- E aí? A roupa 'tá boa ou é muito "eu vou fazer um escândalo, te humilhar em público e exigir que você pague metade do seu salário de pensão pra um filho que eu nunca vou deixar você ver?"
Hitoka riu. Acariciava uma de suas gatas no sofá, olhos fixos na figura esbelta – e bem-vestida – de Kiyoko, corando de nervosismo por um milhão de motivos.
O plano era encontrar Tanaka hoje, onde quer que estivesse, e contá-lo logo sobre a criança que Kiyoko carregava. Ela já começava a mostrar uma barriguinha, nada considerável, mas certamente uma evidência... Ele era a pessoa que mais tinha o direito de saber, e ainda assim, acabaria sendo o último.
Não era só porque ele era o pai da criança. Ele era, e sempre seria, o melhor amigo de Kiyoko.
- Você 'tá ótima, amor – Yachi garantiu, um sorriso de consolo iluminando seu rosto. Kiyoko se sentiu mais tranquila, confiando no julgamento dela. – Não 'tá nada exagerado. Eu gosto dessa cor em você... E dá pra ver sua barriguinha daqui.
Kiyoko instintivamente levou a mão à barriga, o volume mínimo, quase imperceptível, de uma criança se formando ali. Uma criança. Deus do céu, parecia que a ficha nunca caía que ela seria mãe em pouco tempo.
- De quanto você 'tá, mesmo?
- 20 semanas – Kiyoko respondeu, instintivamente na "linguagem de mulher grávida". – Quase 5 meses.
- Já foi metade da gestação... Você não quer fazer um exame pra descobrir o sexo? Acho que já dá pra fazer um. A gente podia fazer um chá de bebê, também, e você revela se vai ser um menino ou uma menina lá.
- É uma boa ideia, Hitoka... Mas eu quero que seja surpresa – Kiyoko admitiu, enfim, a decisão que foi a mais fácil de tomar até então. Se ela sabia que amaria a criança incondicionalmente, independente de como viesse ou o que se tornasse, pra quê apressar as coisas e enchê-la de rótulos antes mesmo de nascer?
(Desse jeito também era mais fácil escapar da sobrecarga de rosa ou azul que, inevitavelmente, viriam em presentes e enxovais. Era muito fácil detestar uma cor quando ela era sua única opção por vários anos. Kiyoko ainda tinha receio em vestir qualquer coisa cor-de-rosa por isso.)
- Eu só vou descobrir o que é quando a criança nascer.
- Ah! Tudo bem, então. Eu acho que isso é fofo. Vamos descobrir todos juntos, então.
O amável otimismo de Yachi chegava a ser contagioso. Kiyoko não poderia ser mais grata por ter uma companheira – uma namorada, agora que ela teve coragem de parar de fugir da palavra – tão alegre, tão leve, que guardava tanto amor no coração por tudo ao seu redor...
Kiyoko ajeitou a bolsa no ombro, finalmente satisfeita com a roupa (depois de ter trocado pelo menos 5 vezes) e pronta para sair e enfrentar o maior de seus problemas por agora. Ela deu um beijo meigo em Hitoka antes de sair, sua autoconfiança em níveis nunca antes vistos.
Tanaka era seu melhor amigo. Ele entenderia que, ao mesmo tempo que ela queria criar a criança com Yachi, ele era mais do que bem-vindo a criar a criança, também. Sozinho, ou com uma madrasta, exatamente como Kiyoko fazia.
Crescer com duas casas para chamar de lar não devia ser problema para a criança no futuro, contanto que houvesse amizade e harmonia entre os dois lares, certo...? Ele seria sempre bem-vindo aonde quer que fosse... E ela confiava que Tanaka faria um bom pai, se ele estivesse disposto, afinal...
Kiyoko passou primeiro pela loja, só para dar de cara com todas as escotilhas fechadas. Ela nem tinha deixado de trabalhar ali há tanto tempo, mas já deu um jeito de esquecer os horários de funcionamento...
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Que História É Essa?! (Haikyuu!!)
Fanfiction" - São Longuinho, São Longuinho... Se eu achar o amor da minha vida, eu dou vinte pulinhos." No qual ex-jogadores de vôlei do ensino médio enfrentam as dificuldades e artimanhas da vida adulta. ✧*:.。. | Sequência ficcional / Caracterização LGBTQIAP...