3. REJEIÇÃO

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Miaw...miaw...miaw...miaw...

A gatinha miava sem parar em meu colo enquanto caminhávamos atrás da mulher.

— Pode entrar.

Entro na mesma sala novamente. Dessa vez era outro homem, mais alto e mais sério.

— Prazer em conhecê-lo, Sr. Park. - Ele se levanta e aperta minha mão. — Soube do imprevisto que aconteceu com você....

— Sim... Vocês acham isso certo? Por que não me contaram que ela era uma híbrida? - Indago mal humorado.

— Bom Sr. Park, S/N é uma das híbridas que habitavam nosso canil. Não sabíamos que você iria escolher ela, mas parece que o gerente que lhe atendeu gostou muito de você e sentiu confiança de deixá-la em sua guarda. Nunca quiseram adotar ela pois é...como posso dizer...inocente demais, e tem pessoas que não tem paciência com isso. Híbridos precisam de donos pacientes para lhes ensinarem coisas do dia a dia, para quando estar em forma humana conseguir se misturar na sociedade, visto o que vem acontecendo nos últimos anos.- O homem suspira. — Ela é uma híbrida muito dependente dos humanos, entendo se você quiser devolvê-la... - Me encara sério, porém triste.

— Vocês não tem o direito de fazer isso comigo...eu gostei dela...mas se soubesse que era híbrida não teria a adotado...Aish... - Cuspo as palavras, quero apenas extravasar. Sou tão azarado, quando finalmente realizei meu sonho tinha que ser assim.

— Eu entendo...você pode procurar outro pet...temos gatos muito parecidos com a S/N para adoção.

— Ela tem quantos anos? - Me refiro a garota, ela é bem pequena quando está em forma humana, parece uma criança.

— Tem 20 anos...isso é mais um motivo que faz as pessoas rejeitá-la. Geralmente usam híbridos como escravos, ou como objeto sexuais, porém ela é muito inocente e pequena... - O homem carrega um semblante preocupado durante toda a conversa. — Rapaz, ela é uma das últimas híbridas que temos aqui, é a mais nova e muito especial para todos os funcionários. Confiamos ela a você, me sinto mal ao vê-la sendo rejeitada novamente...

— O que eu faço?... - Resmungo e encaro a peluda em meu colo. — Você quer ficar comigo, S/N?

— Ela é muito boazinha, não vai dar trabalho, eu garanto. Pode pedir a ela para ficar só na forma felina. - Afirma o mais velho à minha frente.

Nunca me imaginei em uma situação como essas. Eu amei a S/N enquanto era uma gata, eu realmente senti que ela seria minha por longos anos. Entretanto, não podia contar com seu segredo.

Me sinto extremamente mal com isso, meu primeiro pet teve que ser desse jeito, e agora estou em um complexo dilema, eu a quero, quero muito, nunca quis tanto algo assim! Mas não a quero humana, não quero uma pessoa e sim um animal.

Sou apenas um estudante desempregado e sustentado pelos pais, jamais poderia cuidar de outra pessoa nessa situação que me encontro, e talvez não queira cuidar!

— Sinto muito, não posso ficar com ela! - Me aproximei do homem lhe entregando a peluda, meu coração se parte em mil pedaços ao vê-la me encarar, percebo seus olhos perderem o grande brilho dos quais fez me apaixonar por ela e escolhê-la.

Uma tristeza descomunal invade minha alma, sinto um nó asfixiante se formar em minha garganta. Meus olhos ardem implorando por um lubrificante conhecido como lágrimas .

— Eu entendo...- Ele pega S/N nos braços de maneira carinhosa. Não posso acreditar que estou fazendo isso, mas ao mesmo tempo é o que eu mais desejo fazer. Me sinto tão confuso e em um confronto interno comigo mesmo. — Vamos, irei te levar para escolher outro animal.

PATINHAS FELIZES - Park SeonghwaOnde histórias criam vida. Descubra agora