#20.

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- Então você é o Sugawara! É um prazer, eu sou a Yui. Fique à vontade, viu.

- Eu já ouvi muito de você, Michimiya, é um prazer finalmente te conhecer.

O ex e a atual do elefante branco no cômodo apertaram as mãos, e somente o próprio sujeito poderia ser cego ao ponto de não sentir a tensão em alta voltagem rolando entre os dois, à porta do apartamento. Michimiya deu um gracioso passo para o lado para que Sugawara entrasse, logo atrás de Daichi, que já se fazia; se dependesse dela, esse estrupício não ousaria dar as caras por ali de novo nunca mais.

Certas pessoas já eram predestinadas a outras. Já possuíam dono. E Sugawara poderia se fazer de Jezebel quantas vezes quisesse, nada alteraria o fato de que Michimiya se tornou dona de Daichi quando começou a sonhar com os dois, quando pôs seus princípios cristãos embaixo do tapete para ferver o nome dele na água, quando venceu o jogo e fez ele largar o empecilho para se juntar a ela.

E eles viveriam a vida perfeita juntos, quando ela conseguisse o convencer a morar com ela e ele não conseguisse mais esperar para pedir sua mão em casamento e ver o sorriso dela nos seus filhos. E Sugawara seria um amontoado de poeira embaixo do tapete, pequeno e insignificante demais até para fazerem as pessoas tropeçarem.

- Os rapazes podem esperar só um pouquinho enquanto eu faço um pouco de chá?

- Claro. A casa é sua – Sugawara respondeu, com falsa cordialidade, sentando-se no ponto oposto do sofá onde Daichi estava; ótimo! Sobrava espaço para Michimiya se aninhar a Daichi e lembrar os dois de quem era realmente a dona dessa porra toda.

Ela ainda ficou sobre o balcão um pouquinho, em um vestido florido que ameaçava deixar de servi-la, fingindo interesse em ver seu namorado reatando laços de amizade com um velho colega; quando ouviu o suficiente e seguiu sem ouvir nada de interessante, virou-se para o fogão e encheu a chaleira de água.

Ela já tinha preparado tudo para a visita de antemão; bateu a flor de copo-de-leite no fundo de um copo com o pilão, como sua mãe tinha ensinado a bater manjericão para dar um gostinho a qualquer prato. Ao pobre Sugawara seria prometido um cubinho de açúcar, para esconder o gosto excessivamente doce no chá que, supostamente, era de limão siciliano e canela. O cheiro da canela esconderia tudo.

Que pena seria, realmente, se a visita tivesse uma reação alérgica tão horrorosa a um simples copo de chá; que pena seria se ele caísse mortinho no chão do apartamento, e os legistas só delatassem o envenenamento quando Michimiya já estivesse alocada no apartamento de Daichi, porque que namorado deixaria a garota amada viver em um apartamento onde um de seus amigos sofreu um atentado? E se convenceriam que o problema veio no sachê, porque ninguém podia saber qual copo estaria possivelmente envenenado.

E Sugawara viraria um punhado de pó enterrado a dois metros do chão, onde não poderia incomodar mais ninguém. Muito menos o futuro perfeito de Michimiya como a senhora Sawamura.

Nos cinco minutos em que a água ferveu e ela arrumou todos os copos sobre uma bandeja, para minimizar o risco de acidentes e deixar a mesa de jantar um tanto mais elegante, Michimiya olhou de volta para onde seu namorado e o empecilho estavam e viu os dois no meio do sofá, tão próximos que o joelho de um poderia roçar no do outro.

Se fosse ela naquele sofá, Daichi já estaria a abraçando junto ao seu corpo, a mão escorregando para baixo de sua blusa sensualmente. Ou a teria sobre o colo, a mão escorregando para baixo da blusa do mesmo jeito, ela tinha certeza. Ele não ousaria encostar nele com sua mulher logo atrás, vigiando como uma ave de rapina.

Ela pigarreou, forçou um sorriso educado e os dois se puseram à mesa: Daichi na cabeça da mesa para seis que era herança da mãe de Michimiya, Suga à sua direita, e os dois ainda conversando enquanto Michimiya tirava um bolo do forno.

Que História É Essa?! (Haikyuu!!)Onde histórias criam vida. Descubra agora