#10.

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- Parabéns pelos 19 pontos de hoje.

Hinata arrepiou – de todos os jeitos possíveis, ao mesmo tempo, para seu próprio assombro – ao reconhecer a voz que o adereçava tão subitamente, e com um fato que requeria tanta atenção quanto o número de pontos que ele fez durante o jogo.

Engraçado. Kageyama não se deu ao luxo de aparecer quando Hinata queria que ele estivesse lá. Agora que ele ameaçava esquecer de sua existência (pelo menos, do dano emocional que ela causou, até certo ponto) ele decidia dar as caras?

- Você... Você assistiu?

Kageyama concordou com um aceno, um sorriso de uma natureza estranhamente orgulhosa no rosto, e o pobre coração desorientado de Hinata insistia em dar cambalhotas dentro do peito por isso. É, pobre coração, que não supera o cara que brinca com meus sentimentos desde o ensino médio.

- Assisti o jogo inteiro. Não consegui tirar os olhos de você... Deu até um orgulho de lembrar onde você começou e ver onde você chegou, é sério.

É sério, e o pobre coração de Hinata fazia fogueiras de São João e festas de fogos de artifício com dois pares de frases, enquanto o Hinata do lado de fora só conseguia responder um obrigado muito encabulado.

Entre os flertes e os surtos de ciúme, por mais inconvenientes que fossem os últimos, Hinata considerava cada vez mais seriamente dar a Kageyama uma segunda chance em conquistar seu coração – ou apanhá-lo a tempo, já que continuava território seu por direito. Ele abriu a boca para oferecer que tomassem uma bebida juntos, que eles saíssem dali juntos, qualquer coisa, quando Atsumu o assustou jogando um braço ao redor de seus ombros e o cheiro forte de álcool puro para dentro de suas narinas.

- Aí, Shoyo-kun! Jogaço nosso hoje, hein? Dá até orgulho – Um soluço, outro gole da long neck mais do que gelada em mãos – De dizer que eu sou seu levantador.

Hinata agradeceria o elogio do fundo de seu coração se não tivesse visto o olhar de Kageyama se converter àquela onda de fúria e ciúme, e se olhares matassem, Atsumu estaria tal qual Tiradentes: em pedaços. Internamente, duvidava que Sakusa – que agora sabia ser o "namorado ocasional" de Atsumu – estaria diferente, se presenciasse a mesma situação.

Mas Atsumu, com o pouco de sobriedade que lhe restava, olhou para Hinata e depois para Kageyama, tomando o olhar de raiva como uma facada. Ele saiu do apoio dos ombros de Shoyo e apontou para ele vagamente com a garrafa.

- Eu interrompi alguma coisa? Ele é seu namorado, Shoyo-kun?

Hinata honestamente não sabia o que responder. Kageyama também não disse nada, e cada segundo naquele silêncio tortuoso parecia deixar a situação mais difícil de explicar. Depois de quase um minuto, Atsumu deu um murmúrio de compreensão e tirou o braço de cima de Hinata, que desejava nada mais do que se encolher e sumir da face da terra.

- Saquei. É complicado. Eu vou voltar pra minha mesa com o Omi, você... Faz o que você quiser – Assim, sem se alterar pela atmosfera maçante entre os dois sabe-se-lá-o-que-eles-eram-agora, Atsumu saiu tomando outro gole longo de Petra.

Hinata olhou para Kageyama só para ver o olhar de fúria, embora não mais de ciúme, direcionado a si. Via uma maré turbulenta no azul pelo qual já foi – ainda era – tão apaixonado e seu coração tomou uma facada das mais dolorosas.

- Por que você não disse nada? Achei que as pessoas com quem você se relacionava não são mais da minha conta.

Hinata logo compartilhou da raiva. Não bastava ser ciumento sem razão aparente, ele ainda seria rancoroso?

Que História É Essa?! (Haikyuu!!)Onde histórias criam vida. Descubra agora