Inocência

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---CHAY---

Eu estava encostado em uma das paredes do campus da faculdade conversando com um grupo de amigos, aparentemente tinha rolado uma festa muito louca da qual eu tinha me recusado a participar. Bom, não me recusei por livre e espontânea vontade, tendo um irmão como chefe da segunda família, digamos que não me é permitido ir em qualquer lugar, isso ainda me deixa muito chateado. Não acredito que o Porsche se meteu nisso, que nossa mãe fazia parte disso, poxa.

Passo a mão na testa exasperado, tentando me livrar destes pensamentos e focar no agora, minha vida estava voltando pra normalidade, então tento dar risadas quando percebo que contaram algo sobre a noite engraçada. Continuamos conversando, e Mitt, um dos caras, chega cada vez mais perto, sorrio pra ele de canto, me fingindo de desentendido, a verdade é que ainda não consegue entender bem se quero ou não essas investidas.

- Chay – A voz atrás de mim é cortante, e eu a reconheço na hora, por um minuto quero ignorar, como venho fazendo, por mensagens e ligações. Me viro coçando a sobrancelha, respiro fundo. – Podemos conversar? – Ele está calmo, como se tivesse testando a situação.

- O que você está fazendo aqui? – Estalo de uma vez. Eu não queria se quer encontra-lo, que dirá ter que falar com ele, é um saco isso. 

- Precisava falar com você. – Ele encara meus amigos de um jeito duro, como se os impelindo a sair, e a maioria faz isso, o que me deixa ainda mais bravo.

- Você não pode chegar aqui assim... Eu pensei que já tinha deixado claro que não quero falar com você – Falo baixo, mas claramente, meu tom é cortante.

- Você precisa de alguma ajuda ai? – Mitt, o único que não tinha saído, passa o braço pelo meu pescoço, me fita rapidamente e depois encara Kim. Vejo as  veias do pescoço de Kim saltarem, e ele exala tentando ficar calmo.

- Ele pode se resolver sozinho, vim falar com ele sobre o irmão. – Kim da de ombros sem tirar os olhos do braço de Mitt em meu ombro.

- Porsche? Aconteceu algo com ele? – Me solto do Mitt e me aproximo de Kim preocupado, ele por sua vez arqueja a sobrancelha e encara Mitt, eu me viro pra ele. – Nós precisamos conversar, pode ir pra sala, eu vou logo em seguida... – Digo rapidamente para Mitt e ele me analisa um minuto.

- Tudo bem, te espero. – Ele pisca pra mim, o que faz Kim bufar em minhas costas. Então ele sai em direção a sala, Kim tem esse efeito nas pessoas, consegue convencer elas a agirem exatamente da maneira que espera. 

- Então, Porsche? – Pergunto quando me viro.

- Ele está ótimo, pediu para eu vir te buscar. – Disse agarrando meu braço e começou a me arrastar, me solto rapidamente. Como se eu fosse permitir que ele me levasse para qualquer lugar sem me explicar direitinho o que está acontecessendo, eu não sou mais tão idiota como era antes. 

- Eu não vou a lugar nenhum com você, nem sequer acredito em você, seu maldito mentiroso. – Tomo um passo de distância.

- Você está começando a me deixar irritado. – Ele lambe os lábios e passa a mão pelo cabelo. Ele está irritado? Eu nem quero olhar na cara dele, Kim me enganou, mentiu e depois simplesmente ignorou meus sentimentos e EU ESTOU DEIXANDO ELE IRRITADO? É muita cara de pau. 

- Você com esse maldito cabelo de Boyband acha que assusta alguém? EU NÃO TENHO MEDO DE VOCÊ! – Me aproximo do seu rosto pra dizer as palavras, meu coração saltando nos meus ouvidos sabendo que tudo é mentira, mas foda-se. – Eu não vou a lugar nenhum contigo, a menos que o Porsche me diga, porque não acredito em uma palavra que sai da sua boca.

Ele começa a se aproximar de mim e eu vou caminhando para trás, engulo em seco, e continuo até bater numa parede, fecho os olhos com força. – Eu sei que errei com você e, acredite, vamos ter muito tempo para conversar sobre isso. Ocorreram problemas para a família e eu me ofereci para cuidar de você...

- Você fez isso... – Ralhei encarando-o com os olhos arregalados.

- Exatamente. – Ele me corta. – De propósito, porque sabia que não tinha contado sobre a gente pro Porsche, então, agora, Baby, você está sob meus domínios. – Ele chega próximo ao meu ouvido e sinto sua respiração, meu coração batendo cada vez mais forte. – Você decide, ou é um bom menino, ou continua com essa birra e eu vou te levar pro carro a força.

- Eu não vou com você pra lugar nenhum. – Empurro com força pra longe, vejo seus olhos ficarem escuros de raiva, não dou tempo pra isso, me viro e sigo andando em passos largos.

Minha revolta não dura muito tempo, sinto o puxão no meu braço. – Por mal então. – Ele diz simplesmente e me joga em seus ombros, não importava o quanto eu o batesse, ou brigasse ou xingasse, ele continuava andando determinado, e simplesmente ninguém tem a coragem de me ajudar? Caramba em?

Até que me jogou dentro da porcaria do seu carro, eu olho com raiva. – Como foi que cheguei a gostar de você um dia? – Cuspo as palavras com desprezo enquanto ele passa o cinto.

- Ah Baby – Ele sorri debochado – Tenho certeza de que ainda gosta muito de mim. – Consigo sentir o cheiro do seu hálito, e o empurro pra longe novamente virando os olhos, sentindo o quanto sua proxidade ainda mexe comigo, quero o mais longe possível, mas acho que não terei como conseguir isso. 

Ele bate a porta com força e da a volta no carro, entra, me fita por um minuto, mas meus olhos estão na janela, não vou olhar pra ele. Respiro fundo balançando a perna, pensando se há uma maneira de sair daqui.

- A porta está travada, nem pensa nisso. – Ele diz simplesmente, já focado na estrada, e eu bufo. Como que ele sabe exatamente o que eu penso sempre? Parece a porcaria de um fantasma que lê pensamentos, muleque maluco do caramba. 

- Além de tudo ainda é um sequestrador profissional? – Pergunto me virando pra ele, Kim me olha estranho, seus olhos, consigo identificar, ficam estranhos por um segundo.

- Bom, mesmo que fosse, não há outra pessoa que eu queira como refém. – Ele lambe os lábios e sorri. Eu reviro os olhos novamente e aperto os lábios, me viro para a janela novamente. – Se é assim que quer, pode se acomodar, o caminho é longo.

Não vou perguntar para onde vamos, não vou dar esse gostinho para ele, droga. Me recosto no banco e tento relaxar, cruzo os braços no peito, e sinto seus olhos em mim volta e meia, mas me recuso a falar com ele. O balanço do carro vai me deixando sonolento e de repente acordo com Kim em cima de mim.

- Chegamos Baby. – Sua voz é carinhosa, mas ainda estou muito sonolenta. – Se quiser eu posso te carregar. – Ele sorri, mas não é aquele típico sorriso debochado, ainda é carinhoso, me forço a levantar depois disso, porque eu não vou me deixar levar novamente por seu tom de voz fofo, e pelas suas palavras doces, ele sabe muito bem como fazer esse tipo de joguinho. 

- Eu posso caminhar sozinho. – O tiro da frente e saio do carro, notando que ele já havia tirado meu cinto, e me sentindo estranho pensando o quanto tempo ele poderia ter ficado ali me olhando. STALKER. 

Quando saio do carro noto uma casa relativamente imponente, uma mata, e... mais nada, nós estamos no meio do nada. Giro ao redor e só há mato.

- Só pode ser brincadeira. – Falo entredentes. Como eu vou sair daqui? Pego meu celular no bolso e a primeira coisa que constato é que está sem sinal. 

- Eu falei que poderia te manter seguro para Porsche, vou fazer isso. – Semicerro os olhos para ele, para Porsche, sei. 

- Seguro ou prisioneiro? – Aperto os punhos, devolvendo meu celular para o bolso e respiro fundo, o que ele me responde com um sorriso.

- Vamos entrar, vou mostrar seu quarto, o único modo de sair daqui é o carro, e a chave vai ficar guardada, então você não tem muita escolha... – Ele passa o braço por meus ombros e eu o empurro. – Não seja assim Baby.

Me viro para ele – Por que você me chama assim? – Ele não falava assim quando ficamos antes, viro a cabeça de lado tentando compreender sua expressão.

- Ah se você soubesse. – Ele solta um sorriso misterioso. – É por causa da sua inocência... – Ele diz finalmente arquejando a sobrancelha, mas há algo mais, algo no seu olhar, ele me olha de um jeito diferente. – Vem, vou mostrar seu quarto.

Sob Meu Domínio (KimChay) 2º TEMP.Onde histórias criam vida. Descubra agora