Capítulo 34

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Lily

Essa devia ser a quarta vez que conferi meu celular. A jaqueta de Alex realmente foi uma boa ideia, estava tão frio que talvez devesse fechá-la.

Provavelmente fazia meia hora que Alícia havia me deixado na porta da boate. Um grupo de garotos trocava um pequeno cigarro. A fumaça era grossa e, pelo jeito como sorriam, não era apenas nicotina.

Dois seguranças de terno me fitavam há alguns minutos, parecendo se perguntar se eu não ia entrar. Não ia, pelo menos não até encontrar Jane.

Quando liguei a tela do celular novamente, uma notificação me fez gelar, talvez pelo frio ou pela mensagem que dizia que ela já estava na parte de fora.

Subi meus olhos em direção aos seguranças parados em frente à boate e vi Jane. Meu coração acelerou e meu estômago se contraiu.

Seu cabelo cacheado e o batom vermelho em seus lábios eram tão marcantes que eu podia ver perfeitamente cada contorno, mesmo à distância.

Ela me olhava, sorrindo, e eu sabia que, mesmo sem estar me vendo claramente, ela me notava. Apertando o bilhete da boate discretamente, abaixei o rosto em direção ao celular quando a vi se aproximando.

Minha atenção foi desviada por um homem que, não muito gentilmente, tocou meu cabelo, me assustando.

— Você tem um lindo cabelo, ruivinha. Está sozinha? - Um moreno de aparência mais velha pareceu se oferecer para mim.

Não respondi, pois Jane interveio antes.

— Sai fora, ela está comigo! - Jane deu um leve empurrão no homem, que, não muito convencido, acabou se afastando quando foi chamado pelos amigos.

Enquanto ele se afastava, fitei Jane por alguns segundos. Ela estava tão bonita que meus lábios quase formaram uma frase que cortei quando ela virou para me receber.

Não a elogiei, e também não recebi um elogio. Não sou insegura, mas realmente me preparei para ela. Acho que estou um pouco chateada por não tê-la impressionado.

Ela me deu a mão de forma amigável e entregou meu bilhete amassado aos seguranças.

Ao entrar na boate, o som alto e o cheiro de cigarro foram as primeiras coisas que notei, além do grande letreiro roxo no teto.

A boate estava cheia, uma fila de homens se formava logo depois da entrada. Algumas bebidas pareciam jogadas. Não sou de sair, mas sei que não se deve deixar uma bebida destampada em Nova York.

Os corredores eram decorados com tinta neon. Me senti intrusa ao ver um homem de cabelos verdes introduzir um comprimido branco na boca de uma garota.

Meus olhos vidravam-se na imprudência deles. Jane gostava de lugares assim? Não era ruim, mas eu não imaginava que ela fosse tão "jovem".

— Lily? - Voltei dos pensamentos quando a voz de Jane me chamou. — É aqui em cima!

Ela estava no topo de uma escada amarela neon, ao lado de outro segurança, que parecia mais receptivo que os da entrada. Subindo os degraus enquanto ajustava o vestido, percebi que ela entregava algo ao segurança, parecia um papel.

Queria saber o que era, mas deixei passar quando ela segurou minhas mãos ao entrarmos na multidão de pessoas.

O camarote era espaçoso e apertado ao mesmo tempo. A música era ótima, e Jane me puxava por entre as pessoas. Paramos no meio e ela disse algo que apenas concordei com a cabeça, pois não entendi.

O som estava tão alto e as risadas e gritos ao redor me impediam de ouvir.

Observei ela se afastar e fiquei no meio, balançando um pouco. Não queria parecer uma estátua entre as pessoas que se divertiam. Logo parei quando Jane voltou com duas bebidas. Ela me estendeu um copo e ouvi-a dizer "pronta?".

Assenti com a cabeça e viramos as doses. O amargo do álcool desceu pela minha garganta, fazendo-me balançar a cabeça.

— Você está... - disse ela, me fazendo arquear a sobrancelha, pois não havia entendido.

— O que disse? - questionei.

Jane sorriu e balançou o quadril. Observando-a dançar, sorri. Ela não tinha vergonha, dançava livremente.

Um garçom passou por nós, nos fazendo virar outra dose e devolver os copos. Nesse instante, me afastei um pouco, mas logo nos aproximamos novamente. A música era forte e animada, me fazia querer dançar mesmo que não soubesse como.

Jane voltou a falar, e dessa vez eu queria ter ouvido. Ela parecia me olhar de uma forma diferente.

— Não consigo ouvir. O que você disse? - Me aproximei mais dela.

Jane se apoiou em meu braço e desceu as mãos até minha cintura. Senti seu calor ou talvez fosse meu estômago estranho outra vez.

— Você está gostosa, Lily. - Jane inclinou-se até meu ouvido e depois jogou a cabeça para trás, sorrindo provavelmente pela minha expressão surpresa.

— Obrigada. - sorri tímida.

A música estava tão alta que era difícil manter uma conversa com Jane, mesmo que ela estivesse perto. Jane dançava com as mãos para cima tocando o cabelo cacheado.

As vezes sentia suas mãos em mim como uma forma de me fazer soltar e dançar, eu tentei confesso, mas diante dela, parecia meio sem ritmo.

O garçom voltou e desta vez me ofereci a pegar nossos drinks, tomei um gole que desceu menos quente dessa vez, quando percebi Jane tinha uma careta como se dissesse que sou corajosa de mais para virar a bebida tão rápido.

— Está gostando? - Jane gritou, inclinando-se para perto do meu ouvido.

Seus lábios quase tocaram minha pele, e seu cheiro subiu pelo ar como se fosse o único ali.

— Sim, entendi o porque é sua balada favorita.- respondi, e vi o sorriso dela se alargar.

— Sabe o que mais gosto em você. - Jane gritou misturando a bebida em sua mão.

— O quê? - perguntei curiosa.

— Eu amo quando seu corpo entrega como está se sentindo. - Jane se inclinou para perto de Lily e puxou a azeitona da bebida até a boca fitando a garota.

Lily virou o rosto para o lado sentido envergonhada.

— Viu, não consegue se esconder. - Jane sorria satisfeita.

Lily mesmo envergonhada puxou a mão da mulher a levando para o meio da pista, Lily sorriu ao ver a mulher supresa.

— Você também não consegue Sr. Miller. - Lily sorriu de lado.

Elizabeth Olsen e Lily BlakeOnde histórias criam vida. Descubra agora