#1.

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- São Longuinho, São Longuinho... Se eu achar o amor da minha vida, eu dou vinte pulinhos.

Hinata suspirou, cansado das coisas que fazia pelos colegas mesquinhos. Adorava seu curso na faculdade, adorava ter essa oportunidade de estudar e trabalhar e tornar-se alguém na vida, mas se pudesse ter companhias um pouquinho melhores... Que diferença não faria!

Mesmo assim, ele seguiu chutando pedras pelo extenso campus onde cursava psicologia há quatro períodos, resmungando sobre chacotas e professores e notas problemáticas e a demora até a próxima temporada e... Tudo que incomodava, honestamente, cuspindo as palavras ácidas tão rápido que não ouvia a si próprio.

Um outro som chamou sua atenção à distância – um som familiar. Ouviu pulos e corridas, tapas e coisas batendo com força contra o concreto... E, se sua mente não lhe pregava peças, uma voz...

Ele parou meio metro antes da visão da quadra comunitária que a faculdade oferecia ao público, com direito a bolas e redes e tudo o mais. Era ótimo que a diretoria se preocupasse com esportes, mas se fosse quem Hinata pensava que era, ele arrancaria o cabelo de todos eles um a um.

Calminha aí, Shoyo, pode ser qualquer marmanjo – é, você 'tá ficando doido. Não tem que ser ele, pode ser...

Qualquer...

Mas era exatamente quem Hinata esperava – e que puto azar ele teve. A cena dava até a sensação de deja vu, o mesmo corpo se lançando no ar, embora um tanto mais... Desenvolto. Bombado.

Ainda mais gostoso, como se fosse possível.

- O que é que você 'tá fazendo aqui?!

E, como se não bastasse, ele parou tudo que fazia no instante que reconheceu a voz – até mesmo as palavras lhe eram familiares, coisa de muito tempo atrás. A bola, desconhecendo a importância de reencontros para impedir o funcionamento da inércia, caiu bem na cabeça do alvo e Kageyama resmungou, massageando o topo da cabeça.

Hinata ficou parado exatamente onde estava, congelado como um idiota no lugar. Faziam a porra de quatro anos que ele não via Kageyama, e imaginou, com certa razão, que já teria superado qualquer coisa que pudesse ter sentido por ele, quando era jovem e ingênuo e apegado demais para seu próprio bem. Mas ele não foi o único que cresceu e mudou. E, minha nossa senhora da bicicleta sem freio, Kageyama envelheceu como um vinho dos 17 aos 23 anos de idade.

Se olhar do pescoço para baixo fosse uma calúnia – o maldito tinha que ter dormido na academia esse tempo todo, não era possível! – só o rosto dizia o suficiente. Cada traço que ele tinha de atraente melhorou com o tempo, uma coisa esculpida pelo divino até quando fazia careta... E até o corte de cabelo ruim dava água na boca.

Claro, Hinata não precisava ser dito nada disso. Os segundos que Kageyama levou para processar que deveria responder Hinata foi todo o tempo que ele precisou para secá-lo o suficiente para questionar sua moralidade, porque questionar a sexualidade já estava fora de cogitação a muito, muito tempo. A menos que existisse a opção de ser sexualmente atraído por Kageyama Tobio, e por Kageyama Tobio apenas.

- Eu... Vim treinar. O que é que você 'tá fazendo aqui?

E eu achei que o Arnaldo Antunes tinha a voz de um deus... Kageyama, se eu não te matar primeiro, você me mata sem tentar.

- ...Eu estudo aqui – Hinata honestamente hesitou em dizer, cruzando os braços e fazendo bico. Nenhum dos dois era tão inteligente assim no tempo em que conheceram, e ele não se lembrava de um momento em que tivessem falado sobre faculdade como uma possibilidade. Ele podia achar meio... Ridículo.

Que História É Essa?! (Haikyuu!!)Onde histórias criam vida. Descubra agora