Ele ficou na porta do banheiro me vigiando até que eu terminasse o banho, estava me tratando como uma cachorra e não tinha nada que eu pudesse fazer. Em cima do armário havia uma camiseta e um short jeans e apesar de servir em mim eu me recusava a usar algo que marcasse tanto meu corpo.
Abri a porta do banheiro o olhando pela pequena abertura, eu não queria falar com ele mas naquele momento ele era a única pessoa ali que podia me ajudar.
— A roupa que você deixou não coube...- era mentira mas se eu dissesse a ele que não queria usar aquilo ele mesmo vestiria em mim.— Pode conseguir outra?
Ele me olhava entediado mas isso era culpa dele, eu não queria estar aqui e se ele fazia tanta questão de me tratar como um cachorro pelo menos deveria me dar as coisas. Me pegando de surpresa ele apenas levantou a camisa que usava pela base a tirando do seu corpo e me entregando. Engoli seco pela sua atitude eu não esperava isso, não pude deixar de notar seu corpo agora sem nada e sinceramente ele parecia viver em uma academia.
Ele me entregou sua camisa e eu a peguei fechando novamente a porta, pelo menos era grande o suficiente para me tampar até os joelhos.
Quando saí do quarto ele já não estava mais ali, fui até a porta puxando a maçaneta mas obviamente estava trancada, haviam grades nas grandes janelas que iam do chão até o teto, o quarto era bem iluminado e a vista não era nada comum o que me fazia pensar que não estávamos mais na cidade.
Eu estava exausta e nem mesmo sabia porque, deitei na cama encarando o teto e aos poucos meus olhos foram pesando até que eu entrasse em sono profundo.
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Acordei com uma sensação estranha e quando abri direito os olhos ele estava ali no canto do quarto me olhando. Me ajeitei na cama notando que a camisa que vestia estava erguida até meu quadril mostrando minha calcinha e ele também viu isso.
— Não parece ser tão gorda.
Ele disse repentinamente ainda de longe, eu não sabia se ele estava falando sério ou apenas debochando da minha cara.
— Ian...posso perguntar uma coisa?.- ele não disse nada então considerei um sim.— Porque você me odeia?
Ele levantou de onde estava e veio até mim na cama, foi automático eu me retrair porque não sabia o que ele estava pensando e nem como agiria.
— Quem disse que eu te odeio?
O que? Ele só podia estar brincando.
— Quem disse? Suas atitudes desde criança.
Ele sentou na cama ao meu lado e tirou um cigarro do bolso, eu também não sabia que ele fumava. Assim que acendeu tragou fundo e exalou a fumaça para cima como se estivesse pensando.
— É complicado.
— O que é complicado?
— Minha vida. Você vai ver em breve, espero que se conforme rápido.
— Eu não quero ver nada eu só...quero ir pra casa...meus pais estão preocupados e eu não tenho nada que você queira Ian.
— Você tá errada, tem algo em você que eu quero e você vai me dar por livre e espontânea vontade quando estiver preparada pra isso.
Ele levantou indo em direção a porta do quarto mas antes de sair ele se virou novamente pra mim.
— Espero que esqueça que algum dia teve pais porquê essa é sua nova casa agora, se acostume.
Aquilo me deu um choque de realidade que eu não estava esperando, ele não tinha nenhuma intenção de me libertar o que ele pretendia?
Não sei quanto tempo estou aqui, mas com certeza meus pais notaram minha falta e devem estar procurando por mim, eu preciso saber onde estou só dessa forma vou conseguir pedir ajuda.
Novamente aquele cara entrou no quarto trazendo mais comida, dessa vez ele olhou pra mim e continuou parado perto da cama.
— O senhor Ian te mandou comer, vou ficar aqui até que termine.
Era só o que me faltava, ele colocar outra pessoa pra me vigiar. Peguei o copo d'água da bandeja e bebi tudo de uma só vez não consigo me lembrar da última vez que bebi água mas minha garganta estava seca.
