11 - Desconectado

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Uma semana se passou depois daquele beijo, e eu não consegui mais tirar o Diego da cabeça. Já fiquei com homens bonitos ao longo da vida, já tive noites quentes e beijos tórridos que me deixaram cheio de volúpia, mas Diego superou todos eles. Minha nova vida não ajudou muito a pensar em outra coisa, já que eu fazia de tudo para fugir do meu drama e não pensar no Daniel.

Eu cheguei a ir ao estúdio, mas não consegui ficar lá por muito tempo. Ver as coisas do meu irmão espalhadas pelo espaço me machucava, eu ficava esperando que ele entrasse pelas portas a qualquer momento falando alguma merda ou me dando alguma bronca.

Mas ele não entrou. Ele nunca mais entraria por aquelas portas, e a verdade era como uma faca de pão cortando meu externo, abrindo meu peito e fazendo sangrar toda a minha motivação. Era como tentar respirar debaixo d'água e sentir o líquido explodindo os pulmões.

Sabia disso porque já me afogara uma vez. Numa das viagens que fizemos juntos à Grécia, enquanto eu capturava imagens do mar Egeu, me desequilibrei com a minha câmera e caí na água. Eu sabia nadar porém o choque e a preocupação com meu equipamento me fizeram perder o controle, a água entrou e na tentativa de emergir, me apavorei e acabei me afogando. Daniel me tirou da água e me trouxe de volta.

Ele salvou a minha vida.

Mas eu não pude salvar a dele.

E agora eu vivia com a sensação de que a água nunca sairia dos meus pulmões porque ele nunca mais estaria lá para me trazer de volta.

Ao longo da semana entrei no site pornô e fiquei esperando Diego, ou Josh, se conectar, mas ele não o fez. Eu deixava o notebook aberto do meu lado com a página carregada enquanto tratava fotos no desktop mas, para minha decepção, minha nova obsessão não apareceu.

Eu cheguei a ficar preocupado com ele. Tão preocupado que um dia levei meu MacBook até a padaria em frente ao prédio que ele morava e trabalhei ali. Mesmo assim não o vi entrando ou saindo do edifício. Foi a primeira vez que especulei se ele morava sozinho ou com alguém, e se haveria alguma pessoa significativa na vida dele. O pensamento me chateou muito mais do que gostaria de admitir.

No final da semana, enquanto colocava alguma ordem no meu espaço abandonado desde a internação do Daniel, recebi uma mensagem do Pedro e me aborreci. Achei zoado o cara me procurar sabendo que eu provavelmente estaria de luto. Li o texto e me arrependi por meu preconceito quando me deparei com uma mensagem de condolências.

Ele teria sido uma boa companhia, mas eu não queria ver ninguém. Eu não queria conversar, ver, sequer existir na presença dele ou de outra pessoa. Eu também já tive minhas crises existenciais e em todas elas foi o Daniel quem me puxou de volta, mas dessa vez eu estava sozinho, e a única pessoa que visitava meus pensamentos, a única para quem talvez eu abrisse a porta, estava perdida na rede e não entrava na porra do próprio perfil para saber se eu estava vivo ou morto.

Bem, ele provavelmente não tinha como fazer isso. Não sei de onde tirei a ideia de que ele poderia estar pensando em mim, afinal, um beijo era apenas um beijo. Já dei muitos ao longo da vida devassa que levei, mas o beijo dele foi o último e o primeiro. Foi o último que senti e o primeiro que pareceu significar algo. Eu poderia atribuir todo esse caos emocional ao meu luto e ao meu passado fodido, mas algo me dizia que havia mais em Diego.

Quando estava prestes a fechar o notebook, vi a notificação de que Josh_147 estava online. Meu coração deu um pulo e eu fui logo clicando para solicitar uma sessão privada. Não demorou muito e a sua imagem surgiu do outro lado da tela em toda a sua perfeição e fascínio.

Sim, de fato havia muito mais em Diego.

Do lado de cá (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora