Capítulo 5

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O plantão começou cedo, às 6:30 da manhã, então acordei uma hora mais cedo para arrumar as coisas, como de costume.

Ontem à noite recebemos as fichas dentro da caixa de equipamentos e eu já tinha lido as fichas dos pacientes que poderia atender hoje e os horários de cada residente e médico.

Talvez estivesse bastante ansiosa, mas não queria dar motivos para que Elizabeth continuasse com a ideia de que não sou profissional o suficiente.

Então cheguei no hospital e aproveitei o horário livre para estudar o resto dos papéis, andei pelos corredores do hospital anotando tudo o que era importante que estava na folha, e o que lembrava sobre a reunião de ontem.

Eu já sabia que deveríamos primeiro analisar as fichas dos pacientes e principalmente alergias, depois analisar o quadro médico e depois dizer qual seria o diagnóstico.

Essa manhã o hospital estava bastante agitado, e era apenas 7 da manhã, acho que já devo ter visto uns 6 pacientes na emergência, mas com casos simples como queimaduras, cortes ou infecções.

Terminei de anotar o necessário e obviamente fui em busca do que deveria fazer e quem deveria atender, ao entrar na sala de reuniões, meus olhos foram como ímãs nela.

Elizabeth estava vestida com o jaleco branco por cima do conjunto azul escuro, seus cabelos estavam soltos e uma parte atrás da orelha. Embora seu rosto estivesse sério, estava muito bonita.

A sala já estava cheia então, evitei olhar para ela por muito tempo para não ficar esquisito demais, embora não tivesse nada errado em olhar para alguém.

Ela tinha o tablet nas mãos e uma caneta de tela, quando cheguei ela já havia separado dois residentes e o que eles deveriam fazer, então só me restava era esperar.

Quando chegou minha vez, ela distribuiu as tarefas do dia com uma indiferença sutil.

Fui designada para os casos mais simples na emergência os mesmos que chegaram, ou seja, curativos e administração de medicamentos intravenosos.

Era como se ela dissesse que eu deveria ser parteira.

Assim que ela completou a ordem, eu me imaginei indo até ela e a chamando de insuportável, mas apenas me conduzi pelos corredores, coletando os prontuários no balcão.

Embora as palavras não tenham sido ditas por ela, sua escolha revelava uma indiferença que não conseguia ignorar, ela me considerava a mais frágil ali, á menos capaz, á não profissional o suficiente.

E isso me irritava porque ela não me conhecia, porque agia como se me odiasse? Evitando até mesmo falar olhando para mim.

A emergência mudou completamente, geralmente agitada, tornou-se tediosa e eu me esforcei para encontrar animação naquele lugar.

No meu prontuário tinha 1 opção, ou seja, eu tenho um dia todo e só vou atender um paciente, meu primeiro paciente e único, era um senhor de 51 anos com problemas respiratórios.

Enquanto lia a ficha dele, uma mulher de cabelo Chanel e macacão azul claro me avisou sobre seus sintomas, ela era enfermeira pela cor da roupa.

— Antônio Marli, 51 anos, vem reclamando a dias de dor no peito e dificuldade em respirar, está com tosse seca e um aperto no peito. - Ela abriu a cortina da maca.

— Ele já tomou remédios como dipirona e ibuprofeno, mas sem melhora, qual seria o diagnóstico? - Ela perguntou me olhando.

Eu ficaria nervosa com a rapidez que ela fala, mas já havia lido o prontuário de todos e já sabia o que ele tinha, então só fiz o regulamento.

O senhor Antônio dormia na maca do hospital e parecia mesmo cansado, pedi a ela um estetoscópio e pedi licença para tocá-lo e examiná-lo.

Ele não reagiu e nem se moveu, sua respiração estava acelerada como um balão, era um grande esforço e fazia muito barulho.

No prontuário que li, não tinha informação sobre alergias e nem exames invasivos já feitos, mas tinha uma frequência grande da presença do senhor Antônio no hospital.

Ou seja, era um sintoma que ia e voltava com frequência, ao encostar o estetoscópio no peito do senhor Antônio, tive o resultado imediato do chiado alto no seu peito.

Ele tem Asma.

— Asma, provavelmente tipo 2 pela frequência cardíaca, os tratamentos incluem broncodilatadores, para aliviar a constrição das vias respiratórias e corticosteroides, para reduzir a inflamação. - Respondi ajustando a roupa do paciente.

A enfermeira de Chanel pareceu contente com minha resposta e perguntou se tinha algo a mais que gostaria de acrescentar.

— Bom, em alguns casos é recomendável evitar fatores desencadeantes, como alérgenos ou irritantes. - Passei o estetoscópio pelo pescoço para guardá-lo.

— Ótimo, doutora? - Ela perguntou meu nome.

Quis sorrir ao ouvir doutora, era engraçado pensar que eu podia ser respeitada.

— Sem doutora ainda, apenas Lily, Lily Blake. - Respondi com um sorriso estava contente pelo diagnóstico correto.

O paciente, apesar da situação comum, recebeu minha atenção dedicada, então terminei de atender os pacientes que precisavam de soro.

Não é que estava ruim e óbvio que não queria ninguém morrendo para ficar interessante, mas Michelle Still, a outra residente de Elizabeth, pegou o primeiro caso e foi de hipertensão arterial.

Eu mataria para estar no lugar dela.

Estava tão entediada na emergência que saí e fui levar os papéis de exames de sangue para o laboratório no lugar da enfermeira.

Ao sair do elevador, deparei-me com Elizabeth no quadro médico, apagando uma cirurgia recentemente saída.

Meus olhos desviaram-se da prancheta de exame para ela, seus cabelos antes soltos agora estavam presos pela touca de cirurgia e ela não estava mais com o jaleco branco só o conjunto azul escuro, as mangas do uniforme estavam puxadas para cima.

Seus pés não encontravam o chão ao tentar apagar o quadro o que me fez sorrir por algum motivo, ela é muito bonita.

E talvez fosse o uniforme que a fizesse exalar confiança, mas por mais que eu tentasse negar, ela era uma mulher muito atraente.

Devo ter ficado um tempo observando ela, porque só fui me dar conta que olhei por tempo de mais, quando percebi que ela agora me olhava.

Virei de costas tão rapidamente que senti um estalo, desviei o olhar dela como se estivesse focada na prancheta com os exames.

Consigo escutar o barulho dos seus sapatos e o cheiro do seu perfume, mas ainda sim fingia não saber que ela se aproximava de mim e só a olhei quando ela me pediu a prancheta.

Com um gesto firme e educado, pegou de minha mão, ficou um tempo lendo e consegui perceber um sinal que ela tem atrás da orelha, é bem fofo.

Não tinha muito o que ler no prontuário porque eu atendi um paciente e o resto eram apenas exames da emergência, mas ela ainda olhava para a prancheta, então achei que devesse falar algo, mas não falei porque ela também não falou.

Eu queria tanto perguntar sobre o porque ela acha que não sou profissional o suficiente, mas não fiz, apenas deixei com que ela saísse.

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Elizabeth Olsen e Lily BlakeOnde histórias criam vida. Descubra agora