Antes de seu pai voltar para casa, Hinata saiu da casa de Kageyama cedinho para ir à Igreja.
Fazia mais tempo do que gostaria de admitir desde a última vez que foi a uma missa – desde criança, abria os olhos durante as orações, encarava as imagens dos santos, da Virgem Maria, do cordeiro de Deus na cruz e sorria sozinho, sabendo que alguém cuidaria dele.
Sabia que pagar o dízimo não garantia lugar no céu, mas esperava que a contribuição fosse um incentivo para alguém lá em cima ficar de olho nele. Com seu pai de volta na cidade, ele precisaria de toda a ajuda que pudesse ter.
A Igreja que frequentava com sua mãe dez anos antes não fazia mais a missa das 8 horas da manhã; ele teria pelo menos uma hora até a próxima reunião, ou pelo menos foi isso que ele ouviu dos funcionários. Assim, Hinata deu a volta na igreja, esperando encontrar pelo menos um banco, mesmo que fosse dentro de um cemitério. Havia algo reconfortante em ser cercado pela sabedoria inata de quem já viu tudo que a vida tinha a oferecer.
Ao invés disso, encontrou alguém sentado em um tapete à sombra da única árvore ainda firme por lá. Um rosto que jurava reconhecer, e não de tanto tempo atrás...
Hinata tentou se aproximar em silêncio, para não perturbar a concentração de Oikawa em esvaziar a mente completamente, e chegou ao alcance do banco ao lado sem fazer mais que um ruído. Antes que pudesse se sentar, porém, Oikawa deu um suspiro profundo, abriu apenas um dos olhos e interrompeu a si mesmo para cumprimentar Hinata.
- Shoyo-kun! Que bom ver você! Pode sentar aqui comigo – Ele convidou, batendo em uma metade de seu tapete; Hinata se levantou do banco para se sentar ao lado dele, surpreendentemente confortável em cima de um amontoado de folhas e flores. – A que te devo a honra?
- Eu vim assistir a missa, mas ela só começa daqui a uma hora... Achei que eu podia me distrair um pouco aqui atrás.
- Se distrair como?
- Não pensando em nada. Pensando em tudo. Ficar na companhia de quem já se foi... Não sei.
- Hmm. – Foi tudo que Oikawa disse, respirando fundo uma última vez antes de desfazer a postura de meditação; logo ele se virou para Hinata com um ar de interesse infantil. – Bom, legal que você também seja religioso. Eu normalmente venho aqui pra encontrar o caminho do meio, pensar em como eu posso me polir como pessoa...
- Ah, você é budista?
Oikawa deu um aceno entusiasmado.
- Você é o primeiro que entende de cara o que eu quero dizer. Eu 'tava precisando de um elo espiritual a um tempo... Mas a Igreja não me acolheu muito bem quando eu tentei. Acho que eu sou desprendido demais pra vir praticar minha espiritualidade em qualquer lugar fora de mim mesmo... Você entende?
- Consigo entender. Mas eu sou católico, e sou bem apegado aos santos – Hinata explicou, olhando para o altar sendo preparado através dos vitrais coloridos. – Acho que essa liberdade religiosa é importante pra todo mundo.
- Sim, sim, com certeza. Mudando de assunto – Oikawa se precipitou, o interesse infantil e curioso ainda brilhando em seus olhos. – Eu ouvi de um passarinho azul que você 'tá prestes a noivar. É verdade?
Hinata corou. Pensar em se casar com Kageyama era natural, eles já até conversaram sozinho, mas ouvir da boca de outra pessoa era...
- Seu passarinho azul se adiantou um pouco. Por enquanto, eu só 'tô namorando...
- Com o Tobio-chan?
- É, com o Tobio.
Oikawa deu um sorriso orgulhoso de si mesmo e deu um soquinho no ar, como se comemorasse uma aposta que ganhou. Hinata só pôde rir.
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Que História É Essa?! (Haikyuu!!)
Hayran Kurgu" - São Longuinho, São Longuinho... Se eu achar o amor da minha vida, eu dou vinte pulinhos." No qual ex-jogadores de vôlei do ensino médio enfrentam as dificuldades e artimanhas da vida adulta. ✧*:.。. | Sequência ficcional / Caracterização LGBTQIAP...