Olhei o prato que ele me trouxe com bife e fritas sentindo meu coração acelerar, o homem ainda estava ali parado olhando pra mim e me senti pressionada a começar a comer.
Na primeira garfada eu ouvi meu estômago roncar e mastiguei com dificuldade, estava bom mas eu sentia tanta culpa por comer isso que não podia aproveitar. Continuei comendo devagar até me acostumar com a sensação. Quando estava na metade do prato já não aguentava mais, e comecei a chorar como uma idiota porisso.
— Eu não quero mais.
— Tem que comer tudo.
— Porfavor, eu não aguento mais...diga a ele que estou satisfeita.
Mesmo a contra gosto ele saiu levando o prato e eu corri até o banheiro para vomitar. Forcei os dedos na garganta até por tudo pra fora e quando terminei levantei do chão com dificuldade dando descarga e lavando a boca.
Eu estava tremendo e me sentia tão fraca que me obriguei a voltar pra cama.Estava tentando me recuperar do que tinha feito quando notei que o homem havia deixado a porta entreaberta. Respirei fundo notando que talvez aquela era minha chance de escapar, abri um pouco a porta e olhei o corredor, estava vazio.
Devagar eu sai sem fazer barulho, a casa era enorme e muito silenciosa, o corredor imenso parecia nunca terminar mas no final dele havia uma escada. Tinham várias câmeras de segurança mas se ninguém havia aparecido pra me colocar de volta no quarto provavelmente não estavam vigiando direito.
Desci a enorme escada que dava ao Hall de entrada, pelo quarto eu imaginava que a casa era grande mas isso aqui era uma mansão. Eu ainda estava fraca por ter vomitado a comida mas continuei mesmo assim curiosa pra saber onde eu estava. Não era o estilo de casa que se encontra fácil na minha cidade, era uma casa estilo europeu, grande e luxuosa.
No andar debaixo havia uma sala grande com uma TV que ocupava quase toda a parede, entrei por uma porta que tinha ao lado da escada que acabei de descer e lá havia uma cozinha, me escondi atrás da parede quando vi um homem de terno com um microfone circular por ali. Esperei que ele saísse e continuei explorando a casa.
Depois da cozinha tinham outras portas, eu não queria dar de cara com ninguém então não me atrevi a abrir nenhuma delas mas outra bem ao fim da enorme sala de jogos chamou minha atenção. Era um portão de grade no meio da casa e tenho certeza de que ouvi gritos vindo de lá.
Eu poderia me arrepender porisso mas minha maldita curiosidade falou mais alto e eu fui até lá. Os gritos ficaram mais altos a medida que eu me aproximava, aquilo parecia uma caverna, era escura e grande mas haviam luzes de escavação por todo o túnel e quando cheguei ao lugar central não pude acreditar nos que meus olhos estavam vendo.
Ian estava sem camisa e coberto por sangue, ele segurava um taco de basebol acertando um homem amarrado em uma cadeira.
— Porfavor eu não fiz nada!
O homem gritou contra ele e Ian apenas largou o taco de basebol no chão e tirou da cintura um revólver, meu coração acelerou ao vê-lo daquela forma, o homem amarrado na cadeira começou a chorar e Ian engatilhou a arma colocando na testa do homem e sem hesitar ele atirou.
Arfei alto deixando transparecer meu medo e ele olhou pra mim, não consegui desviar meus olhos do homem morto eu já não podia conter minhas lágrimas e minha cabeça começava a rodar por ver tanto sangue e brutalidade.
— Que merda você tá fazendo aqui em baixo?
Ele veio até mim e minha pernas já não tinham forças para correr, minha visão escureceu e a última coisa que senti foi Ian me segurando antes que eu caísse no chão.
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Obsessão
Storie d'amoreZoe cresceu sofrendo bullying por um colega de escola por causa do seu peso mas tudo muda quando eles crescem e um sentimento inesperado os atingem fazendo eles esquecerem que não se suportam, ela vai descobrir os segredos que ele escondeu a vida to...