Capítulo 5

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Durante a aula de História da Magia os alunos fazem perguntas sobre a Câmara Secreta. O trio de ouro tem algumas perguntas para Carina.

A aula de História da Magia sem dúvidas é uma das matérias (se não a matéria) mais chata do currículo até o momento. Nosso professor é o fantasma Prof. Binns, que fala com uma voz baixa e monótona que acaba deixando a maioria de nós com sono e entediados. 

Me distraio na aula observando os alunos ao meu redor. Stella, sentada ao meu lado, tenta fazer um aviãozinho de papel e enfeitiçá-lo para jogar em Emma, que aparenta estar em um sono profundo entre Megan e Gina. Zoe parece estar fazendo alguma caricatura do professor em um pedaço de papel. Amber e Lydia cochicham entre si entusiasmadamente sobre alguma coisa. Luna parece estar perdida em seus próprios pensamentos. Quase ninguém presta atenção nessa aula, pelo menos até agora.

Vejo Aster levantar a mão e aguardar o professor notá-la para ela poder perguntar o que quer que ela queira perguntar. 

- Sim, senhorita... - o professor diz ao ver a mão de Aster levantada. 

- Diggory, senhor. Acho que todos nós aqui temos curiosidade de saber um pouco mais sobre a Câmara Secreta. - ao dizer isso que Aster consegue fazer com que todos finalmente prestem atenção.

Até mesmo Emma, que estava dormindo até segundos atrás, acorda não só com o aviãozinho de papel pousando em sua cabeça, mas com a comoção que gera na sala pela pergunta de Aster. Ouço Gina escorregar da cadeira.

- Minha matéria é História da Magia - responde o professor com o mesmo tom de voz de sempre. -  Lido com fatos, Srta. Diggory, não com mitos nem com lendas. - ele se vira novamente para o quadro e volta a escrever sobre qualquer que seja o conteúdo que ele estava explicando. - Em setembro daquele ano, um subcomitê de bruxos sardos...

Aster volta a levantar a mão. 

- Srta. Diggory?

- Por favor, professor, as lendas não se baseiam sempre em fatos? - Aster diz.

A atenção do professor está toda nela. 

- Bem - ele diz lentamente. - , é um argumento válido, suponho - ele parece que nunca prestou tanta atenção em um aluno antes. - Contudo, a lenda de que a senhorita fala é tão sensacionalista e até tão absurda que...

O professor olha no rosto de cada um de nós, vendo que todos nós estamos mais interessados nesse assunto do que qualquer conteúdo que ele possa nos ensinar.

- Ah, muito bem. Vejamos... A Câmara Secreta...

Ele parece pensar no que dizer. 

- Os senhores todos sabem, é claro, que Hogwarts foi fundada há mais de mil anos... a data exata é incerta... pelos quatro maiores bruxos e bruxas da época. As quatro casas da escola foram batizadas em homenagem a eles: Godric Gryffindor, Helga Hufflepuff, Rowena Ravenclaw e Salazar Slytherin. Eles construíram este castelo juntos, longe dos olhares curiosos dos trouxas, porque era uma época em que a magia era temida pelas pessoas comuns, e os bruxos e bruxas sofriam muitas perseguições.

Ele pausa e nos olha novamente antes de continuar.

- Durante alguns anos, os fundadores trabalharam juntos, em harmonia, procurando jovens que revelassem sinais de talento em magia e trazendo-os para serem educados no castelo. Mas então surgiram os desentendimentos. Ocorreu uma cisão entre Slytherin e os outros. Slytherin queria ser mais seletivo com relação aos estudantes admitidos. Ele acreditava que o aprendizado de magia devia ser mantido no âmbito das famílias inteiramente  mágicas. Desagradava-lhe admitir alunos de pais trouxas, pois os achava pouco dignos de confiança. Passado algum tempo houve uma séria discussão sobre o assunto entre Slytherin e Gryffindor, e Slytherin abandonou a escola.

Stella e eu nos entreolhamos quando ele menciona Slytherin. Ele faz outra pausa.

