13 - Quem você quer ser?

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Foram dois dias de espera. Depois que Diego aceitou sair comigo, eu precisei me organizar em todos os projetos que protelei e atrasei a entrega por estar enfurnado num poço de autocomiseração. Por mais que quisesse mandar tudo pra casa do caralho, nunca fui inconsequente ou irresponsável com minha vida profissional. Com todo o resto, talvez tenha sido, mas não com a minha carreira.

Virei as duas noites trabalhando e finalmente coloquei os books em dia. Eu não tive nem quatro horas seguidas de sono no período, então estava exausto mas nem por isso meu corpo se rebelou com a expectativa de uma noite de sexo.

Estacionei o carro na praça em frente ao banco onde havíamos nos beijado da primeira vez. Minhas mãos suavam e tenho certeza de que nunca me senti tão ansioso antes. O fato de ter que aguardar os dois dias até finalmente podermos ter esse tempo juntos contribuiu para minha impaciência.

Diego estava sentado no banco e ficou de pé assim que notou minha aproximação. A atitude dele demonstrou que ele também estava ansioso e isso me fez me sentir um pouco menos ridículo. Ele estava fodidamente gostoso num jeans e camiseta preta, e meu pau chutou dentro das calças de ansiedade. Eu abri o vidro do carro e olhei para ele, não demorou nada e ele já estava sentado ao meu lado.

– Tudo bem? – perguntei. Eu tinha que perguntar, afinal, a ideia foi minha e não sabia até que ponto pressionei para conseguir isso.

– Tudo. Vamos.

Polido, objetivo e determinado. A postura de Diego me animou e assustou ao mesmo tempo. Me perguntei quantas vezes ele já devia ter feito isso antes, e o que senti com o pensamento me fez enterrar a dúvida bem fundo dentro de mim. Não era hora para conjecturar sobre o que não tinha coragem de perguntar.

Em cinco minutos eu estava embicando no motel de sempre. Quando cheguei ali fiquei um pouco arrependido de trazer Diego no mesmo lugar onde havia trazido outras conquistas não tão significativas. Me senti ainda pior pela forma como classifiquei meus outros parceiros. Eu continuava sendo um miserável desprezível.

Eu ainda estava acabrunhado com esse pensamento quando entramos na suíte, mas assim que fechei a porta e olhei pro Diego, tudo desapareceu. Eu me dei conta de que estava ali com ele, e que ele estava ao alcance da mão. Ao alcance da minha mão, da minha boca e do meu pau que reagiu num rompante. Eu queria agarrá-lo e não dar tempo de ele me pedir para parar, mas eu prometi a mim mesmo que agiria diferente dessa vez, então perguntei:

– Quem você quer ser: Josh ou Diego?

Me dei conta de que queria os dois. Eu queria a energia, a eletricidade e a virilidade de Josh, mas também queria a doçura, a sensibilidade e o calor de Diego. Eu queria tudo, e talvez tudo não fosse suficiente.

– Sou Diego. Quem você quer ser?

Talvez ele soubesse. Talvez tenha sentido que o que eu menos precisava era de uma foda fantástica. O que eu mais precisava era do calor de ser recebido e acolhido. Eu não queria conquistá-lo, reivindicá-lo e possuí-lo. Eu queria merecê-lo, recebê-lo e ser aceito.

— Samuel. Sempre fui Samuel para você, Diego.

Do lado de cá (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora