Geralmente eu escrevo sobre pessoas que eu tenho alguma ligação direta, mas dessa vez resolvi falar sobre alguém com uma influência mais indireta sobre mim. Todo mundo que me conhece sabe que eu gostava muito de um certo cantor/streamer, que agora prefiro não usar o nome real, e eu gostava tanto ao ponto de sempre ser associado às músicas dele e da banda dele. Bem, recentemente foi divulgado que na verdade ele era um abusador esse tempo inteiro, e aquela pessoa super gente boa era só uma fachada. Cada vez mais alguém ou alguma coisa aparecia mostrando o quão ruim ele realmente era, e em primeiro lugar, isso me fez sentir muita pena da primeira vítima que contou o que aconteceu com ela, e dos outros que comentaram um pouco do que aconteceu com eles. E em segundo lugar veio uma mistura de decepção, raiva, incredulidade e sei lá mais o que de ruim sobre esse cara. Passei anos me inspirando nele, ele era meu cantor favorito, da minha banda favorita, das minhas músicas favoritas, me inspirei no estilo de roupa, queria ser o mais parecido possível com ele. E aí veio isso.
Comecei a ver as coisas dele lá pro final de 2020, quando eu tinha finalmente cortado "de vez" as duas amizades mais tóxicas que já tive, e tava tentando melhorar, mas bem perdido ainda. Ele acabou sendo um catalizador pra eu perceber como eu gostava de certas coisas e negligênciei meus próprios gostos e interesses pra me encaixar e adaptar aos outros. Eu mudava meu jeito, meu estilo, até a cor favorita, só pra tentar ser mais como os outros. Mas aquele não era eu, e vendo de volta o que eu realmente gostava, decidi voltar a ser quem eu realmente sou, voltei a usar amarelo o tempo todo igual quando eu era pequeno, e essa cor se tornou cada vez mais importante pra mim, porque ela representa como eu me aceitei de volta como realmente sou. E tudo começou vendo vídeo de Minecraft de um cara aleatório na internet. Acabei continuando a ver as coisas dele, escutar as músicas, me inspirar no guarda-roupa e até o corte de cabelo (que na prática não tem quase nada a ver), incorporando os aspectos dele no meu próprio jeito, não por me sentir pressionado a isso, mas sim porque eram coisas que eu realmente gostava, mesmo sem esse cara.
As músicas solo tinham me ajudado demais nos momentos mais difíceis, e as músicas da banda me ajudaram a ficar cada vez mais animado, e cada vez mais eu era mais influenciado por ele, acreditando que ele realmente era uma boa pessoa por todas as coisas que ele mostrava nas lives e vídeos e tudo mais. Eu falava direto sobre as músicas, e todo mundo me associava a ele e a banda de tanto que eu falava. Descobrir que na real esse cara era um completo maluco narcisista que não só tava fingindo ser uma pessoa boa como também fez outras pessoas sofrerem de algo parecido, mas muito pior que o abuso (no meu caso emocional/verbal) que eu passei, e ainda por cima as músicas que eu gostava tanto na verdade, com o contexto do que ele tinha feito, mostra que eram sobre as pessoas que ele machucou, se colocando como o coitadinho da história que se odeia por ser babaca. Não consigo escutar nada daquilo, por mais que antes eu amasse tanto, porque imediatamente já acabo pensando nessa bagunça toda, e não quero ter nada a ver com um cara que fez tantas coisas horríveis.
É uma pena a pessoa que admirei tanto ser uma fachada pra alguém completamente podre, mas pelo menos, segundo alguns amigos, eu consegui pegar dele as partes boas. Até porque o estilo de roupa, gosto musical, cor favorita e corte de cabelo ainda são meus e do jeito que eu mesmo realmente quero. Ele não faz parte da minha identidade, e nem deveria fazer de qualquer forma. Espero do fundo do meu coração que todas as pessoas que ele abusou, manipulou e machucou possam ser curadas do tormento que foi lidar com ele, e que esse cara nunca mais tenha paz e relevância depois disso.
De: Dusk
Para: Facade
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Dusk
Non-FictionMeu nome é Dusk e essa é uma tentativa minha de lidar com o que acontece comigo. E de talvez viajar um pouquinho.