Eu estava um lixo.
Na noite anterior, acabei com a garrafa de vinho achando que me faria dormir melhor. Ledo engano, pois ainda que sempre tenha sido um apreciador, eu era sensível à pirazina presente em determinadas uvas, e o resultado do excesso foi o resto da noite com a cara dentro do vaso sanitário.
Cheguei a cochilar por meia-hora, mas fui acordado de manhã por um cliente. Precisei correr para entregar uma demanda que havia me esquecido devido à confusão dos últimos dias, então passei o resto da manhã e parte da tarde tratando imagens num computador bosta que eu já tinha aposentado, tudo porque graças ao Diego eu tinha feito a besteira de jogar meu MacBook na parede. Depois da entrega, ainda estava com mal-estar mas me forcei a comer alguma fruta e várias latas de água tônica. Então, sentei no sofá para contemplar meu atual quadro favorito, o teto branco da sala, e voltei a pensar no Diego.
Ele tinha mandado duas mensagens. Uma chegou de madrugada, quando ele pediu desculpas por ter escondido o lance da noiva. A outra chegou pela manhã quando disse que ia conversar com ela e resolver as coisas. Eu quase me apeguei a isso e liguei para ele, mas não o fiz. Eu podia ser bem filho da puta quando queria. Eu tinha um orgulho ferrenho e difícil de quebrar, então era uma questão de sobrevivência provar para mim mesmo que eu podia superar tudo isso e seguir em frente.
Mas quando chegou a noite, eu me vi andando de um lado para o outro como um leão enjaulado. A pergunta dele ficava girando na minha cabeça como uma cenoura pendurada. Maldito deus grego! Por que foi avultar a possibilidade de sermos amigos ou algo mais? Era o "algo mais" que me consumia.
Eram nove horas da noite quando fui tomar um banho e, na esperança de tirar a ideia da cabeça e aliviar a pressão do corpo, me masturbei sob a água do chuveiro. Claramente foi a pele dourada de pelos claros que invadiu minha consciência quando segurei meu pau, e foi a lembrança da sensação do seu corpo me engolindo que determinou o ritmo da punhetada. Eu gozei com a imagem dos olhos cor de mato semicerrados olhado para mim, e dei um murro no box porque sentir o alivio momentâneo não fez nada para diminuir minha ansiedade.
Às 11h me deitei e tentei dormir. Minha cama virou algum tipo de superfície de cacos de vidro. Eu virava de um lado pro outro e meu corpo coçava como se um enxame de formigas tivesse resolvido fazer uma festinha no meu lençol. Cheguei a acender as luzes e procurar por insetos, obviamente era tudo fruto da minha cabeça fodida.
Eu deveria ter dormido rapidamente. Estava insone desde a noite anterior e nem por isso minha cabeça parava de girar. Eventualmente, desisti e me levantei. Olhei no celular para conferir as horas e já passava das 2h40 da madrugada.
Consternado, fiquei segurando o aparelho em minhas mãos sem saber o que fazer. Quando vi, estava ligando para o Diego. Eu nem me importei se o estaria acordando. Eu estava pouco me fodendo com isso porque era graças a ele que eu não conseguia dormir.
Quando ele atendeu, pensei em perguntar sobre a conversa que ele teve com a noiva, qual teria sido o resultado do diálogo. Pensei em perguntar se ele estava bem ou qualquer outra merda, mas quando ouvi a voz grave e sonolenta, meu peito apertou e eu me vi mais uma vez falando e fazendo aquilo que disse que não faria.
– Estou mandando um Uber te pegar. Esteja pronto em 15 minutos.
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Do lado de cá (romance gay)
Short StoryConto erótico - GAY 🌈 Esse é um POV de outro conto já publicado e finalizado: DO LADO DE LÁ. Se quiser conferir, dê uma olhada aqui: https://www.wattpad.com/story/361329559-do-lado-de-lá. Se quiser pode começar por ele, ainda que sua leitura não se...