38. O HÍBRIDO PERFEITO

22 2 11
                                    

Jackson Wang P.O.V

Ser um médico para híbridos não é uma tarefa fácil, ter que fazer duas faculdades, medicina e medicina veterinária foi algo que demandou tempo e força de vontade, claro que muito amor também.

Desde que me formei no colégio eu era apenas um rapaz comum, com uma característica ou outro que me diferencia da massa, mas que não vem ao caso nos dias atuais.

Naquela época apenas queria ser aceito, não pensava no futuro ou em ter uma boa profissão. Foi depois que um híbrido filhote entrou no meu caminho que tudo começou a fazer sentido.

Eu o adotei, a princípio achei que era só um gatinho de rua que precisava de um lar. O levei para casa, notei que sua pata estava machucada e fui em busca de um veterinário.

Cuidei dele como se minha vida dependesse daquilo durante uma semana, afinal, eu não tinha nada melhor para fazer e estava com preguiça demais de arrumar um emprego.

Depois de exatamente cinco dias o felino decidiu mostrar quem realmente era, um garoto de quinze anos e um híbrido de gato.

Na época os híbridos estavam em alta, seja por tanto ódio, curiosidade ou amor, todos queriam entender um pouco, e por conta disso o choque de ver que havia trazido um garoto gato para casa não foi tão grande.

Eu vinha de uma família bem sucedida, estava com dificuldade para saber que rumo iria tomar na minha vida pois não havia pressa para tal, iria herdar as empresas da minha família de qualquer maneira e cuidar de um híbrido não seria o fim do mundo para nós, nada iria mudar certo?

Errado! Assim que passei a conviver com ele tudo mudou, sentia eu mesmo em uma mudança brusca e constante, nem me reconhecia, não poderia estar mais feliz e mais confuso.

Eu amava aquele garoto com todo meu coração e alma, ele havia se tornado minha vida e sua espécie minha paixão. Foi por ele que decidi ser médico, e foi por conta de sua doença felina que decidi ser veterinário.

Descobri depois de cinco anos que meu garoto havia contraído uma doença que afetava apenas felinos, ele não era vacinado e me culpo até hoje por sua morte, eu fui irresponsável, deveria ter lembrado que além de humano ele era um animal.

Naquele tempo não havia cura, nenhum veterinário tinha capacitação para lidar com híbridos e suas doenças, não era como se fosse apenas um gato, era bem mais complexo que isso.

A tecnologia era escassa e não valia a pena procurar por uma cura para salvar híbridos, sua existência não passava de algo comercial que atraia atenção dos curiosos e odiadores, e o pequeno grupo de humanos que simpatizava com eles era fraco demais para serem ouvidos.

Nos relacionamos mais intensamente depois da descoberta da doença, ele era inteligente, sabia o que estava acontecendo. O mesmo se declarou, disse me amar e pediu para sermos um só antes de sua partida, alegava que iria morrer feliz apenas por ter me conhecido e era grato por tudo que fiz.

Aceitei, eu obviamente o amava mais do que um mero dono, mas não me conformei como ele, não iria deixá-lo morrer e prometi isso.

Estudei durante um ano na melhor universidade de medicina veterinária, eu precisava achar a cura antes que fosse tarde. Mas meu garoto não conseguiu esperar, sua doença o corroeu até o último dia de vida.

Surtei, aquilo não poderia estar acontecendo com meu único motivo de estar vivo, por isso tentei de maneira egoísta acabar comigo várias vezes, mas algo parecia me proteger e sempre era salvo. Eu sabia que ele estava cuidando de mim, seja lá onde estivesse.

Continuei a estudar em busca da cura, e quando cheguei perto do resultado final conheci outro híbrido. Não queria outro, nenhum iria substituí-lo, mas eu estava cego e vazio, buscando desesperadamente algo para me preencher.

PATINHAS FELIZES - Park SeonghwaOnde histórias criam vida. Descubra agora