Ao Teu Lado - Quando o que nos une é maior que aquilo que nos separa

Em família

E a viagem de regresso acasa retomou. Eles chegaram a Lisboa na hora do jantar, com bastantes históriase aventuras para contar. Os autocarros estacionaram junto à escola. Onde asfamílias os esperavam. Cheias de ansiedade e de saudades. A Ana e o Miguelforam recebidos por Joana, Pedro e João com muita euforia e entusiasmo, entreabraços e beijinhos. Depois regressaram todos a casa. Mal entraram em casa, Anae Miguel subiram aos quartos, pousaram as malas e as mochilas. E, entretanto,Miguel lembrou-se de uma coisa:

— Acho que temos um pequeno problema — disse-lhe de ar pensativo.

— Que problema? — quis saber a Ana visivelmente preocupada.

— Temos de contar já o nosso segredo aos teus pais e ao teu irmão. Eu tinha pensado que seria mais giro contarmos-lhes tudo no domingo. Durante o almoço de Páscoa com a família toda reunida, mas não vai dar.

— Porquê? — inquiriu estupefacta.

— Porque vai ser embaraçoso para nós. Se eles quiserem ver fotografias da viagem. E de repente serem apanhados de surpresa com as fotografias em que nos estamos a beijar. Vamos ser bombardeados com perguntas desnecessárias.

Ana mostrou-se introspetiva.

— Pensando bem, acho que tens razão.

— Assim, se lhes contarmos tudo agora, ficamos mais à vontade e podemos mostrar-lhes algumas fotografias sem problemas.

Ana sorriu para ele, beijou-o nos lábios, desceram e de seguida reuniram-se todos na sala a conversar sobre a viagem. Que era tema central de todas as conversas. Joana, Pedro e João queriam saber tudo sobre aquela semana tão especial, repleta de aventuras. Entretanto, como já se fazia um pouco tarde, prepararam juntos o jantar — lasanha vegetariana. Algum tempo depois sentaram-se descontraidamente à mesa, começaram a jantar. O Miguel trocou olhares com a Ana e decidiram finalmente ganhar coragem para contar a grande novidade. 

Miguel foi o primeiro a falar:

— Bem... eu e a Ana temos uma notícia muito especial para partilhar convosco.

— Ai, sim? E de que se trata? — questionou logo a Joana, curiosa.

— A verdade é que... — disse Miguel reticente. — Há algum tempo que me tenho vindo a aperceber que aquilo que sinto pela Ana sofreu uma grande mudança. Eu continuo a gostar muito dela, porém é um sentimento mais forte e um pouco diferente, que vai um pouco além da amizade. Aos poucos a amizade que nos une começou a transformar-se em algo mais.

— Não acredito! — exclamou logo o João. — Vocês vão ser namorados?

— É mais ou menos isso — disse Miguel comprometido. — A noite do baile de finalistas na semana passada mudou muitas coisas. Quando vi a Ana tão deslumbrante, o meu coração acelerou de forma automática. Eu senti arrepios no corpo e borboletas a esvoaçar na barriga. Percebi que a amava. E quando dançamos juntos, não resisti e beijei-a apaixonadamente nos lábios. Não consegui aguentar mais.

Ana ruboresceu perante as confissões de Miguel.

— Ao início foi um bocado estranho para mim. Ver o Miguel como meu futuro namorado, quando sempre olhei para ele como irmão mais velho. Que sempre foi o meu melhor amigo, o meu cúmplice e o companheiro de todas as horas. Eu tinha medo de perder a amizade dele ou que algo corresse mal se decidíssemos avançar com o namoro. Todavia, durante a viagem acabei por descobrir que afinal também o amo há algum tempo. Por isso decidimos dar uma oportunidade ao amor que sentimos um pelo outro. E estamos bastante felizes com esta nova etapa das nossas vidas.

— Gostaríamos de saber o que vocês pensam de tudo isto — disse o Miguel.

A Joana ficou um pouco pensativa, mas depois disse: