Capítulo 36

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Carina recebe uma carta de sua mãe. Chega o fim do ano letivo.

Automaticamente minhas mãos cobrem minha boca, e pelo que vejo em volta muitas pessoas têm a mesma reação. Sinto uma estranha mistura de sentimentos: choque, negação, raiva, tristeza, confusão... Como pôde um estudante morrer em um evento realizado pela escola, um torneio em que era para ser seguro, supervisionado por professores, funcionários, pelo próprio Ministério da Magia? O que aconteceu? Como aconteceu? E por que em nome de Merlim o diretor achou uma boa ideia realizar um torneio perigoso como esse, quando os anos anteriores tiveram sempre algum perigo iminente na escola?!

Eu estou aparentemente perdida nos meus pensamentos, porque é necessário Stella me segurar pelos ombros e me chacoalhar para eu voltar a prestar atenção em meu entorno. Quando meus olhos focam em seu rosto, vejo lágrimas em suas bochechas, seus olhos estão inchados e vermelhos.

- Aster - ela diz, quase engasgando no próprio choro. - Preciso encontrar Aster.

Eu assinto rapidamente a cabeça. Mas é claro... Como pude esquecer de Aster?! Estava com a mente tão focada no torneio em si e na morte de Cedrico que só agora lembro da minha amiga, irmã dele. Eu não consigo nem sequer imaginar como ela deve estar se sentindo agora, provavelmente - minimamente - sentindo tudo o que senti, mas umas mil vezes mais... Perder alguém tão próximo, tão jovem, tão repentinamente, sem sequer poder se despedir... É cruel demais.

Stella me puxa pelo pulso e praticamente me arrasta pelas arquibancadas, me fazendo ter dificuldade de acompanhar seu ritmo. Precisamos esbarrar em várias pessoas antes de chegarmos perto de onde Harry e Cedrico estão, no caminho eu vou me desculpando, enquanto Stella não parece nem ligar em colidir com os outros. Somente quando Stella larga eu braço, que acabo esfregando onde a mão dela me agarrava, que eu presto atenção na cena, ou cenas, a alguns metros de distância de mim. Os professores de Hogwarts e diretores das três escolas estão reunidos em um círculo. Os pais de Cedrico e Aster estão ajoelhados no chão, seus corpos cobrindo o do filho de olhares curiosos. Aster está abraçada em Stella, vejo seus ombros chacoalharem enquanto ela soluça no ombro dela.

Minha visão muda rapidamente de foco quando vejo um movimento repentino. O Prof. Snape passa rapidamente por Emma, que só vejo agora que está perto do círculo, agora quebrado, de professores, e é logo seguido por Dumbledore, e depois por McGonagall. Eu viro meu corpo para acompanhá-los com os olhos e então vejo Emma alcançando a Profa. McGonagall.

Todos são mandados de volta para suas respectivas salas comunais. Ao invés de celebrarmos a vitória de um campeão, não... dois, de Hogwarts, todos voltam para o castelo muito silenciosos. Gina e eu passamos o caminho todo abraçadas, utilizando do conforto e calor físico uma da outra para nos dar energia o suficiente para o caminho de volta. Ao chegar em nosso dormitório, a primeira coisa que percebo é uma coruja em cima da minha cama, e a reconheço na hora: é uma das corujas da minha família. Quando ela me vê, solta a carta que estava segurando com seu bico em cima da cama e começa a piar desesperadamente. Gina e eu trocamos olhares curiosos antes de eu me aproximar da cama e pegar a carta, só assim fazendo a coruja acalmar. 

𝑸𝒖𝒆𝒓𝒊𝒅𝒂 𝑪𝒂𝒓𝒊𝒏𝒂,

𝑵𝒂̃𝒐 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒊𝒈𝒐 𝒏𝒆𝒎 𝒑𝒆𝒏𝒔𝒂𝒓 𝒆𝒎 𝒄𝒐𝒎𝒐 𝒑𝒐𝒔𝒔𝒐 𝒄𝒐𝒎𝒆𝒄̧𝒂𝒓, 𝒑𝒐𝒓 𝒐𝒏𝒅𝒆 𝒑𝒐𝒔𝒔𝒐 𝒄𝒐𝒎𝒆𝒄̧𝒂𝒓, 𝒎𝒂𝒔 𝒔𝒆𝒊 𝒒𝒖𝒆 𝒑𝒓𝒆𝒄𝒊𝒔𝒐 𝒔𝒆𝒓 𝒃𝒓𝒆𝒗𝒆, 𝒗𝒊𝒔𝒕𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒕𝒆𝒏𝒉𝒐 𝒎𝒖𝒊𝒕𝒐 𝒕𝒆𝒎𝒑𝒐. 𝑹𝒆𝒄𝒆𝒊𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒔𝒆𝒋𝒂 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒔𝒆𝒈𝒖𝒓𝒐 𝑺𝒕𝒆𝒍𝒍𝒂 𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒗𝒐𝒍𝒕𝒂𝒓𝒆𝒎 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒂 𝑴𝒂𝒏𝒔𝒂̃𝒐 𝑴𝒂𝒍𝒇𝒐𝒚 𝒂𝒐 𝒕𝒆́𝒓𝒎𝒊𝒏𝒐 𝒅𝒐 𝒂𝒏𝒐 𝒍𝒆𝒕𝒊𝒗𝒐. 𝑺𝒆𝒖 𝒑𝒂𝒊, 𝒃𝒐𝒎... 𝑫𝒊𝒈𝒂𝒎𝒐𝒔 𝒒𝒖𝒆 𝒑𝒐𝒓 𝒄𝒐𝒏𝒕𝒂 𝒅𝒆 𝒂𝒍𝒈𝒖𝒏𝒔 𝒂𝒔𝒔𝒖𝒏𝒕𝒐𝒔 𝒆𝒏𝒗𝒐𝒍𝒗𝒆𝒏𝒅𝒐 𝒆𝒍𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂𝒔 𝒅𝒖𝒂𝒔 𝒏𝒂̃𝒐 𝒆𝒔𝒕𝒂̃𝒐 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒔𝒆𝒈𝒖𝒓𝒂𝒔 𝒑𝒐𝒓 𝒂𝒒𝒖𝒊. 𝑻𝒆𝒏𝒕𝒆𝒊 𝒄𝒐𝒏𝒗𝒆𝒏𝒄𝒆𝒓 𝒔𝒆𝒖 𝒑𝒂𝒊 𝒂 𝒂𝒇𝒂𝒔𝒕𝒂𝒓 𝑫𝒓𝒂𝒄𝒐 𝒅𝒆 𝒄𝒂𝒔𝒂 𝒄𝒐𝒎 𝒗𝒐𝒄𝒆̂𝒔, 𝒎𝒂𝒔 𝒏𝒂̃𝒐 𝒕𝒆𝒗𝒆 𝒋𝒆𝒊𝒕𝒐, 𝒊𝒏𝒇𝒆𝒍𝒊𝒛𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒆𝒍𝒆 𝒗𝒐𝒍𝒕𝒂𝒓𝒂́ 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒄𝒂𝒔𝒂.

A Malfoy da GrifinóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora