Quinta da Juventude

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No dia da partida, sexta-feira, acordaram bem cedo. A Ana não continha a excitação pelo regresso à quinta dos avós. A viagem foi rápida. O sol estava abrasador e quente. Estava um magnífico dia de verão. Durante a viagem ouviram música, conversaram, partilharam peripécias das últimas férias e algumas histórias. A Ana aproveitou e questionou a mãe sobre uma coisa que andava a absorver o seu pensamento:

— Mãe?

— Sim, filha.

— O tio Henrique e a tia Carlota, e o tio Diogo e a tia Bárbara e os primos Sofia e Gaspar também vão passar férias à quinta? — perguntou-lhe ela, entusiasmada.

— Não, querida. Este ano decidiram ir passar férias todos juntos para Espanha.

Ela ficou bastante desiludida.

— Oh! Eu queria tanto ter os primos para brincar...

— Eu sei. Mas este ano não vai poder ser.

Ela ficou triste e até um pouco amuada, ficando em silêncio a brincar com as bonecas.

Era na Quinta da Juventude que a família Salgado se juntava nas principais quadras festivas e no verão. A casa de António e de Conceição ganhava uma nova vida nessas alturas. Todavia, os avós não se importavam nada com a azáfama que os rodeava nesses dias, porque adoravam ter a família reunida. E fazia-lhes muito bem quebrar a rotina habitual, pois viviam sozinhos grande parte do ano, apesar da quinta receber imensas visitas.

Vinha o tio Henrique, irmão mais velho da Joana, e a tia Carlota, que viviam em Coimbra. E o tio Diogo e a tia Bárbara, irmã mais nova da Joana e os gémeos Sofia e Gaspar, que viviam em Braga.

Quando a família Salgado se reunia, nunca mais havia sossego. A Ana, a Sofia e o Gaspar não paravam um minuto entre brincadeiras e correrias.

E a Ana e os pais chegaram ao Alentejo na hora de almoço. Os avós já os esperavam cheios de ansiedade, com uma mesa cheia de diversas iguarias preparadas sempre com tudo aquilo que era produzido na quinta. Quando passavam as férias na Quinta, eles gostavam de usufruir de todos os produtos. As frutas e os legumes cultivados pelos avós. O queijo que era produzido a partir do leite das vacas, cabras e ovelhas da quinta. O pão, que era feito a partir da moagem de vários cereais. O folar doce ou salgado, feito com os ovos das galinhas poedeiras que eram criadas na quinta. O fumeiro, feito a partir da carne de porco originada do abate dos animais que eram criados na quinta, apenas com rações que António comprava na vila e sem substâncias para os fazer engordar. Ele dizia imensas vezes que essas substâncias nocivas faziam com que a carne perdesse o sabor e faziam mal à saúde dos animais e também das pessoas. O vinho, feito a partir das uvas das videiras, tratadas com bastante cuidado pelo avô. E o azeite, feito com as azeitonas colhidas das oliveiras da quinta, tratadas com todo o cuidado para que a azeitona fosse sempre de qualidade. Depois era vendida a empresas que as transformavam em azeite. O azeite de Rosas já era dos melhores da Europa por causa da sua qualidade, da sua textura e do seu sabor, que eram leves como as pétalas de uma rosa.

Tudo aquilo que era produzido na quinta era oferecido aos vizinhos e vendido aos turistas e a outras pessoas que visitavam a quinta, pela qualidade dos produtos, e claro pelas opiniões positivas que iam tendo. O avô António também costumava abastecer alguns hipermercados e mercearias que compravam os produtos da quinta para revender. E eram muito apreciados. 

O Pedro estacionou o carro junto à entrada da quinta. E já os avós surgiam entusiasmados, de braços bem abertos e muito sorridentes, prontos para os receberem para mais umas férias. 

— Avô! — exclamou a Ana correndo ao seu encontro.

— Olá, minha querida! Que bom ver-vos. Fizeram boa viagem? — perguntou António.

Ao Teu Lado - Quando o que nos une é maior que aquilo que nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora