Da infância à maturidade

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E os anos passaram...

A Ana e o Miguel cresceram tendo sempre por base o pacto que tinham feito na infância, fazendo de tudo para o cumprirem. Continuam a ser muito cúmplices e os melhores amigos apesar da sua personalidade vincada. E são agora dois jovens mais maduros. Estão a terminar o secundário e em breve irão para a faculdade para entrarem nos respetivos cursos de sonho. Eles não sabem o que esta nova etapa lhes reserva. Se a amizade que os une é tão forte, capaz de superar todas as dificuldades e todos os obstáculos que se lhes apresentem pelo caminho. No entanto, têm a certeza de uma coisa: querem continuar a fazer parte da vida um do outro. Querem desbravar caminhos juntos e viver e partilhar momentos inesquecíveis.

A vida do Miguel mudou por completo desde que foi viver para Lisboa, para casa da Ana. Foi todo o recomeçar de uma vida nova que ele nunca tinha conhecido. Passou a viver numa casa muito mais espaçosa e que tinha melhores condições de habitabilidade e conforto. A casa da Ana era muito diferente da casa dos seus pais. E a cidade podia-lhe oferecer várias oportunidades no presente e no futuro. Voltou à escola onde mostrou ser um excelente aluno e um miúdo com vontade de aprender rápido. Era muito dedicado, aplicado, estudioso, tirava sempre boas notas e nunca reprovou.

Aprendeu novos conceitos e novas regras e aprendeu principalmente a lutar pelos seus sonhos e objetivos e a nunca desistir à primeira dificuldade. Esta foi a sua maior descoberta, pois todos os sonhos são concretizáveis, assim se esteja disposto a lutar por eles com afinco. E essa foi uma das premissas mais fortes que o acompanharam ao longo dos anos.

É fim de semana e passam poucos minutos das dez da manhã de um sábado bem cinzento e frio. O ruído do vento parece um longo assobio, fazendo murmulhar as árvores com fervor lá fora. A chuva cai com intensidade e de forma apressada, dando a sensação que é libertado fumo por entre as gotas de água. Humedecendo o asfalto junto à entrada de casa e formando várias poças.

O Miguel está junto à bancada da cozinha, de máquina fotográfica pendurada ao pescoço, a observar desde a janela a chuva e os fortes relâmpagos que pontualmente iluminam o céu. O ambiente lá fora é um pouco assustador, porém ele não tem medo nenhum. Pelo contrário, a tempestade até lhe traz inspiração e excitação, já que é sempre um ótimo motivo para tirar umas excelentes fotografias.

A fotografia acompanhou o crescimento do Miguel e continuava a ser uma grande paixão. Ele desejava fazer dessa mesma paixão a sua futura profissão. Gostava de fotografar um pouco de tudo: pessoas, animais, a natureza, paisagens e claro, corridas de motas. A que assistia por vezes com o grupo de amigos. Tudo tinha começado na infância. Como não tinha ninguém para brincar, passava o seu tempo no meio da natureza. Sentado debaixo da oliveira a observar a paisagem, os animais e as pessoas. E desenhava tudo naquele caderno de folhas amarelecidas pelo tempo que o pai tinha encontrado lá por casa e lhe tinha dado.

Estimava imenso aquele caderno, pelo significado e pelo valor que tinha para ele. No qual já tinha feito diversos desenhos. Este caderno tão especial acompanhou-o durante a infância. E a adolescência. Ainda o tinha e era capaz de arranjar sempre espaço para mais um desenho, mesmo tendo cadernos por estrear.

Naquela altura ele não podia fotografar, já que as máquinas fotográficas tinham aparecido há muito pouco tempo e eram caras e os pais não tinham possibilidade de lhe comprar uma. Por isso ele ia desenhando tudo o que observava com o pedaço de grafite que o pai lhe tinha dado. À medida que foi crescendo e apesar de já ter adquirido uma máquina fotográfica, não quis deixar de desenhar com o pedaço de grafite oferecido pelo pai. Aprimorando assim o desenho a carvão. Ele rendia-se facilmente à beleza dos seus desenhos, muitos deles feitos a preto e branco. Ele sabia que tinha revelado desde cedo uma aptidão e um talento especial para o desenho e o registo de detalhes. Enquadrava bem no papel tudo aquilo que observava. Várias pessoas já lhe tinham dito isso, principalmente a mãe e a Ana, que gostavam bastante dos desenhos que ele fazia, nomeadamente dos a carvão.

Ao Teu Lado - Quando o que nos une é maior que aquilo que nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora