Vamos ser amigos para sempre?

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Apesar do cansaço que eles sentiam, não foram capazes de adormecer sem fazer um pacto muito especial.

— Miguel, queres ser o meu melhor amigo para sempre? — questionou-o ela já deitada na cama.

— Gostava muito. Achas que posso?

— Acho que sim — disse ela feliz.

— Os teus pais e os teus avós deixam?

— Deixam, sim.

— Fixe. Então a partir de hoje vamos ser melhores amigos para sempre — disse ele com um enorme sorriso.

— Combinado — retorquiu ela sorrindo para ele.

Entretanto, apesar de já estar com sono, o Miguel levantou-se da cama, sentou-se na cama da Ana e disse-lhe:

— Quando era pequeno, o meu pai deu-me dois corações que fez à mão. Ando sempre com eles no bolso. Acho que me dão sorte na vida, vês? — replicou ele retirando os corações do bolso dos calções do pijama.

— Que lindos! — constatou ela, maravilhada.

— Toma, fica com um! — disse ele passando-lhe um coração para a mão. — Quero que fiques com ele como prova da nossa amizade e para te dar sorte. Tu mereces.

— Posso mesmo ficar com ele?

— Podes.

— Não te importas?

— Não. Esse é o meu coração e andará sempre contigo para te proteger.

— Nunca mais o vou deixar — disse ela, fechando a mão direita e encostando-a ao peito.

— E este é o teu coração. Que vai andar sempre comigo para me proteger. Vamos dormir?

— Estou cansado — replicou ele bocejando.

— Também estou cansada. Posso pedir-te uma coisa?

— Sim.

— Dás-me a mão para eu poder adormecer?

— Dou, sim! — disse ele, ajoelhando-se junto à cama dela e dando-lhe a mão.

Mas a Ana não conseguia mesmo dormir.

— Miguel? Nunca mais nos vamos separar, pois não?

— Porque perguntas isso? — questionou ele surpreendido.

— Por nada. Só para saber...

— Ana, connosco isso nunca vai acontecer. Prometo-te!

— Fixe. Boa noite. Gosto muito de ti.

— Eu também.

A Ana não demorou a adormecer e o Miguel voltou para a cama. Acabando também por ceder ao cansaço.

Na sala das atividades da Pediatria, onde a doutora Ana e o Miguel estavam reunidos com os meninos a contar-lhes a sua história. O ambiente era de grande concentração, não se ouvia qualquer ruído. Os meninos não desviavam os olhos deles. Estavam bastante entusiasmados com a história da qual aqueles dois adultos especiais eram os protagonistas. Naquele preciso momento da história, a Ana e o Miguel tinham a idade deles, por isso estava a ser uma aventura. Era como se fizessem parte da história. A euforia dentro da sala fazia-se sentir com a máxima intensidade.

— E depois Mikas? Tu e a doutora Ana foram amigos para sempre? — perguntaram-lhe os meninos, cheios de curiosidade.

O Miguel mostrou-se pensativo e perguntou-lhes:

— O que acham?

— Acham que sim ou que não? — questionou-os a doutora Ana, piscando-lhes o olho.

Ao Teu Lado - Quando o que nos une é maior que aquilo que nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora