10 - Diego

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Era tudo o que eu tinha imaginado e muito mais. A boca era quente, saborosa, e os lábios macios e rudes ao mesmo tempo. Ele era todo firme, todo rígido e todo homem, e eu quase podia sentir sua pele vibrar sob meu toque e ouvir os batimentos do seu coração, tão ensandecido quanto o meu. Levei a mão até sua nuca e finalmente soltei aquele cabelo, uma fantasia que me perseguia em todas as lives que participei com ele. Agarrei as mechas com firmeza e puxei os fios com ânsia. Ele não pareceu se importar, só me beijou com mais afinco, mais dureza, e isso me consumiu.

Inclinei minha cabeça e invadi sua boca com a minha língua e nossos dentes se roçaram. Eu queria devorá-lo, senti-lo, eu queria entrar nele. Ele se inclinou sobre mim e assumiu o controle do beijo, me subjugando e me rendendo, e pela primeira vez não me senti ameaçado. Não me senti acuado, mas me abri para recebê-lo em minha boca. Eu definitivamente aceitaria tudo o que ele tivesse para me oferecer.

Meu corpo reagiu completamente. Levei minha mão livre até a abertura de sua camisa e insinuei os dedos por ali. A pele era quente e lisa, ele ofegou e gemeu quando eu fiz isso e se meu pau pudesse sorrir, o teria feito. Me lembrei da imagem do seu corpo, a perfeição dos músculos que só pude ver através da tela, e minha sede atingiu um nível torturante. O desejo de tocar cada pedaço de pele para conferir se era exatamente como eu imaginava se tornou quase vital.

Contudo, senti suas mãos no meu peito, me empurrando para longe. Ele tentava me afastar, e confesso que demorei um pouco para perceber sua intenção. Descolei nossas bocas e busquei em seus olhos algum motivo, alguma razão para ele ter interrompido o beijo. Encontrei emoções conflituosas e, para minha completa decepção, muito conhecidas.

Medo. Dúvida. Incerteza. Insegurança.

Me senti enregelar por dentro ao constatar que talvez não tivesse forças para lidar com isso. Não nesse momento, não depois do Daniel, não mais. Ouvi a buzina do Uber e me ergui para ir embora. Eu ia deixá-lo. Eu não voltaria a procurá-lo e essa decisão era definitiva e o melhor a fazer por mim. Ele saltou do banco e agarrou meu braço instantes antes de eu embarcar.

– Diego. Meu nome é Diego.

Algo reavivou dentro de mim. Ele me disse o próprio nome. Ele me deixou saber quem era, então talvez eu fosse alguém para ele. Compreender isso trouxe um sentimento novo, algo quente, aconchegante, doce e suave. O sentimento subiu pelo meu peito e ergueu meus lábios involuntariamente no primeiro sorriso real que eu dava em semanas.

Eu lhe entreguei o sorriso, mas não pude dizer mais nada. Eu não consegui pois precisava me esconder, então entrei no Uber a tempo de as lágrimas correrem pela minha face. Eu não queria que ele soubesse que eu estava sofrendo, nem o que estava sentindo, mas o fato de saber seu nome...

Ele era real. Era sólido, lindo e saboroso. Ele tinha um nome, e me deu seu nome. Ele abriu a porta e eu não pretendia deixá-lo fechá-la até que eu conseguisse pegar tudo o que eu queria dele.

Do lado de cá (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora