Obsessão

Descontando as frustrações

— O que descobriu?

— Ele tem uma esposa estão em processo de divórcio e duas filhas..

— Porque o divórcio?

— Ela descobriu que ele é um traficante.. A coitada pensou que ele trabalhava na prefeitura, ao que parece ele gastou uma parte da fortuna em alguma coisa e mandou o restante pra ela antes de simplesmente desaparecer.

Estava explicado o motivo dele ter se prendido a essa vingança, ele perdeu a esposa e as filhas.. mas isso não me dava nenhuma informação útil, eu estava de mãos atadas..Vicent estava fazendo o mínimo e Pierre não tinha muito o que fazer.

— Conseguimos saber com o que ele gastou parte do dinheiro?

— Não, ele retirou o dinheiro do banco sem registro de cartão de crédito.

— Onde está a esposa? Pode encontrá-la?

— Posso sim mas ela não vai ajudar em nada.

— Eu decido se ela vai ajudar ou não, encontre ela.

— Sim claro, com licença.

Quando ele saiu eu pude respirar um pouco. Eu estava tão frustrada e com medo parecia que todas as pistas não davam em nada e eu já estava cansada disso...eu só queria ter ele de volta..

Estava de cabeça baixa tentando conter meu surto de desespero quando Pierre bateu na porta já entrando, ele era o único que eu estava permitindo que me visse abalada porque ele estava como eu.

— Eu sei que o assunto do Ian é o mais importante mas não temos ninguém pra fazer as execuções de hoje.

— Eu não posso sair daqui tô esperando o investigador e.....- eu mal conseguia terminar a frase sem chorar, eu estava exausta.— Eu preciso dele pra fazer...Pierre eu não consigo sem ele..

Ele veio até mim e me abraçou permitindo que eu chorasse em seu ombro, matar naquele abatedouro não tinha graça sem ele.

— Eu sei que dói querida...o investigador pode levar uns dias até voltar e eu estou cuidando dos outros negócios junto com o Vicent precisamos que faça isso.

— Eu não consigo...

— Consegue...pensa no quanto ele vai ficar orgulhoso de você quando voltar pra casa..

Eu não ia me afastar do caso dele mas alguém precisava fazer o trabalho sujo que Ian fazia. A parte boa é que eu poderia descontar tudo que eu estava sentindo na próxima vítima.

Sequei minhas lágrimas e respirei fundo indo até o quarto, tirei o terno chique que Ian comprou pra mim e coloquei uma de suas camisas largas que pareciam um vestido em mim...

Fui até seu quarto sentindo o cheiro de seu perfume que a muito tempo eu não sentia, procurei no seu closet até encontrar a mochila com todas as ferramentas e desci para o abatedouro.

A vítima já estava lá, amordaçada e com medo. Era um homem grande e bem musculoso, seus olhos arregalados mostravam que ele não sabia como tinha vindo parar aqui, com esse tamanho eu já esperava que os funcionários tiveram que apagá-lo pra conseguir trazer ele aqui sem problemas.

Era meu primeiro caso sozinha, mas eu não estava nervosa pelo contrário. Eu nunca estive tanto no controle das minhas emoções como eu tô agora.
Peguei a fixa dele lendo todas as atrocidades que ele tinha feito, quinze pessoas nos procuraram para acabar com ele.

— Você é David Mozzino, aparentemente apenas um fisiculturista normal de 38 anos... na sua ficha diz que você matou mais de vinte crianças depois de abusar delas.