Do lado de cá (romance gay)

2 - Josh_147

O estúdio estava vazio. Já passava das sete da noite então não havia mais ninguém trabalhando por ali. Arrastei a enorme cadeira que ficava em frente à mesa de vidro do Daniel e me sentei ao seu lado. Ele usava um computador desktop fodido com dois monitores de 27 polegadas e um monte de parafernálias tecnológicas. Eu me contentava com meu iMac no escritório e um MacBook quando estava em casa.

– O que é isso? – perguntei assim que vi sua tela cheia de imagens de homens praticamente nus – ampliando as buscas pro casting?

– Para de ser idiota. Quero te mostrar esse cara.

Como Daniel não conseguia levar a cabo os próprios impulsos e desejos, vira e mexe ele recorria a esses sites pornôs em busca de diversão. Ultimamente ele andava consumindo as lives privadas que os rapazes costumavam oferecer, e estava desembolsando uma grana com isso que começava a me preocupar.

– Você sabe que eu não curto essas coisas. – Não queria parecer esnobe, mas de fato nunca precisei disso.

Daniel abriu um perfil e me mostrou o vídeo de um rapaz. Por um momento fiquei com água na boca enquanto contemplava o físico de uma estátua grega num corpo dourado da cabeça aos pés. Os fios loiros meio compridos do homem estavam presos na nuca, os olhos verdes flamejavam atrás da tela e a sunga que ele usava não era suficiente pra esconder as coisas. Mesmo contrariado, fiquei de pau duro na hora.

– Olha esse cara! Participei de uma privé com ele ontem.

– Ele não se parece muito com um garoto de programa. Parece mais um modelo do nosso casting.

– Ele não é garoto de programa. É designer gráfico.

– Você pagou pra ele, então é garoto de programa. E não acredito que desembolsou dinheiro só pra perguntar a profissão do cara! Você sabe que o que eles falam é tudo mentira, certo?

– Não acho que seja. Ele é novo no negócio. Deve ter entrado nessa porque precisava de grana.

– Sei... Tem mais vídeos dele? – não queria admitir, mas fiquei interessado.

– Não. Como eu disse, ele é novo por aqui. O perfil subiu há três dias.

Fiquei olhando para a imagem. O rapaz dava algumas voltas e apoiava a perna numa cadeira, depois finalizava o vídeo com o sorriso mais lindo que já vi na minha vida. Quando terminava, o vídeo começava de novo num looping. Eu não conseguia desviar os olhos daquele rosto simetricamente perfeito, nem daquele peito avantajado, dos braços de músculos salientes, nada exagerado ou truculento, apenas o suficiente para esticar camisetas e despertar suspiros. As pernas cobertas de pelos loiros me fizeram imaginar coisas, e o traseiro dele, puta que pariu!

– O perfil dele é misto. – comentei quando vi que ele aceitava homens e mulheres no canal.

– Sim. Ele é um cara aberto.

Me irritei quando Daniel falou como se de fato conhecesse o rapaz. Ele às vezes era ingênuo demais pro meu gosto.

– Ele não parece muito jovem, digo, jovem como esses caras costumam ser nesses ambientes.

– Como eu disse, acho que ele está nessa porque precisa de dinheiro. Eu dou uns 30 anos pra ele.

– É... entre 27 e 30 anos.

Olhei para a tela e para o nome do perfil: Josh_147.

– Você vai voltar a chamá-lo para mais lives?

Meu irmão não costumava repetir os perfis que visitava. Ele não queria se envolver e estava certo em relação a isso. Ele me olhou de um jeito enigmático antes de responder.

– Complicado. Esse é um tipo de cara que me traria problemas. Provavelmente não.

Bem, eu nunca consumi esse tipo de coisa, mas algo me dizia que eu precisava urgentemente saber a idade dele, e que isso era uma boa desculpa para ver o que ele guardava debaixo daquela sunga.