Capítulo 26

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Permaneci no sofá por tanto tempo que minha bunda já estava doendo, estou suando e sinto vontade de chorar.

Apesar de semanas de sucesso nas cirurgias, um plantão exaustivo de 48 horas, e a próxima cooperação em uma cirurgia crucial em apenas cinco dias, tudo que as pessoas pareciam ver em mim era minha doença.

Como isso era possível?

Não tinha desmaiado, ajustei meus medicamentos, então como um desmaio tinha arruinado tudo?

Andei de um lado para o outro, incapaz de conter as lágrimas, sem entender por que chorava.

Matt, meu melhor amigo que prometeu ligar todos os dias, parou de ligar

Meu pai, que parece não se importar com minha existência

Magoei Rolly com algo que nem sei o que é.

Não consigo participar da cirurgia porque a família da paciente não permite.

Elizabeth não consegue me olhar nos olhos, mesmo após me dizer que sentia muito, pela forma como ela me tratou meses atrás.

Eu estou prestes a sair com uma cardiologista, que só sei o nome porque não consigo dizer não, ja posso imaginar as acusações de que eu estou saindo para ganhar cirurgias.

Meu Deus é desesperador como ela estraga tudo, tudo por culpa dela.

Fui até o sofá e joguei um travesseiro que acertou sem querer um vaso de flor em cima da mesa, fazendo ele se despedaçar.

Coloquei a mão na boca ao perceber o que fiz, fui até o chão e comecei a catar os pedaços, e coloquei as flores em cima da mesa.

Não sabia se estava rindo ou chorando, porque a forma como as flores caíram formaram um "E" e novamente, ela veio em minha cabeça.

Não acredito que tudo o que me acontece ela tem culpa, tudo porque me importo de mais com ela, se ela pelo menos pudesse ser ela mesmo.

Me sinto muito idiota.

Não consigo parar de pensar nela, desde a primeira vez que pisei no hospital, me sinto desesperada por ela, odeio me sentir assim.

Não posso estar gostando dela.

Terminei de catar as flores e os cacos e sentei novamente no sofá chorando enquanto abraçava os joelhos.

Eu sabia que ela não me odiava, mas ao mesmo tempo ela parecia não gostar de mim, parecia não conseguir nem mesmo olhar para mim, era como se doesse só me olhar.

Me assustei quando a porta se abriu, escondi o rosto para que não me vissem chorar.

— Lily? - Sua voz me chamou, e não ousei olhar envergonhada pela forma como estava.

Ouvi a porta fechar devagar e ela se sentar ao meu lado no sofá.

— Lily, o que houve? - ela perguntou, mas não queria falar para ela sobre aquilo, não era certo.

— Se você está assim por causa do convite para sair... - ela se apoiou no sofá.

— Não precisa aceitar, sério, eu sei que eu sou uma pessoa muito maneira e bonitona. -  Jane se lamentou, me fazendo sorrir.

— Não estou chorando por você. - disse, sorrindo enquanto cobria os olhos.

— Então, vou ter que matar alguém. - ela brincou, apoiando-se em mim.

— Não... acho que não. - sequei os olhos com o jaleco.

— Seus olhos azuis, estão tão vermelhos, parece que você usou uma boa cannabis. - ela riu me fazendo acompanhá-la.

Ficamos um tempo em silêncio até ela falar me fazendo encarar ela alguns segundos.

— por que não tentamos falar sobre isso? - ela sugeriu.

Não sei se estava, confortável o suficiente para falar que talvez estou apaixonada pela minha chefe, que praticamente não dá a mínima para mim, então continuei em silêncio.

— Vamos fazer o seguinte: ficamos de costas uma para a outra e dizemos o que está nos incomodando, como na escola.

Nunca fiz isso na escola.

Pensei por alguns segundos, nunca falei sobre meu problema na escola, mas concordei. Ela se virou, ficando de costas para mim, e fiz o mesmo que ela.

Ela limpou a garganta, quase começando a falar quando tentei virar para olhá-la.

— Não vale espiar. - ela repreendeu, apoiando a cabeça sobre a minha.

— Desculpe... - murmurei, voltando à posição inicial.

Ela limpou a garganta novamente e começou:

— Estou chateada porque não consigo aprender um procedimento muito simples, sendo cardiologista a anos.

Fiquei em silêncio tentando entender que procedimento ela poderia estar com dificuldade.

— Agora é sua vez. - ela me esperou.

Pensei alguns pensando no que dizer, tinha tanta coisa pra falar que meu cérebro simplesmente apagou tudo.

— Sem pressa. - ela tentou me deixar calma e então falei.

— Estou chateada porque não pude participar de uma cirurgia, de uma paciente que gosto muito.

Ficamos um pouco em silêncio e ela se ajeitou em minhas costas e continuou:

— ..Estou chateada com minha melhor amiga porque ela vai voltar com o marido idiota. - ela disse, e quase me virei.

— Sem...

— Desculpe... - me ajustei, suspirei e continuei a falar.

— Estou chateada porque não sou a Dra. Lily Blake, sou a garota desastrada que desmaia. - confessei, sentindo a garganta formar um nó.

— Estou chateada porque minha futura esposa, está chateada. - respondeu ela, virando-se para mim.

Senti ela se virar, mas não quis fazer o mesmo e continuei de costas para ela.

— Lily.. eu sei que não nos conhecemos, e não quero que se sinta pressionada a sair, se não quiser. - disse ela.

— Eu quero... eu quero sair com você, mas não agora, se você quiser sair comigo...

— Eu adoraria, adoraria Lily, não importa quando. - ela respondeu.

Virei devagar para encará-la e percebi como ela tinha um lindo sorriso.

— Viu? Sou bonitona. - brincou, levantando as sobrancelhas me fazendo rir.

Levantei as mãos para demonstrar o quanto concordava, e ela me empurrou no sofá para me fazer rir.

Mas ao sentir sua mãos tocar por acidente nos meus seis, acabei nos jogando do sofá, nos fazendo cair sobre o carpete da sala.

— Ai. - exclamei ao bater as costas no chão.

— Acho que quebrei uma costela. - ela gemeu, apertando a cintura, e eu ri.

Ela era divertida e ficamos alguns segundos no chão até o bip dela tocar e ela precisar sair, antes de sair pela porta, ela disse:

— Obrigada pelas risadas, Dra. desastrada e desmaiadora Lily Blake - e saiu sorrindo.

Ela era estranha, mas me fez sentir como se conhecesse ela, e me tirou de alguns pensamentos com algumas risadas, seria injusto se não saísse com ela.

Elizabeth voltou em meus pensamentos.

Elizabeth Olsen e Lily BlakeOnde histórias criam vida. Descubra agora