O regresso de Isabel

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Depois da viagem de finalistas da Ana. Que fora recheada de momentos inesquecíveis e aventuras e de acabadas as férias da Páscoa. Repletas de passeios a dois, memórias de infância e convívio familiar. As aulas começaram em força e a um ritmo quase alucinante, com matéria nova, trabalhos de grupo e diversos testes. As semanas seguintes foram bastante preenchidas para Ana e para Miguel, que deixaram de ter tempo para passeios de mota, idas à praia e ao cinema e saídas ao fim de semana com os amigos. 

O mês de maio chegou num instante. E depois dos primeiros testes, Ana e Miguel sentiam que estavam a precisar de descontrair um pouco, dado que nas últimas semanas praticamente não tinham tido espaço para respirar. Já que tinham tido muito que estudar e não tinham tido tempo livre. O tempo parecia que estava todo contado, dividindo-se entre as aulas e o estudo. Havia dias em que só se viam ao final do dia, depois das aulas ou na hora do jantar.

Quando chegou o fim de semana, eles estavam bastante exaustos. Miguel combinou logo com os amigos uma grande noite de farra: jantar nas Docas de Alcântara, seguido de algumas partidas de bowling e acabavam a noite na discoteca. Gui lembrou-se que podiam aproveitar a oportunidade para fazer uma mariscada e de imediato todos concordaram com entusiasmo com a ideia. O Miguel decidiu arriscar e convidou a Ana a acompanhá-lo:

— Não queres virconnosco, princesa? — perguntou-lhe de sorriso rebelde no rosto.

— Acho que é melhor não... — disse-lhe pensativa, mas de ar brincalhão.

— Porquê? Faz-me lá companhia.

— Acho que vocês vão fazer asneira da grossa esta noite.

Ele coçou a cabeça, muito corado e comprometido, e disse:

— Não vamos nada. Vamos apenas divertir-nos um pouco: vamos jantar às Docas, depois vamos jogar umas partidas de bowling. E por fim vamos até uma discoteca. Vai ser porreiro! Vem lá connosco. Fazia-te bem divertir.

— Um grupo de rapazes rebeldes e atrevidos sozinhos na noite lisboeta? Acho que é para ter medo. Nem quero pensar no que vão fazer, por isso prefiro não ir para não ver — afirmou dando uma suave gargalhada.

— Estás a julgar mal a tua cara-metade.

— Será? — questionou, piscando-lhe o olho.

— És mesmo tolinha — disse beijando-a na testa. — Não imaginas o que vais perder.

— Não irei perder grande coisa. Divirtam-se e tenham juízo. Vejam lá o que fazem.

— Pareces a minha mãe a falar.

Miguel vestiu o casaco de cabedal, pegou nas chaves e saiu de casa. Ele teve de atravessar toda a cidade de Lisboa. O trânsito estava caótico por ser sexta-feira. Alguns minutos depois chegou às Docas. Os restaurantes começavam a encher, apesar de ainda ser bem cedo. Tinha combinado encontrar-se com o Luís e com o Gui junto a um bar. Faltava apenas o Tomé que chegou pouco depois. Como ainda era cedo, eles aproveitaram e deram um passeio junto ao rio, enquanto davam uma espreitadela aos restaurantes. 

Miguel aproveitou para tirar algumas fotografias noturnas à Ponte 25 Abril e a todo aquele ambiente frenético das Docas. Entretanto, o Luís sugeriu um dos seus restaurantes favoritos, cujo ambiente era bastante simpático, descontraído e acolhedor. Todos seguiram a sugestão. Entraram no restaurante que estava cheio e escolheram uma mesa num canto mais recatado. Sentaram-se. E aproveitaram para conversar enquanto o empregado não recolhia os pedidos.

— Então, Miguel, a princesa não te quis fazer companhia? — gozou o Tomé.

— Enquanto não me gozasses, não descansavas, pois não? — replicou Miguel com o seu ar brincalhão. — Cheirou-lhe a noite de farra, ficou com medo e não quis vir.

Ao Teu Lado - Quando o que nos une é maior que aquilo que nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora