Faz tempo que não escrevo sobre você. A gente mudou bastante do ano passado pra cá, e minha história contigo é uma bagunça enorme. Já perdi a conta de quantos nomes diferentes te dei nesses textos de antes, então nem vou tentar citar todos. Você foi o primeiro amigo que eu fiz nessa cidade, e foi meu melhor amigo por muito tempo. Em vários momentos isso deu muito errado, o que fez a gente se afastar e se aproximar várias vezes, até que no fim ano retrasado cortei oficialmente minha amizade contigo. No fim do ano passado (um pouco mais de um ano depois) a gente começou a se falar de novo, e fico bem feliz em ver que agora realmente parece que você é alguém bem melhor do que era antes. Você foi o primeiro da lista das pessoas que cortei da minha vida que resolvi me reconciliar, e acho que isso foi uma coisa boa.
Já tem alguns meses que a gente tá se falando de novo, e tem sido realmente bem tranquilo até agora, mas... a gente mal se fala direito. Claro que não precisa ficar conversando todo dia, é mais que eu queria poder me aproximar de alguma forma, e não sei bem como fazer isso. Tenho quase certeza que qualquer pessoa próxima de mim que estiver lendo isso vai querer me dar um socão por querer me aproximar de você de novo, mas dessa vez não vai ser como antes. Eu prometi pra mim mesmo que não ia deixar mais ninguém fazer nada do que fizeram pra mim de novo, e acho que tô maduro o suficiente pra conseguir lidar melhor com essas situações sem ficar me estressando tanto. E de qualquer forma, realmente acho que você tá melhor agora.
Ainda assim, não sei bem como me aproximar de você. Não sei bem como você tá, acho que você também não sabe muito sobre como eu tô agora; não tenho muita certeza mais de que tipo de coisa você gosta de conversar ou de fazer... enfim, a gente mudou pra caramba. E eu queria poder me aproximar de novo de você porque sei que nem tudo da amizade antiga era ruim, e talvez essa parte específica, a parte boa, consiga voltar. E também queria poder conhecer o você de agora melhor. Você parece ser legal. Fico lembrando das coisas aleatórias que a gente fazia, quando você ficava berrando no meio da rua, quando a gente ia pra livraria do shopping, quando a gente tentou fugir de um mendigo, quando você estragou meu guarda-chuva depois de usar ele como espada, quando você tentou usar o balanço da minha casa antiga e falhou miseravelmente, enfim... bastante coisa. Era legal.
Quando acabar a quarentena, a gente realmente devia sair junto, até porque é bem mais fácil agora que moro perto do seu colégio. Provavelmente vou acabar te contando o resumo mal resumido do último ano e vai ser estranho, mas legal. E imediatamente logo em seguida algo ou alguém completamente aleatório vai aparecer, porque isso é o que sempre acontece quando a gente anda junto. Ainda não consegui processar o fato de você saber tocar guitarra com a língua sem se machucar. Ainda não sei bem como sair contigo sem acidentalmente acabar chamando alguém que quer arrastar sua cara no asfalto, então... talvez seja melhor sair só com você mesmo. Ou alguém que os dois conheçam que esteja mais tranquilo. Talvez até dê pra fazer aquele brigadeiro de Oreo com Oreos de verdade mesmo da próxima vez.
E mais uma vez, vou te dar um nome novo. Algo que sempre volta quando vou falar contigo é meio que uma nostalgia, não no sentido de necessariamente querer voltar pra aquela época. É só que não consigo não lembrar, mas não é ruim, não machuca, então acho que não tem problema. Provavelmente vou trocar seu nome depois, mas por agora, vou te chamar de Nostalgia, porque é a isso que eu mais te associo. Obviamente, não num sentido negativo. Enfim, não sei como acabar isso então... vê se não sai escalando paredes aleatórias por aí.
De: Dusk
Para: Nostalgia
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Dusk
No FicciónEssa é uma tentativa minha de lidar com o que acontece comigo e de talvez viajar um pouquinho. Maior parte do que é escrito aqui é desabafo de madrugada então provavelmente vão sair umas coisas estranhas mesmo.