- ...Yuu.
Nishinoya poderia ter continuado fingindo que não viu Azumane no aeroporto por quanto tempo quisesse – não sobreviveria um segundo sem virar para procurar seu rosto uma vez que ouvisse sua voz, ainda mais dizendo seu nome naquele tom deliciosamente doce e nostálgico.
Ele parecia ainda mais o Homem (sim, com H maiúsculo) que Nishinoya imaginou que ele tinha se tornado, vendo-o de longe há pouco mais de duas semanas. Entender agora como Asahi tinha amadurecido, como adulto, como profissional, dava frutos tanto de admiração quanto de pavor.
Porque, se Nishinoya precisasse dizer, não tinha mudado em nada. A distância não permitiu que amadurecessem juntos – e nem por isso, Nishinoya não tinha amadurecido em nada. Azumane era um homem e Nishinoya era um moleque, e os dois por um acaso estavam entrelaçados por um compromisso de anos de idade.
Nishinoya nunca julgaria Asahi por nada de ruim se ele decidisse – ou compreendesse – que assim não dava mais certo, que os dois tinham se tornado pessoas diferentes demais. Nunca guardaria remorso dele por nada.
Mas poderia muito bem reter vergonha de si mesmo por perceber que, enquanto tinha esse monólogo interno ridículo, Asahi provavelmente estava esperando uma resposta além de uma encarada muito duradoura e constrangedora.
- As... Azumane-san! Que bom ver você – Nishinoya respondeu, com tanto entusiasmo quanto poderia para sufocar o nervosismo.
Apertou as mãos juntas, próximas ao peito, uma espécie de mantra consolador que o ajudava a não se sentir perdido. Em algum momento ao longo do caminho, ele tinha perdido seu caminho na vida de Asahi, voou alto demais para que ele pudesse acompanhar.
De um jeito, Nishinoya tinha amadurecido. Ou tinha revertido o amadurecimento, ficando verde de novo – recuperara a capacidade de ter medo que achava ter perdido ainda quando criança.
Temia decepcionar Asahi. Só percebeu esse medo, essa fobia severa, quando o viu no aeroporto e foi lembrado das diferenças fundamentais entre os dois, que os moldariam ainda mais agora como adultos.
Asahi poderia ter percebido isso éons atrás.
Mas ele estendeu a mão e, quando Noya tentou apertá-la com mera cordialidade, ele entrelaçou seus dedos.
- Faz anos que você não me chama mais de Azumane-san. É estranho ouvir agora – Ele admitiu, e Nishinoya não pôde evitar uma risadinha meiga. Ainda restava um calor entre eles, embora ele desse falta da faísca ardente que costumava incendiar os dois por noites sem fim. – Pode me chamar de Asahi. Não que você precise ouvir isso... Se você quiser, ainda pode me chamar de amor.
Nishinoya só deu um aceno com a cabeça, sabendo que não confiaria em si mesmo para chamá-lo de amor tão cedo. Teria que voltar a se acostumar com ele primeiro – nem mesmo seu corpo tinha permanecido acostumado a ele, ainda que fosse dono de grande parte de seus pensamentos.
Não sabia se esperava as palmas de suas mãos se acostumarem às minúsculas cicatrizes de agulha por toda a mão de Asahi, ainda o segurando, ou se devia arrancar suas mãos do aperto dele logo e saciar o formigamento.
- Eu vou... Tentar lembrar disso. Como foi em Roma?
- O desfile? Foi realmente maravilhoso... Eu não esperava ter uma recepção tão positiva. Tive sorte de ter um bom público.
- Eles que tiveram sorte de ver um profissional que nem você em ação. Você tem um dom, Asahi.
- Foi você que me fez perceber isso, em primeiro lugar. Lembra?
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Que História É Essa?! (Haikyuu!!)
Fiksi Penggemar" - São Longuinho, São Longuinho... Se eu achar o amor da minha vida, eu dou vinte pulinhos." No qual ex-jogadores de vôlei do ensino médio enfrentam as dificuldades e artimanhas da vida adulta. ✧*:.。. | Sequência ficcional / Caracterização LGBTQIAP...