1 - Não leve o casting para jantar

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Eu estava com um cara de quatro na minha frente. O motel onde costumava levar minhas conquistas passageiras ficava a cinco minutos do meu trabalho, e hoje, após uma certa insistência de alguns dias, finalmente tinha alguém encaixado no meu pau depois de dois meses de seca.

Não foi por minha insistência que eu estava ali. Pedro, o moreno deslumbrante cuja pele brilhava à minha frente, era um dos modelos do meu casting que, literalmente, se jogou no meu colo.

Eu era fotógrafo, tinha um estúdio com meu irmão gêmeo e fazíamos sucesso no seguimento graças ao seu talento de captar rostos e corpos seminus. Eu raramente me envolvia com alguém do trabalho, todavia não era um exemplo de autocontrole então, quando um cara se ajoelhava na minha frente e baixava meu zíper, bom, aí ficava um pouco difícil me controlar.

Tirei meu pau do Pedro e me sentei na cama.

– Senta em mim. – ordenei. Pedro engatinhou sobre meu corpo. – Não assim, fica de costas pra mim.

Ele girou e sentou no meu pau olhando pra frente. Eu espalmei suas costas suadas e me movi sob seu corpo. Ele gemeu alto e começou a se movimentar em cima de mim.

Eu nunca transava de frente para os meus parceiros. Nunca. Me incomodava ficar de frente enquanto metia neles, me incomodava olhar nos seus olhos enquanto sentiam prazer com o que eu fazia, mesmo que os seus gemidos fossem o que me empurrava para chegar ao orgasmo mais depressa.

– Você tá perto? – Pedro grunhiu.

– Mais um pouco... mais energia aí!

Pedro segurou minhas bolas e isso ajudou a acelerar as coisas. Minha cabeça não estava ajudando muito hoje então precisava parar de viajar e me concentrar nessa bunda deliciosa que me engolia em parcelas. Percebi que o rapaz estava perto de gozar, então fui mais fundo e com mais força dentro dele para ajudá-lo.

– Samuel... eu tô explodindo!

– Sai! – ordenei. 

Ele se desencaixou e se inclinou sobre minha barriga, então arrancou minha camisinha e botou meu pau na boca. Enquanto se masturbava, me chupava e me dava uma visão espetacular de seu rabo empinado contra o meu rosto, gozei magnificamente. Senti sua porra no meu peito e esperei alguns segundos para me erguer e entrar no chuveiro.

– Maravilhoso, Samuel... Quando podemos repetir?

Não respondi. Não gostava de falar depois do sexo. Não gostava de conversar de modo geral. Saí do box assim que ele entrou na água atrás de mim e me ocupei de me enxugar e me trocar.

– Preciso voltar pro estúdio. Você se vira daqui?

É, talvez eu fosse um pouco cretino nesse negócio. Mas não fui eu quem implorou para chupar o meu pau atrás de uma mesa de trabalho.

– Vai tranquilo. A gente se vê – ele respondeu por trás da porta de vidro.

Não respondi, deixei o motel e segui de carro de volta para o estúdio.

Meu nome é Samuel. Sei que sou bonito porque vivo com meu espelho à 34 anos. Assim como meu irmão gêmeo, tenho cabelos escuros num corte pompadour jogado para trás de um jeito bagunçado. Tenho uma barba curta que cuido para manter sempre hidratada e bem aparada. Meus olhos cinzentos são da cor do aço quando feliz e do grafite quando contrariado, e sou gay desde que me lembro. 

Não houve um acontecimento, razão ou motivo que me fez ser assim. Eu simplesmente sou, sempre soube que era e nunca me importei com o fato de ser diferente da maioria dos meus conhecidos.

A fase difícil foi a escola. Depois dos anos de tortura, vim pra capital sem olhar para trás e pude seguir com a minha vida e minhas preferências sem mais problemas, salvo olhares atravessados aqui ou ali que me acostumei a ignorar quando estava com alguma conquista em um local público.

Meu irmão gêmeo se chamava Daniel. Ele era mais velho do que eu apenas por 15 minutos de diferença, e éramos univitelinos, ou seja, idênticos. E quando digo idênticos, é sem exagero no uso da palavra. Até mesmo nossos conhecidos próximos conseguiam nos confundir. Éramos tão iguais que tínhamos até os mesmos interesses. Ambos éramos fotógrafos, apreciávamos vinho e ambos gostávamos de homens, embora Daniel tivesse muito mais problemas para assumir isso, tanto que no momento ele era casado com a Daiane, uma loira que foi uma das primeiras modelos do nosso casting , e tinha uma filha de cinco anos, a Larissa.

Lari era a parte boa da crise existencial dele. Eu era apaixonado pela minha sobrinha. A parte ruim era que Daniel sofria com as escolhas que fazia, e isso o levava a se arrastar numa depressão que o acompanhava há anos. Eu sempre buscava ajudá-lo, mas minhas tentativas não surtiram efeito no passado, nem surtiam agora.

Subi os quatro lances de escadas que levavam até sala que ocupávamos no segundo andar do prédio comercial. A SD Palermo ocupava meio andar na edificação e já operava com sucesso por quase dez anos. Cruzei as portas e vi que Daniel sinalizava para mim do computador, então me aproximei já sabendo o que viria a seguir.

– Eu já disse que você não deveria levar o casting  para "jantar", Samuel. Isso pode dar o maior B.O. e você sabe disso.

– Faz tempo que não acontece. Relaxa que não vai acontecer de novo. Como você está? – observei seus olhos injetados. Há dias ele vinha enfrentando uma crise e quando ficava assim, deixava de dormir e virava uma tempestade de mau-humor.

– Levando, como sempre. Vem até aqui, quero te mostrar uma coisa muito interessante que encontrei.

Do lado de cá (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora