— Cadê? Cadê a S/N? Quero adotá-la! Cadê? Traga ela pra mim - Chego eufórico e quase grito com uma funcionária aleatória, a primeira que encontrei.
— Ela-...
— Vai buscar ela! - A interrompo desesperado, olho de um lado para o outro procurando a tal Momo.
— Sr. ela-...
— Pode deixar, eu falo com ele. - O rapaz que havia me atendido quando decidi abandonar a S/N apareceu.
— Cadê ela? Eu decidi ficar com ela, traga ela, vou levar ela pra casa. - Falo sem pausas o que me deixa com ainda mais falta de ar.
— Pela sua euforia acho que já está sabendo...S/N teve que ir para a reserva de híbridos. - Não posso acreditar nisso, ele disse tudo que eu não queria ouvir, senti um choque em meu corpo me deixando fraco. — Você está bem? Vá buscar um copo de água para ele!
— Eu...eu a perdi...não pode ser...- Resmungo sozinho, mas qualquer um próximo consegue ouvir.
— Pois é rapaz...odeio dizer isso mas agora é tarde para se arrepender. - Ele diz friamente e com razão, eu mereço ouvir isso ou até pior.
— Como posso trazer ela de volta, se eu for na reserva eu posso pegar ela né? - Por um momento sinto uma ponta de esperança.
— Nenhum híbrido nunca conseguiu sair vivo da reserva depois de ter entrado, sinto muito, como eu disse agora é tarde. - Não aguento e desabo em lágrimas.
— O-obrigado. - Agradeço com dificuldades a funcionária que me entrega um copo de água, pego de suas mãos tremendo. — J-já vou indo...- Fungo pelo nariz, devolvo o copo quase vazio e me viro em direção a saída.
— Espera, você tem condições de ir nesse estado? - Pergunta o homem.
— Sim, não se preocupe comigo, eu não mereço. - Exclamo desanimado e saio do estabelecimento.
Não conheço uma reserva, nem sei o que se passa lá dentro, mas por que me sinto tão inquieto, sinto um aperto no peito ao pensar que ela está lá.
Eu tive a chance de ficar com ela e a joguei no lixo, eu a abandonei cruelmente mesmo sabendo que nunca a quiseram. Por que eu sou assim? Por que sou tão egoísta...
Percebo que estou no meio da rua, um carro buzina muito próximo de mim. Volto para a calçada notando que por questão de centímetros não fui atropelado. Talvez não fosse uma má ideia, morreria e acabaria com esse sofrimento e essa dor angustiante em meu peito.
Que ser humano obscuro eu me tornei. Cruel e desumano. Permiti que um ser indefeso fosse levado para um lugar ruim por puro preconceito, e daí que ela era metade gato e metade humano, isso não a fazia pior do que outros animais nem pessoas, ao contrário, ela parecia ser uma pessoa incrível, inocente e sem maldade em seu coração, diferente de mim e toda a população desse planta.
Nunca fui sociável, então nunca fui de ter muitos amigos, tive a chance de ganhar além de animalzinho uma amiga e rejeitei, ela só me traria benefícios a minha vida e mesmo assim eu...a abandonei.
Parei na calçada, perdido em meus pensamentos, olhei para o lado e havia uma loja de conveniência, entrei sem pensar e fui até a geladeira, peguei quantas garrafas de soju conseguia carregar e comprei todas.
Três sacolas foi o que eu carregava na rua, me sentei no chão de uma praça abandonada e abri uma por uma virando de uma vez em minha boca. Sentia minha garganta queimar e achei que merecia uma dor física bem pior que essa, pois a dor em minha alma está me matando.
Precisava ficar bêbado a todo custo, eu preciso perder a consciência e esquecer a S/N nem que seja por um segundo. Irei enlouquecer se continuar dessa maneira, se ela algum momento desejou se vingar de mim seu desejo foi atendido, pois nunca me senti tão mal quanto agora.
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PATINHAS FELIZES - Park Seonghwa
RomanceOs híbridos correm perigo de extinção, a sociedade decidiu se consumir pelo preconceito e se tornou intolerante, virou literalmente uma caça às bruxas contra a espécie. Um estudante de medicina veterinária tem o sonho de adotar um animal, quando se...