Tom não conseguiu evitar que sua mão tremesse enquanto tomava outro gole de chá com mel.
Ele não tinha pesadelos assim desde... bem, desde antes de adotar Harry.
Desde antes dele recuperar sua sanidade.
Ele podia sentir sua amargura e raiva atacando as delicadas costuras de sua mente em recuperação.
Aquela compulsão avassaladora de causar tanta violência e destruição quanto pudesse, espreitando nas profundezas de sua psique, apenas esperando por uma abertura para se afirmar novamente.
Tom esperava que isso acontecesse, mas não esperava que fosse tão repentino ou intenso.
Harry o manteve são e Harry não estava aqui; Harry estava na Escócia.
Sem sua presença calmante e equilibrada, acalmando a alma esfarrapada e despedaçada de Tom, Tom estava se tornando uma fachada frágil do monstro que espreitava dentro de si.
Lord Voldemort.
Tom não podia permitir-se cair nesse estado novamente.
Os rostos dos padres que haviam 'pastoreado' o Orfanato de Wool passaram por sua mente, claros como se Tom os tivesse visto ontem.
O padre Andrews era do tipo zeloso, sincero em sua fé, mas ignorante da realidade da magia e de que as estranhas habilidades de Tom não o tornavam mau.
O padre Lowry, por outro lado, era a rencarnação do diabo. Embora o Padre Andrews quisesse salvar a alma de Tom, o Padre Lowry procurara sacrificá-la num altar de sadismo e luxúria.
Tom estremeceu. Ele não queria pensar nas coisas que haviam sido feitas com ele.
Ele já podia sentir aquela raiva impotente crescendo dentro de si, aquela vingança vingativa que sussurrava em seu ouvido que ninguém o havia salvado e, portanto, ninguém merecia sua misericórdia.
Deixe-os sentir como foi, pela primeira vez, ser quebrado pela dor e consumido pela vergonha disso.
Não.
Tom era melhor que isso.
Ele era uma criança, rodeado de crianças e de pessoas cegadas pela ignorância e pelo medo.
Ninguém fez nada para salvá-lo, mas ele também não fez nada para salvar nenhum deles.
Se Tom quisesse agir em relação às injustiças do passado, ele deveria fazê-lo certificando-se de que ninguém infligisse qualquer dor àqueles que ele amava; aqueles que estavam sob sua proteção.
Esse era um legado que valia a pena perseguir, onde o Padre Lowry, patético pedaço de merda que tinha sido, não venceu.
Ele precisava ser Tom para Harry.
Ele deu uma olhada em seu diário, não querendo incomodar o filho durante o primeiro dia de aula, mas desesperado por uma atualização.
Seria uma distração bem-vinda.
O diário pulsou e Tom o abriu com entusiasmo.
Ele desanimou ao ver o nome; era uma mensagem privada de Black.
Importa-se se eu fizer outra visita? Esperar para saber como foi o primeiro dia de Harry está me matando. ~Sirius
Tom sorriu e pegou uma pena.
Talvez traga apenas uma garrafa com você desta vez. Você é um bêbado divertido, mas eu preferiria ter companhia capaz de manter uma conversa humana básica. ~ Tom
Toque levado em consideração. Dê-me um minuto para despistar Molly e já vou. ~Sirius
Tom pegou o diário e foi para a sala de estar, onde ambos ficariam mais confortáveis. Ele ordenou ao elfo doméstico que preparasse alguns petiscos e uma poção para ficar sóbrio, só para garantir.
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Treachery of Ravens; Murder of Crows (Tradução)
FanfictionDepois de ser ressuscitado, Lord Voldemort completa um ritual de adoção de sangue magicamente vinculativo em Harry Potter como uma forma de contornar as proteções que Lily colocou sobre o menino. Deveria ter sido simples: fazer o menino dele, matá-l...