Achei que a noite seria bem divertida com Matt, porque eu queria que fosse, mas as palavras dela acabaram estragando a noite.
Eu não conseguia parar de pensar que, já no segundo dia, ela tinha uma impressão de que sou não o profissional o suficiente. Depois que Matt me buscou na porta do hospital, queria ter dito para me deixar em casa, mas ele estava tão animado que achei melhor não dizer.
A lanchonete fica bem ao lado de outras duas bem disputadas. A decoração não é muito incrível como Matt fez propaganda que seria, mas quando o lanche de Matt chegou, eu diria que valeu a pena, era divino.
Matt recheou a mão para dar uma mordida no hambúrguer, que já havia chegado, dei um tapa tão forte na sua cabeça que eu vi um pedaço da alface voar, queria que ele esperasse por mim.
Ele riu com um pedaço de pão puro na boca. Estava com tanta fome que era a primeira vez que vi ele comer sem me esperar. Quando o meu chegou, entendi o motivo.
Era o melhor hambúrguer que já provei, não costumava comer muito disso; os dias de lanche sempre eram pizza com a mamãe.
Matt foi o primeiro a acabar e obviamente ficou com meu último pedaço, já que me prometeu que me levaria para tomar sorvete se eu lhe entregasse, tudo por um sorvete.
Ele ria satisfeito com meu pedaço de hambúrguer, mas por mais que negasse ainda estou incomodada com as palavras de Elizabeth sobre mim.
— Da última vez que te vi assim, uma garota tinha grudado chiclete no seu cabelo. - ele engoliu o último pedaço na sua mão enquanto me olhava.
Eu ri porque era verdade. Da última vez que me senti assim, Cloe tinha colado chiclete no meu cabelo porque não gostava de mim e eu tentei encontrar o motivo de ela ter feito isso, mesmo que não tivesse um.
— Lily, tem algo te incomodando? - Matt parecia mais sério agora.
Eu me sentia confortável com Matt a ponto de dizer que estava chateada com algo, mas isso parecia tão estranho de dizer.
— Eu tenho sal aqui se quiser. - ele tocou no bolso da jaqueta, procurando o pote para me entregar.
— Não precisa, eu tô bem. - Respondi tocando sua mão.
— Se não gostou do lugar, eu te levo embora.
O que tá acontecendo, Lily? - Ele me olhou preocupado.Deixei escapar um suspiro antes de contar os acontecimentos dos últimos três dias. Matt é um amigo muito compreensivo, talvez pela idade, mas sempre parecia saber o que dizer.
— Não é isso, o lugar é perfeito Matt. É que aconteceu algumas coisas, e eu tô voltando a desmaiar com frequência. - Comecei a explicar.
— Voltou a desmaiar? Por que você não me contou? - Matt interrompeu minha explicação; ele se preocupava bastante com minha síndrome.
Matt era assim, acho que desde que o conheci na faculdade, ele me trata como uma irmãzinha mais nova, é um garoto muito doce, embora seja também muito sarcástico.
Nunca me tratou diferente, mesmo sendo quase nove anos mais velho que eu, sempre tenta me encaixar em qualquer assunto ou situação da sua vida e eu adoro isso nele.
— Estou bem Matt, não está tão ruim assim. Antes eram quatro desmaios por dia, agora são dois em um dia, já estou melhor. - Tentei tranquilizá-lo, mas ele nunca ficava satisfeito com essa melhora duvidosa.
Não o culpo, a mamãe era igual. Já a vi chorar porque nenhum tratamento funcionaria, e ela sabia disso. É uma síndrome sem cura, então eu preciso aceitar que vou ter ela para sempre.
Matt não concordava com a ideia de eu tentar a carreira como neurocirurgiã, por vários motivos, era um lugar de competição e principalmente de preconceito.
Não é muito fácil uma garota com PoTS se tornar neurocirurgiã, é uma carreira que exige demais.
Então contei sobre o apelido e ele riu. Eu sabia que ele iria rir e já esperava isso dele, mas não esperava que iria rir quando eu contasse que levantei a voz para Elizabeth Olsen. Mas foi o que ele fez.
— E então, ontem eu levantei a voz para ela. Mas eu posso explicar. - Confessei, notando a expressão incrédula de Matt, parecia se divertir com minhas desgraças.
— Vamos com calma, você fez o quê? - Ele ria com aquela risada de fumante dele, riu tanto que ficou vermelho.
— Não ri seu bocó, eu estou sofrendo, tentei me explicar depois para ela e ela até foi legal no começo, mas depois disse que eu deveria ser mais profissional daqui para frente. - Eu mordi o lábio novamente ao lembrar da humilhação que foi.
— Matt, ela disse que eu não sou profissional o suficiente e isso no segundo dia, isso é péssimo porque ela tem um Prêmio Harper Avery, sabe o que isso significa? Significa que ela pode me humilhar.
— Ela não pode te humilhar, a menos que você deixe, você é profissional e porra, isso é tão confuso. - Matt passou a mão pelos cabelos castanhos.
— Eu ainda não acredito que você foi capaz de levantar a voz para alguém e bom eu não faço ideia do que ela quis dizer sobre você não ser profissional, você é profissional! - Matt admitiu, tomando um gole do refrigerante.
Arregalei os olhos ao ouvir essas palavras da boca de Matt, deveria ter gravado essa conversa para ouvir depois.
Mas ele completou, fazendo meu sorriso sumir.
— Um pouquinho profissional. - Ele demonstrou o tamanho com os dois dedos.
Nós dois já tínhamos acabado o lanche, então Matt foi cumprir a promessa e me pagar um sorvete, óbvio, eu escolhi o melhor sabor, o de chocolate e Matt escolheu o de chiclete o mais sem graça.
Matt me levou para casa, conversando sobre como tá indo seus estudos de advocacia, acho que já tinha quase esquecido do que aconteceu hoje, até que novamente voltei a pensar.
Isso era comum, sou uma pessoa que vive muito no passado, mas isso estava me incomodando demais por algum motivo.
Matt no carro contou que teve um encontro desastroso com uma garota, disse que ela tinha um pedaço de papel nos seios e quando tentou avisá-la, a garota surtou.
Ela achou que ele a chamou de "despeitada". Matt repetiu as últimas palavras com imitação da voz dela.
E eu babei de tanto rir, porque ela parecia ter um sotaque muito engraçado.
A noite estava tranquila e o frio deixava ainda mais gostoso de estar lá fora com Matt, observei o céu com a lua enorme e redonda, até a voz de Matt chamar minha atenção.
— Lily, não se preocupa tanto com a Dra. Bruxa, eu fiquei feliz por você ter enfrentado ela, embora ela vá tornar sua vida um inferno! - Matt entregou a caixa para mim quando eu descia do carro.
— Você nunca que diria isso na cara dela, mas valeu Matt. - Não sei se ele queria me tranquilizar, mas estranhamente funcionou.
— Sinceramente a "loirinha atrasada" vai deixar a Bruxa boquiaberta, Moranguinho. - Matt piscou com a boca aberta, de um jeito fofo, usando o apelido que ele adorava.
— Seu boboca, tinha que estragar o momento amizade com esse apelido bobo. - Fechei a cara, mesmo que estivesse feliz por dentro, agradecida pelas palavras de Matt.
— Até segunda, Moranguinho. - Matt se despediu, saindo com o carro.
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Elizabeth Olsen e Lily Blake
FanfictionA medida que Lily enfrenta as expectativas do seu desejo de se tornar neurocirurgiã tendo uma doença sem cura, ela se vê confrontando emoções confusas ao redor de Lizzie, inicialmente mascaradas por um aparente desprezo pôr ambas. As duas pensam se...