- É o que nos contam as fontes históricas confiáveis. Mas estes fatos honestos foram obscurecidos pela lenda fantasiosa da Câmara Secreta. Segundo ela, Slytherin construiu uma câmara secreta no castelo, da qual os outros nada sabiam. Slytherin teria selado a Câmara Secreta de modo que ninguém pudesse abri-la até que o seu legítimo herdeiro chegasse a escola. Somente o herdeiro seria capaz de abrir a Câmara Secreta, libertar o horror que ela encerrava e usá-lo para expurgar a escola de todos que não fossem dignos de estudar magia.

O silêncio que se faz na sala no momento é um silêncio de apreensão dos alunos por conta da história que o Prof. Binns acaba de contar.

- A história inteira é um perfeito absurdo, é claro. Naturalmente, a escola foi revistada à procura de provas da existência dessa câmara, muitas vezes, pelos bruxos e bruxas mais cultos. Ela não existe. Uma história contada para assustar os crédulos.

Outra mão se levanta, dessa vez a de Zoe.

- Professor... O que foi exatamente que o senhor quis dizer com "o horror que a câmara encerra"?

- Acredita-se que haja algum tipo de monstro, que somente o herdeiro de Slytherin pode controlar. 

Todos nós trocamos olhares nervosos.

- Afirmo que a coisa não existe. Não há Câmara alguma e monstro algum. 

- Mas, professor - diz Stella. -, se a Câmara só pode ser aberta pelo verdadeiro herdeiro de Slytherin, ninguém mais seria capaz de encontrá-la, não é?

- Bobagem, Lestrange - o professor diz em um tom irritado. - Se uma longa sucessão de diretores e diretoras de Hogwarts não encontraram a coisa...

- Mas, professor - é minha vez de falar. -, a pessoa provavelmente terá de usar Magia Negra para abri-la...

- Só porque um bruxo não usa Magia Negra não significa que não possa, senhorita Malfoy - professor Binns retruca. - Eu repito, se uma pessoa como Dumbledore...

- Mas talvez a pessoa tenha que ser parente de Slytherin, por isso Dumbledore não poderia... - Stella diz.

- Basta - o professor a interrompe. - É um mito! Não existe! Não há a mínima prova de que Slytherin tenha algum dia construído sequer um armário secreto de vassouras! Arrependo-me de ter contado aos senhores uma história tão tola. Vamos voltar, façam-me o favor, à história, aos fatos sólidos, criveis e verificáveis!


Estou voltando para a sala comunal da Grifinória, em direção ao meu dormitório, quando sou abordada pelo trio de ouro. Hermione chama pelo meu nome e eu me viro.

- Sim? - eu pergunto curiosamente. 

- Queremos falar com você, Carina. - diz Hermione.

- Precisamos falar com você. - Harry enfatiza.

- Tudo bem... - eu digo meio suspeita. Eu sigo os três para um dos sofás na sala comunal.

Quando estamos os quatro sentados, Rony é quem resolve falar.

- Você e Malfoy são herdeiros de Slytherin? - ele é bem direto.

- Rony! - Hermione o repreende. 

- O que? Era isso que queríamos saber de qualquer jeito.

Eu dou uma risada. Os três me olham esperando uma resposta.

- Bom, tenho quase certeza que não somos... - eu digo. - Certamente meu pai se gabaria bastante sobre isso se a nossa família fosse herdeira de Slytherin. E, honestamente, vocês conseguem ver meu irmão estando por trás disso tudo? 

Eles trocam olhares.

- Vocês superestimam meu irmão. - eu digo. - Ele pode ser um babaca de vez em quando, mas não a esse ponto.

- Mesmo se não for Malfoy... Será que seu irmão saberia quem pode estar por trás disso tudo? - Harry pergunta.

Eu suspiro antes de responder. - Talvez, não sei. Se ele anda trocando cartas com nosso pai é possível que sim. Mas ele não me contou nada, por mais que a gente tenha voltado a se falar somente alguns dias atrás... acho que seria algo que ele me contaria se soubesse algo.

Os três parecem pensar.

- Tudo bem. De qualquer forma, obrigado, Carina. - Harry diz, dando um sorriso.

Com isso eu me levanto e subo até meu dormitório. Pelo jeito esses três ainda vão aprontar alguma coisa.

A Malfoy da GrifinóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora