tantas posições diferentes que meu pau doía ao ser pressionado contra o zíper por dentro da calça.

— Eu.... eu tenho que ir pra cama..

A agarrei pela cintura tocando seu corpo por cima da gigante blusa notando o corpo maravilhoso que ela insistia em esconder, me aproximei do seu ouvido e sua respiração ofegante contra meu pescoço me deixou ainda mais arrepiado, ela estava com medo, e ela gostava de ficar com medo.

— Pode negar o quanto quiser mas seu corpo reage quando pensa nisso. Não é errado gostar disso Zoe mas é errado querer esconder esse lado seu.

Ela me afastou e saiu correndo escada acima, essa era minha intenção o tempo todo, Zoe não é uma garota comum e delicada ela sabe que gosta de algo mais e eu sei disso porque a observei por malditos dez anos esperando por esse momento.

Ela seria minha, ela gostaria do que do que eu mandasse ela fazer e ela faria sem precisar de uma ordem pra isso. Zoe Clark era a mulher perfeita para um mafioso e eu estava prestes a provar meu ponto.

ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora